segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

WIKILEAKS E O COITO INTERRUPTUS

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RUI MARTINS*, Berna – DIRETO DA REDAÇÃO

Já lhes aconteceu de arrebentar a camisinha em plena função sexual ? Quando o embate mais se parece com uma briga, o mais comum é o preservativo escorregar do ponto de foxação, auxiliado por uma secreção masculina conhecida como preparatória da penetração. E, de repente, escapa, desliza e desaparece. Uma boa parte dos seres humanos vivendo sobre a Terra teve sua chance de existir graças a essa inesperada situação, provocada pelo ímpeto do homem ou da mulher ou dos dois.

Se ambos tinham perdido a cabeça, não haverá provavelmente reclamação pos coitus e , no caso, de fecundação heverá sempre a possiblidade de se recorrer à pílula do dia seguinte ou aborto, desde que não sejam religiosos. Em sendo, não haverá outra saída senão a de assumir a conceptio in pecatus e de se procurar, para o esperto espermatozóide aproveitador da situação inusitada, um nome que lembre qualquer coisa como "aquele que escapuliu ou escorregou". Em todo o caso, se o casal for estável chega a ser uma inesperada agradável surpresa, bem diversa da dos afoitos adolescentes supreendidos com uma gravidez depois de um incompleto coitus inter femora.

Conta a Bíblia, que Onan, ainda nos primórdios do criacionismo do Gênesis, foi punido (Deus naquela época estava empenhado em povoar rapidamente nosso planeta) por driblar o risco de ter filhos com sua parceira e ficar só no mútuo orgasmo provocado pela masturbação, embora numa exegese se perceba se trata muito mais de felatio e provavelmente do primeiro casal a experimentar com prazer a técnica do que, muitos séculos depois, passou a ser chamar em numerologia, na debochada França, de sessenta e nove.

Mas durante séculos milhões de casais se frustraram (antes e depois da bexiga de porco egípcia, precursora da camisinha) praticando o coitus interruptus que, como o método Ogino Knausou roleta russa do Vaticano tem, se não me engano, o nihil obstat da Igreja. Ao contrário da felatio (prazer sem risco de fecundação e por isso punido) o coitus interruptus exige muito sangue frio do homem, apenas algumas frações de segundo antes da explosão final, razão pela qual muitos homens sem grande domínio da vontade falham e geram outros tantos com os mesmos genes sem self control.

Por que esta despudorada conversa sobre aquilo que geralmente não se deve falar ? Porque descobrimos surpresos que as mais complicadas questões políticas, como a da revelação de segredos de Estado, do comprometimento de políticos ou de assassinatos no Iraque por americanos pelos chamados subversivos da Internet, também qualificados como terroristas da net, de repente se confundem com aquela coisa mais simples da história do homem, o sexo, ou no caso, a maneira de se fazer sexo. Mesmo porque vale tudo para se calar quem revela os segredos dos donos do mundo.

Ora, o criador de Wikileaks, o jovem australiano Julien Assange, não é de ferro e tem também tesão como qualquer mortal e, mesmo nos momentos mais cruciais de sua batalha de desmistificação dos donos do mundo, não perde a chance de dar uma, ou melhor de dar duas, e em mulheres diferentes mas amigas, o que acaba sendo extremamente perigoso, principalmente se uma delas ou as duas têm ligações com a CIA. Desde Ester, Dalila, Matahari, isso funciona.

Porém, há neste caso uma novidade pouco comum : o de uma trepada consentida se transformar, em pleno meio do embalo, quando a camisinha escapa ou arrebenta, numa violação, punida por prisão no país dos antigos vikings, que assim hoje são obrigados a se penitenciarem pelas tantas violações cometidas no tempo de suas aventuras marítimas. Trata_se do delito de modus operandi em questão de penetratio _ quem entra com camisinha não pode terminar sem camisinha. Ou de uma espécie de semi_violação, pela qual nem sempre o sedutor é o culpado mas, na verdade, seria o fabricante da camisinha pela falta de resistência do produto no caso de movimentos exagerados.

E será que existe a contrapartida ? No caso do homem perder o embalo em meio à ação em consequência de um gesto da parceira, um cheiro imprevisto, uma palavra ou uma agressão da parceira, cortando_lhe dramaticamente o tesão, cabe processo ? E no casdo do homem brochar no meio do combate, a parceria embalada pode pedir indenização ?

* Jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura, é líder emigrante, ex-membro eleito no primeiro conselho de emigrantes junto ao Itamaraty. Criou os movimentos Brasileirinhos Apátridas e Estado dos Emigrantes, vive em Berna, na Suíça. Escreve para o Expresso, de Lisboa, Correio do Brasil e agência BrPress.
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1 comentário:

Anónimo disse...

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