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Nova Iorque, 08 jan (Lusa) - Uma coligação de 17 organizações não governamentais juntou-se hoje para acusar a comunidade internacional de estar distraída com o referendo sobre a independência do Sul do Sudão, ignorando o aumento das violações humanitárias na região do Darfur.
"A situação no Darfur deteriorou-se nas semanas antes do referendo [que tem início no domingo e se prolonga até dia 15], com um retomar dos confrontos entre as forças do governo sudanês e os rebeldes do Exército de Libertação do Sudão leais a Mini Minawi", afirmam as organizações não governamentais (ONG), em relatório hoje divulgado.
A coligação inclui Human Rights Watch, Centro Africano para os Estudos da Paz e Justiça, Federação Internacional para os Direitos Humanos e Coligação Árabe para o Darfur.
Segundo as ONG, os recentes confrontos em Khor Abeche, Shearia e Shangil Tobayi causaram cerca de 32 mil refugiados.
"Apesar da presença da força de manutenção de paz da ONU e da União Africana [UNAMID], os civis continuam vulneráveis a ataques e violações de direitos humanos, [que] incluem violência sexual dentro e fora dos campos de desalojados no Darfur", acusam.
Na última semana, as Nações Unidas sublinharam que o acordo de paz entre Cartum e o SPLA (Sudan People's Liberation Army, movimento rebelde do Sul) está a ser cumprido e que existem condições para que o referendo seja considerado livre e justo, mas o Conselho de Segurança expressou "profunda preocupação" com a situação no Darfur, onde constatou um "aumento de violência durante o mês de dezembro".
Em declaração emitida na quinta-feira, sublinhou ainda a importância de "acabar com a impunidade dos crimes cometidos" na região.
O embaixador do Sudão na ONU, Abdalmahmood Abdalhaleem Mohamed, afirmou que o seu governo está interessado num "acordo político" e disse que as reuniões em curso em Doha, no Qatar, atingiram um "ponto muito importante".
"É verdade que a delegação [sudanesa] regressou a Cartum, mas não foi uma retirada do processo de negociações. Foi apenas uma pausa para esperar que os mediadores libertem o documento final e depois o contacto será retomado tendo em vista um acordo final", disse.
Adiantou que o governo está interessado em organizar uma conferência sobre o Darfur para assegurar a "sustentabilidade da paz" na região.
As ONG queixam-se da falta de informação sobre a situação no terreno, com poucos dados divulgados pela ONU, que muitas vezes é impedida pelas forças do governo e dos rebeldes de ter acesso aos deslocados.
"A [recente] prisão pelo governo de jornalistas e ativistas do Darfur e a expulsão de 13 ONG em 2009 contribuíram para este vácuo de informação", sublinham.
A UNAMID retomou recentemente a publicação de "relatórios humanitários básicos", mas deve "aumentar o escopo geográfico e o detalhe destes".
"Há claros sinais de que a situação no Darfur está a piorar. E a comunidade internacional não está a conseguir monitorizar adequadamente e responder à situação", afirma a investigadora da Human Rights Watch para o Darfur, Jehanne Henry.
Para Mónica Serrano, diretora da ONG Global Centre for the Responsibility to Protect, a comunidade internacional está a "aceitar um blackout" informativo e, assim, a desligar-se da proteção dos civis na região.
"A comunidade internacional não pode repetir os erros do passado e permitir que o conflito deflagre no Darfur quando a sua atenção está noutro lado", afirmou.
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
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Nova Iorque, 08 jan (Lusa) - Uma coligação de 17 organizações não governamentais juntou-se hoje para acusar a comunidade internacional de estar distraída com o referendo sobre a independência do Sul do Sudão, ignorando o aumento das violações humanitárias na região do Darfur.
"A situação no Darfur deteriorou-se nas semanas antes do referendo [que tem início no domingo e se prolonga até dia 15], com um retomar dos confrontos entre as forças do governo sudanês e os rebeldes do Exército de Libertação do Sudão leais a Mini Minawi", afirmam as organizações não governamentais (ONG), em relatório hoje divulgado.
A coligação inclui Human Rights Watch, Centro Africano para os Estudos da Paz e Justiça, Federação Internacional para os Direitos Humanos e Coligação Árabe para o Darfur.
Segundo as ONG, os recentes confrontos em Khor Abeche, Shearia e Shangil Tobayi causaram cerca de 32 mil refugiados.
"Apesar da presença da força de manutenção de paz da ONU e da União Africana [UNAMID], os civis continuam vulneráveis a ataques e violações de direitos humanos, [que] incluem violência sexual dentro e fora dos campos de desalojados no Darfur", acusam.
Na última semana, as Nações Unidas sublinharam que o acordo de paz entre Cartum e o SPLA (Sudan People's Liberation Army, movimento rebelde do Sul) está a ser cumprido e que existem condições para que o referendo seja considerado livre e justo, mas o Conselho de Segurança expressou "profunda preocupação" com a situação no Darfur, onde constatou um "aumento de violência durante o mês de dezembro".
Em declaração emitida na quinta-feira, sublinhou ainda a importância de "acabar com a impunidade dos crimes cometidos" na região.
O embaixador do Sudão na ONU, Abdalmahmood Abdalhaleem Mohamed, afirmou que o seu governo está interessado num "acordo político" e disse que as reuniões em curso em Doha, no Qatar, atingiram um "ponto muito importante".
"É verdade que a delegação [sudanesa] regressou a Cartum, mas não foi uma retirada do processo de negociações. Foi apenas uma pausa para esperar que os mediadores libertem o documento final e depois o contacto será retomado tendo em vista um acordo final", disse.
Adiantou que o governo está interessado em organizar uma conferência sobre o Darfur para assegurar a "sustentabilidade da paz" na região.
As ONG queixam-se da falta de informação sobre a situação no terreno, com poucos dados divulgados pela ONU, que muitas vezes é impedida pelas forças do governo e dos rebeldes de ter acesso aos deslocados.
"A [recente] prisão pelo governo de jornalistas e ativistas do Darfur e a expulsão de 13 ONG em 2009 contribuíram para este vácuo de informação", sublinham.
A UNAMID retomou recentemente a publicação de "relatórios humanitários básicos", mas deve "aumentar o escopo geográfico e o detalhe destes".
"Há claros sinais de que a situação no Darfur está a piorar. E a comunidade internacional não está a conseguir monitorizar adequadamente e responder à situação", afirma a investigadora da Human Rights Watch para o Darfur, Jehanne Henry.
Para Mónica Serrano, diretora da ONG Global Centre for the Responsibility to Protect, a comunidade internacional está a "aceitar um blackout" informativo e, assim, a desligar-se da proteção dos civis na região.
"A comunidade internacional não pode repetir os erros do passado e permitir que o conflito deflagre no Darfur quando a sua atenção está noutro lado", afirmou.
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
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