VOZ DA LUSOFONIA
Na Tunísia, país que o primeiro-ministro português, José Sócrates, aconselhou aos empresários do seu país devido, entre outras razões, à estabilidade política, foi o que se viu e o que se vê. Agora a semente da revolta chegou também ao Egipto.
Centenas de manifestantes ocuparam esta madrugada a praça Tahrir, no Cairo, tendo a polícia voltado a usar gás lacrimogéneo e canhões de água, o que resultou num saldo de cerca de 150 feridos.
Os manifestantes exigem reformas políticas e económicas, bem como a renúncia do presidente Hosni Mubarak, no poder há 30 anos. Ontem três pessoas morreram nos protestos.
A polícia conseguiu tomar o controlo da praça até ao amanhecer, depois dos confrontos da madrugada. Os manifestantes tomaram ainda as principais estradas da capital.
«Sai, sai Hosni Mubarak», gritavam os manifestantes, depois de fugir da praça. Alguns lançaram pedras à polícia, que não poupou cassetetes para evitar que o local fosse retomado pelos manifestantes depois de dispersá-los com gás lacrimogéneo.
Ontem, milhares de pessoas manifestaram-se em diferentes pontos do Cairo para exigir a queda de Mubarak, no poder desde 1981, o fim da lei de emergência e a realização de eleições limpas. No centro da capital realizou-se uma concentração sem precedentes no país.
O grupo de oposição Juventude Seis de Abril convocou na sua página na rede social Facebook novos protestos «até à saída de Mubarak».
Embora o efeito de contágio a sul seja reduzido, alguns dos ditadores estão já a pôr as barbas de molho e, pelo sim e pelo não, a cortar as ideias de protesto pela raiz.
Angola, o único país da Lusofonia cujo presidente, José Eduardo dos Santos, nunca foi eleito e já está no poder há 31 anos, aparenta calma nesta matéria de uma eventual contestação social, mas os serviços secretos do regime receberam ordens para radiografar ao pormenor todos os possíveis focos de incêndio.
Também a polícia e os militares receberam instruções para proibir e impedir qualquer tipo de manifestação, por mais inocente e inofensiva que pareça.
Sabendo que a juventude é, por regra, o motor dos protestos, o MPLA está a montar um ainda mais apertado controlo das organizações juvenis dos outros partidos, bem como dos jovens em geral.
Há poucos dias, por exemplo, o porta-voz da Polícia Provincial de Luanda, superintendente Jorge Bengui, disseque os agentes da Polícia não prenderam o secretário-geral da JURA (organização da juventude da UNITA), Mfuka Fuacaca Muzemba e os seus acompanhantes, explicando que os levaram até à esquadra para lhes ensinarem algumas leis e procedimentos legais.
Na altura, os jovens encontravam-se concentrados junto da Assembleia Nacional, para uma manifestação pacífica, que previa a distribuição de panfletos que protestavam contra o dia 14 de Abril, que consagra o dia da juventude do MPLA, em memória de Hoji Ya Henda, o patrono da JMPLA.
Eduardo dos Santos sabe que, muitas vezes, um só fósforo é suficiente para atear um incêndio em todo o país. E como não brinca em serviço, resolveu fazer pedagogia também junto de líderes políticos, religiosos e sociais, dizendo-lhes (ou mandando dizer) que, para o regime, a razão da força é mais importante do que a força da razão.
Publicada por Orlando Castro
Na Tunísia, país que o primeiro-ministro português, José Sócrates, aconselhou aos empresários do seu país devido, entre outras razões, à estabilidade política, foi o que se viu e o que se vê. Agora a semente da revolta chegou também ao Egipto.
Centenas de manifestantes ocuparam esta madrugada a praça Tahrir, no Cairo, tendo a polícia voltado a usar gás lacrimogéneo e canhões de água, o que resultou num saldo de cerca de 150 feridos.
Os manifestantes exigem reformas políticas e económicas, bem como a renúncia do presidente Hosni Mubarak, no poder há 30 anos. Ontem três pessoas morreram nos protestos.
A polícia conseguiu tomar o controlo da praça até ao amanhecer, depois dos confrontos da madrugada. Os manifestantes tomaram ainda as principais estradas da capital.
«Sai, sai Hosni Mubarak», gritavam os manifestantes, depois de fugir da praça. Alguns lançaram pedras à polícia, que não poupou cassetetes para evitar que o local fosse retomado pelos manifestantes depois de dispersá-los com gás lacrimogéneo.
Ontem, milhares de pessoas manifestaram-se em diferentes pontos do Cairo para exigir a queda de Mubarak, no poder desde 1981, o fim da lei de emergência e a realização de eleições limpas. No centro da capital realizou-se uma concentração sem precedentes no país.
O grupo de oposição Juventude Seis de Abril convocou na sua página na rede social Facebook novos protestos «até à saída de Mubarak».
Embora o efeito de contágio a sul seja reduzido, alguns dos ditadores estão já a pôr as barbas de molho e, pelo sim e pelo não, a cortar as ideias de protesto pela raiz.
Angola, o único país da Lusofonia cujo presidente, José Eduardo dos Santos, nunca foi eleito e já está no poder há 31 anos, aparenta calma nesta matéria de uma eventual contestação social, mas os serviços secretos do regime receberam ordens para radiografar ao pormenor todos os possíveis focos de incêndio.
Também a polícia e os militares receberam instruções para proibir e impedir qualquer tipo de manifestação, por mais inocente e inofensiva que pareça.
Sabendo que a juventude é, por regra, o motor dos protestos, o MPLA está a montar um ainda mais apertado controlo das organizações juvenis dos outros partidos, bem como dos jovens em geral.
Há poucos dias, por exemplo, o porta-voz da Polícia Provincial de Luanda, superintendente Jorge Bengui, disseque os agentes da Polícia não prenderam o secretário-geral da JURA (organização da juventude da UNITA), Mfuka Fuacaca Muzemba e os seus acompanhantes, explicando que os levaram até à esquadra para lhes ensinarem algumas leis e procedimentos legais.
Na altura, os jovens encontravam-se concentrados junto da Assembleia Nacional, para uma manifestação pacífica, que previa a distribuição de panfletos que protestavam contra o dia 14 de Abril, que consagra o dia da juventude do MPLA, em memória de Hoji Ya Henda, o patrono da JMPLA.
Eduardo dos Santos sabe que, muitas vezes, um só fósforo é suficiente para atear um incêndio em todo o país. E como não brinca em serviço, resolveu fazer pedagogia também junto de líderes políticos, religiosos e sociais, dizendo-lhes (ou mandando dizer) que, para o regime, a razão da força é mais importante do que a força da razão.
Publicada por Orlando Castro
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