segunda-feira, 22 de novembro de 2010

SEGURANÇA OU INVASÃO DE PRIVACIDADE

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ANTÓNIO TOZZI - DIRETO DA REDAÇÃO

Às vésperas do feriado do Thanksgiving, no qual a população americana lota aviões e estradas para se reunir com familiares ou velhos amigos, está criando-se um impasse nos aeroportos de todo o país: ou os passageiros se submetem a uma máquina de raio x que os deixa nus para os funcionários da TSA (a agência que cuida da segurança aeroportuária nos Estados Unidos) ou passam por uma revista minuciosa que significa toques ostensivos nas genitálias masculina e feminina.

Recentemente, um engenheiro de informática aprontou um salseiro no aeroporto de San Diego, por se recusar a passar pela máquina e por não permitir ser tocado. Segundo ele, aquilo era "um abuso sexual". Logicamente, o funcionário da TSA negou que tivesse tendo algum tipo de prazer com aquela rotina. Para dizer a verddade, é bastante constrangedor. Pelo menos, as mulheres são examinadas por funcionárias enquanto os homens são revistados por funcionários. Em tempo, o engenheiro foi impedido de embarcar.

Muita gente, inconformada com a determinação do governo, está até tentando consolidar um movimento para combater esta decisão e poder embarcar nas aeronaves comerciais sem passar por estes dois tipos de revista, consideradas vexaminosas. Até mesmo tripulantes das companhias aéreas estão protestando por ter de rotineiramente submeter às revistas. O sindicato dos aeronautas argumenta que a emissão frequente de raios x pode causar algum tipo de problema à saúde e pede que eles estejam isentos de serem examinados pela máquina.

Do lado do governo, Janet Napolitano, a secretária de Segurança Doméstica dos EUA, defende as revistas minuciosas para impedir a entrada de terroristas portando dispositivos ou elementos químicos que possam provocar explosões quando algum avião estiver em pleno voo. Os responsáveis pela segurança alertam ser possível a um terrorista esconder algum tipo de líquido no ânus ou na vagina e, com isto, confeccionar artefatos perigosos para os passageiros e os tripulantes quando estiverem a milhares de metros de altitude.

Evidentemente, os dois lados tém suas razões. É mesmo constrangedor ser apalpado ostensivamente ou ter seus corpos desnudos simplesmente quando se pretende viajar de um lugar para outro. E com a agravante de que muitos especialistas dizem ser a tal máquina ineficiente para detectar algumas coisas escondidas.

No entanto, neste caso, o governo parece estar certo. Mesmo com todas as inconveniências às quais os passageiros estão sendo submetidos – e isto inclui os atrasos no embarque -, "better safe than sorry", como costumam dizer os americanos. Ou seja, melhor prevenir do que lamentar. Porque, convenhamos, dá para imaginar o medo dos passageiros e tripulantes quando algum terrorista ameçar explodir o avião, seja lá qual for o motivo. Afinal, as imagens do September/11 ainda estão vivas nas mentes e nas retinas das pessoas de todo o mundo.

Aliás, é bom que se diga, que esta preocupação não se restringe aos EUA e estende-se por todo o mundo. É um assunto que, por sinal, o Brasil deverá estar bem preparado, uma vez que o país sediará a Copa do Mundo de 2014 e a cidade do Rio de Janeiro sediará os Jogos Olímpicos de 2016. Terrível, não?

**Foi repórter do Jornal da Tarde e do Estado de São Paulo. Vive nos Estados Unidos desde 1996, onde foi editor da CBS Telenotícias Brasil, do canal de esportes PSN, da revista Latin Trade e do jornal AcheiUSA.
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