sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Alegre admite que venda de ações de Cavaco na SLN...

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... foi caso de favorecimento entre amigos e de gestão danosa

PMF – LUSA

Lisboa, 06 jan (Lusa) - Manuel Alegre considerou hoje que, se o ex-presidente do BPN Oliveira e Costa assinou um despacho de venda das ações de Cavaco Silva na Sociedade Lusa de Negócios (SLN), tal representará "favorecimento" entre amigos e "gestão danosa".

Segundo notícia avançada pela SIC, o antigo presidente da SLN e do BPN, José Oliveira Costa, assinou, pelo próprio punho, o despacho da venda das ações do atual Presidente da República, Cavaco Silva, na SLN, a 2,40 euros cada uma.

As ações foram compradas a um euro cada, o que na prática se traduziu numa mais valia superior a 140 por cento a favor de Cavaco Silva.

Em entrevista à RTP, o candidato presidencial apoiado pelo PS e Bloco de Esquerda considerou que, a ser verdade essa situação, "configura um contrato de recompra e uma situação de favor".

"Será em si mesmo um ato de gestão danosa e de favorecimento de amigos, porque aquela cotação não foi a do preço de mercado e também resta saber se outros acionistas tiveram o mesmo tratamento", declarou Manuel Alegre.

Manuel Alegre alegou depois que "é conhecida a proximidade política de Oliveira e Costa com Cavaco Silva, assim como o silêncio de Cavaco Silva perante o escândalo financeiro do BPN", e que o atual chefe de Estado "terá tido com as suas ações uma valorização de 140 por cento, o que não é normal".

"Se essas ações foram compradas por Oliveira Costa, isso será um ato muito complicado e grave. Trata-se de uma questão de escrutínio público e ele não pode deixar de responder, porque Cavaco Silva é recandidato a Presidente da República", apontou.

Ainda em relação ao BPN, Alegre manifestou dúvidas sobre os resultados da opção do Governo em nacionalizar este banco.

"Acho que explicações devem ser dadas [Governo e administração atual do BPN] e, sobretudo, devemos saber como isto vai acabar, porque não podemos estar sempre a meter ali dinheiro", declarou o ex-dirigente socialista, antes de se interrogar se a nacionalização do BPN "foi mesmo a melhor solução".

"O BPN ou é vendido, ou é integrado definitivamente na CGD. Mas estamos perante uma falsa nacionalização, porque quem está a pagar isto somos nós", disse.

Na entrevista, Alegre referiu-se também a outra polémica, mas esta que o envolve pessoalmente, referente a textos literários que foram depois usados para enquadrar publicidade ao Banco Privado Português (BPP).

Alegre referiu então que escreveu um texto literário, que foi utilizado para fins publicitários e que por essa razão pediu para que fosse retirado, o que aconteceu.

Em relação ao pagamento que recebeu, Alegre disse que emitiu um cheque para o devolver, no mesmo montante de 1500 euros, mas que agora desconhece se esse cheque foi ou não levantado.

"Se porventura o dinheiro não foi levantado, há aí qualquer coisa de estranho, mas assumo a responsabilidade. O facto de este caso surgir agora também é estranho. A minha leitura é que se trata de uma tentativa de responder a uma situação que envolve muitos milhões de euros com uma situação ridícula de 1500 euros por um texto literário que escrevi sem cometer qualquer ato ilegal ou imoral", disse.

*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
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