sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

FUNERAL DE ESTADO PARA MALANGATANA

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JORNAL DE NOTÍCIAS (moçambique) – 08 janeiro 2011

O MESTRE Malangatana terá um funeral de Estado, segundo decisão do Conselho de Ministros que, reunido ontem na capital em sessão extraordinária, decretou ainda dois dias de luto nacional pela morte do símbolo das artes plásticas em Moçambique, ocorrida quarta-feira, em Portugal.

Por desejo que o malogrado expressou em vida e por vontade da sua família, os restos mortais de Malangatana deverão ser sepultados em Matalana, no distrito de Marracuene, Maputo, sua terra natal, em data ainda por anunciar.

Por outro lado, o Executivo decidiu que, ao abrigo do luto, a Bandeira Nacional deverá ser içada à meia haste a partir da data do funeral do artista em todo o território nacional e nas missões diplomáticas e consulares do nosso país.

O Mestre Malangatana sucumbiu a uma doença depois de vários dias no leito de um hospital em Matosinhos, norte de Portugal, onde se encontrava internado. O pintor deslocara-se àquele país para uma exposição sobre a sua carreira artística de cerca de 50 anos quando o seu estado de saúde se agravou.

O Presidente da República, Armando Guebuza, numa primeira declaração à comunicação social, falou ontem sobre a morte do proeminente artista. Segundo o Chefe do Estado, Malangatana contribuiu para que Moçambique e a sua cultura fossem conhecidos na esfera internacional.

“Sabemos todos o que ele significa. Tinha um sentido social muito profundo, preocupava-se sempre com este maravilhoso povo e isso fez com que Moçambique fosse conhecido internacionalmente”, disse Guebuza aos microfones da TVM à saída da sessão do Conselho de Ministros.

Os pormenores sobre as exéquias do multifacetado artista, que para além de pintor foi escultor, ceramista, pedagogo, trovador e animador cultural, ainda estão a ser acertados, devendo decorrer a partir de quarta-feira próxima, quando o corpo chegar a Maputo transladado de Lisboa.

Entretanto, a Comissão Política da Frelimo, partido de que Malangatana era membro, reuniu-se também ontem para debruçar-se sobre as exéquias do pintor. A cúpula considera que o legado do artista consubstancia um património nacional de valor internacional, ao mesmo tempo que exorta à preservação e valorização do seu legado.

Em terras portuguesas Malangatana recebeu duas homenagens. Uma no Porto, na quinta-feira, e outra na capital Lisboa, ontem.

Para além de uma vasta obra, constituída principalmente por quadros que enriquecem colecções particulares e institucionais em várias partes do mundo, do legado de Malangatana Valente Ngwenya, de 75 anos, consta ainda um majestoso centro cultural em Matalane.
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