segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

BLOCO DEMOCRÁTICO ENTRICHEIRA-SE EM BENGUELA

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O PAÍS (angola) - 10 janeiro 2011

Dois meses depois de ter sido legalizado pelo Tribunal Constitucional (TC) como partido politico, a 20 de Outubro do ano transacto, o Bloco Democrático (BD), herdeira dos escombros da extinta Frente Para Democracia (FPD), realizou a 1ª Reunião do seu Conselho Nacional, na província de Benguela, nos dias 28 e 29 de Dezembro último.

Entre outros assuntos colocados sobre a mesa estavam a análise e a aprovação do plano das actividades para o período de 2011, bem como a tomada de posse dos membros do referido conselho, órgão supremo do partido. Liberdade, modernidade e cidadania foram as primeiras palavras do líder dos Bloquistas-Democratas, Justino Pinto de Andrade, que de seguida atacou o governo do MPLA liderado pelo presidente José Eduardo dos Santos, acusando-o de “tentar impor e recuperar os métodos e as práticas das velhas governações ditatoriais”. Acto seguido, sustentou que “o Bloco Democrático reivindica o progresso para o povo angolano através das lutas cívicas e politicas, da criação de postos de trabalhos e do alargamento das nossas liberdades”.

Justino Pinto de Andrade explicou que o BD passou de “um partido de curiosos para um partido que espevita ansiedades” e que “se vai mostrar à altura das batalhas democráticas que se avizinham”. O político disse ainda na sua alocução em Benguela que “a missão primordial do Bloco Democrático é de possuir capacidade e carisma para gerar novas vontades e transformar aquilo que foi desencadeado por um núcleo restrito numa forte corrente de um grupo engajado”.

A 1ª reunião do conselho nacional do Bloco Democrático, na visão de vários observadores, ficou marcada pelo tom eminentemente crítico à gestão governativa, tendo-se escutado inúmeras vezes alusões a “índices elevados de desigualdade social, delapidação dos recursos públicos, açambarcamento, trafico de influência, nepotismo e roubo descarado do património do Estado”.

Carta de porta em porta

Na sua jornada em Benguela, o Bloco Democrático resolveu inovar: distribuiu por toda a cidade, em acção porta-a-porta, uma carta aberta em que refere que “a arrogância e a prepotência daqueles que governam este país não deve servir de factor de intimidação para que se deixe de denunciar a má governação reflectida na exclusão social e no ‘cabritismo’ económico”. “Para nós, o governante que pretende ser rico que trabalhe, que se empenhe, que se esforce, caso contrário, o Bloco Democrático não pactuará com sanguessugas,” lê-se na carta, assinada pelo líder da formação partidária, Justino Pinto de Andrade.

Numa análise á situação em Cabinda, o BD considera que naquele território existe um “estado de sítio não declarado” e pede a intervenção do Chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, para que se solucione o conflito prevalecente no enclave.

Defende a carta que a paz, os direitos, as liberdades e garantias constitucionalmente consagrados na carta magna da Republica de Angola devem ser integralmente respeitados e transformados no “ pão nosso de cada dia” naquela parcela do território nacional.

Apesar de nos últimos tempos um novo fenómeno ter tomado conta do sistema judiciário angolano com a ida às barras dos tribunais de figuras de proa da governação, a carta do Bloco Democrático entende, ainda assim, que a repressão dos actos que ferem o interesse colectivo ainda é selectiva.

“Quem tem dúvidas de que a justiça em Angola ainda só serve os interesses dos detentores do poder político e do poder económico? Como podemos compreender a essência de um Estado Democrático e de Direito que impede as manifestações pacíficas? Como podemos compreender uma justiça que só serve para intimidar os jornalistas?”, interroga-se o Bloco Democrático.

No dizer daquela formação política emergente, por estas e outras lacunas da governação, o BD assume-se como a “força alternativa para mudar o estado de coisas no país e trazer uma nova esperança de vida aos angolanos”. “Quando estivermos representados no Parlamento, vamos batermo-nos pela consagração de leis justas, leis que sirvam para o progresso e harmonia social; seremos inflexíveis na atenção que deve ser dada aos sectores sociais para que connosco Angola caminhe no rumo certo”, defende a liderança do Bloco Democrático.

**Nelson Sul D’Angola, em Benguela
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