ORLANDO CASTRO – NOTÍCIAS LUSÓFONAS
Os sipaios que José Eduardo dos Santos, presidente não eleito de Angola, comprou em Cabinda não cumpriram convenientemente as ordens do regime colonial e estão a ser mandados dar uma volta ao bilhar grande. Macário Romão Lembe, um dos braços direitos de António Bento Bembe, foi oficialmente exonerado do seu cargo como vice-governador da colónia para o sector empresarial privado.
Juntamente com Macário Romão Lembe, foram demitidos das diferentes variantes enquadráveis nos cargos de vice-governadores, Feliciano Lopes Toco, António Manuel Gime, Aldina Matilde de Barros da Lomba, e Vicente Télica.
Bento Bembe, tal como uma parte do MPLA, ainda não compreendeu que há gente em Cabinda que prefere morrer à fome do que ser escrava, que prefere levar um tiro a vender a alma aos que lá vão e estão apenas para sacar as riquezas.
«Quando um político entra em conflito com o seu próprio povo, perde a sua credibilidade no seu agir, torna-se um eterno ditador», afirmou em tempos o bispo emérito de Cabinda, Paulino Madeca, falecido em 2008, numa carta dirigida a António Bento Bembe e intitulada «A crise actual no enclave de Cabinda».
Quando em 3 de Outubro de 2008 o presidente da República de Angola pediu aos seus ministros mais trabalho e menos conversa, o então ministro (hoje é secretário de Estado e amanhã irá para a rua) António Bento Bembe começou logo a mostrar que nada tinha para fazer. Vai daí, falou, falou, falou... e só disse asneiras.
E falou para, mais uma vez, dizer uns tantos disparates. Começou por negar a existência de um conflito armado em Cabinda, considerando as mortes recentes "actos de banditismo" protagonizados por pessoas que pretendem "resolver questões pessoais".
Ao que parece, Bembe acabara de reler o manual do MPLA sobre esta questão para, bem a propósito, responder ao deputado da UNITA e activista cívico de Cabinda, Raul Danda, que afirmava haver uma guerrilha activa na colónia e que "há gente que mata e que morre de ambos os lados".
Todo o mundo sabe, por isso, que as FAA estão em Cabinda de armas e bagagens para evitar que, segundo Bembe, as pessoas resolvam as questões pessoais aos tiros.
"Morre-se em todo o mundo. Morre gente no Huambo, morre gente no Cunene e em todas as províncias de Angola. Pelo contrário se formos ver a estatística desta mortandade podemos ver que em várias províncias morre mais gente do que em Cabinda", salientou Bento Bembe.
Digam lá que não é brilhante o raciocínio de Bento Bembe? No entanto, bem vistas as coisas, "se formos ver a estatística desta mortandade", morre mais gente em Cabinda do que no Palácio Presidencial.
"Eu, nascido em Cabinda e alguém que já fez guerra em Cabinda, tenho uma experiência da guerra que data de 30 anos. Aqueles que ainda falam da existência de guerra de guerrilha em Cabinda, muitos deles não fizeram a guerra e não a entendem e nem podem definir a própria palavra guerra em si", acrescentou Bembe num rasgo histórico digno de ser emoldurado e colocado na sua lápide.
"Todos nós lutamos para a independência de Cabinda, mas é preciso compreender que as coisas mudam e os contextos também", disse Bembe. Mas seria isso que ele queria dizer? Afinal o que mudou?
Mudaram as coisas e os contextos? É claro que sim. A força ocupante, o MPLA, não desiste de combater os defensores da independência. A uns mata-os. A outros prende-os. A outros, como Bento Bembe e companhia, compra-os, usa-os e depois deita fora.
03.12.2010 - orlando.s.castro@gmail.com
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