FERNANDO NOGUEIRA DA COSTA – PERSPECTIVA LUSÓFONA
Na reunião do G-20, em que a nova Presidenta eleita do Brasil, Dilma, será apresentada por Lula à comunidade internacional, China e os Estados Unidos necessitam de acordo sobre o estabelecimento de metas para a redução dos desequilíbrios comerciais. Eles querem mudar as discussões da "questão superficial" das taxas de câmbio nominais para "discussões sobre a substância do reequilíbrio do comércio mundial".
Nesse sentido, a China adotaria metas numéricas para redução de seu superávit comercial. Ela vem resistindo firmemente às pressões dos Estados Unidos por valorização mais rápida de sua moeda. Essa é a disputa política e econômica que mais vem despertando temores da “guerra cambial” mundial. Há possibilidade de apoio na China à proposta dos EUA de estabelecer limites aos superávits e déficits em conta corrente de cerca de 4% do PIB.
Entretanto, o governo da Índia se mostra menos entusiasmado. Acha que o G-20 precisa adotar "fórmula baseada em soluções específicas para cada país" e evitar a "camisa de força" de metas numéricas gerais. Ele alerta que qualquer diretriz política ampla para nivelar déficits e superávits poderá ameaçar o funcionamento "normal" da economia mundial. A Índia não pretende impor limites aos fluxos de capital para seu país, apesar das preocupações com o fato de as políticas monetárias nas economias desenvolvidas estarem direcionando recursos voláteis para os mercados emergentes.
Os planejadores econômicos chineses querem reduzir o superávit para 4% do PIB nos próximos três a cinco anos. O superávit externo da China já está diminuindo por causa do aumento dos salários, do consumo em alta e da realocação de indústrias para províncias do interior do país.
O Brasil também possui contencioso com a China na área comercial e cambial. O governo brasileiro insiste na necessidade de diversificação do comércio. As compras chinesas são compostas hoje de 33% de soja, 30% de minério de ferro e 10% de petróleo, comparados a 95% de manufaturados chineses exportados para o Brasil. A resposta chinesa tem sido de que a estrutura do comércio depende das características econômicas dos dois lados. A China sempre sugere ao Brasil promover mais seus produtos no mercado chinês.
Por sua vez, Pequim continua cobrando que o Brasil cumpra o compromisso assumido em 2004, de dar o status de economia de mercado à China. Mas isso está longe de acontecer, levando-se em conta a política cambial chinesa administrada que dá vantagem enorme a suas exportações.
Em todo caso, a China terá automaticamente, partir de 2016, o status de economia de mercado reconhecido pelos parceiros, pelos termos de sua adesão na Organização Mundial do Comércio (OMC). O Brasil não poderá mais aplicar medidas antidumping, baseadas no preço de terceiro país.
O problema é que hoje sequer sobretaxas antidumping freiam os produtos chineses, diante de sua competitividade impulsionada pela moeda desvalorizada. Os chineses continuam a tomar mercado do Brasil nos mercados tradicionais da América Latina.
Bancos internacionais já esperam novas medidas de restrição ao capital externo no Brasil para frear a apreciação do real, devido ao afrouxamento da política monetária dos Estados Unidos. O aumento do IOF sobre o portfólio de ações é visto como alvo prioritário. Entretanto, isso vai causar danos no mercado local de capitais, freando a emissão de IPO ao reduzir a demanda de investidores estrangeiros.
Há possibilidade de outras medidas complementares como: intervenção do Banco Central do Brasil no mercado de derivativos com mais leilões de swap reverso; não remuneração de contas de estrangeiros, como forma de reduzir a capacidade desses investidores de vender dólares na BM&F; regulação prudencial sobre posição de derivativos de bancos para limitar a arbitragem entre mercados futuro e spot.
O IOF, que já foi elevado de 2% para 4%, e depois 6%, poderia ser aumentado também para o capital que entra para o mercado de ações. Há ainda a possibilidade de reintrodução do Imposto de Renda de 15% sobre os investimentos estrangeiros em títulos de divida do governo.
Se é claro que o aumento da liquidez global vai levar à escalada de medidas para frear o fluxo de capital, também parece certo que a apreciação da moeda nacional só será verdadeiramente moderada com políticas que incluam ajustamento fiscal. Intervenções do Fundo Soberano, com ativos apenas de US$ 10 bilhões, dificilmente atenuarão a apreciação do real, a menos que tenha mais capitalização.
Com as intervenções do Banco Central, com compra líquida de moedas estrangeiras no mercado spot, as reservas internacionais aumentaram para US$ 282 bilhões, representando 18% do Produto Interno Bruto ou 12 meses de importações. No entanto, a disposição da autoridade monetária em intervir no mercado declinou por duas razões: o benefício marginal por mais acumulação de reservas diminuiu e o custo da esterilização aumentou à medida que o diferencial de taxa de juros cresceu.
Dilma Rousseff e Lula vão ao encontro de cúpula do G20, provavelmente, com a proposta de coordenação mundial de políticas econômicas a fim de evitar danos como os provocados por EUA e China. A proposta brasileira será: 1) os governos americano e europeus que gastarem mais através de estímulo fiscal e fazerem controle monetário; 2) a China, a Alemanha, o Japão e os países do Sudeste Asiático reduzirem os superavit comerciais (exportações menos importações), incentivando a demanda doméstica no mercado de consumo de cada um deles. É proposta racional, teoricamente, mas pouco palatável, politicamente. A geopolítica internacional tem razões que a própria razão desconhece...
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Na reunião do G-20, em que a nova Presidenta eleita do Brasil, Dilma, será apresentada por Lula à comunidade internacional, China e os Estados Unidos necessitam de acordo sobre o estabelecimento de metas para a redução dos desequilíbrios comerciais. Eles querem mudar as discussões da "questão superficial" das taxas de câmbio nominais para "discussões sobre a substância do reequilíbrio do comércio mundial".
Nesse sentido, a China adotaria metas numéricas para redução de seu superávit comercial. Ela vem resistindo firmemente às pressões dos Estados Unidos por valorização mais rápida de sua moeda. Essa é a disputa política e econômica que mais vem despertando temores da “guerra cambial” mundial. Há possibilidade de apoio na China à proposta dos EUA de estabelecer limites aos superávits e déficits em conta corrente de cerca de 4% do PIB.
Entretanto, o governo da Índia se mostra menos entusiasmado. Acha que o G-20 precisa adotar "fórmula baseada em soluções específicas para cada país" e evitar a "camisa de força" de metas numéricas gerais. Ele alerta que qualquer diretriz política ampla para nivelar déficits e superávits poderá ameaçar o funcionamento "normal" da economia mundial. A Índia não pretende impor limites aos fluxos de capital para seu país, apesar das preocupações com o fato de as políticas monetárias nas economias desenvolvidas estarem direcionando recursos voláteis para os mercados emergentes.
Os planejadores econômicos chineses querem reduzir o superávit para 4% do PIB nos próximos três a cinco anos. O superávit externo da China já está diminuindo por causa do aumento dos salários, do consumo em alta e da realocação de indústrias para províncias do interior do país.
O Brasil também possui contencioso com a China na área comercial e cambial. O governo brasileiro insiste na necessidade de diversificação do comércio. As compras chinesas são compostas hoje de 33% de soja, 30% de minério de ferro e 10% de petróleo, comparados a 95% de manufaturados chineses exportados para o Brasil. A resposta chinesa tem sido de que a estrutura do comércio depende das características econômicas dos dois lados. A China sempre sugere ao Brasil promover mais seus produtos no mercado chinês.
Por sua vez, Pequim continua cobrando que o Brasil cumpra o compromisso assumido em 2004, de dar o status de economia de mercado à China. Mas isso está longe de acontecer, levando-se em conta a política cambial chinesa administrada que dá vantagem enorme a suas exportações.
Em todo caso, a China terá automaticamente, partir de 2016, o status de economia de mercado reconhecido pelos parceiros, pelos termos de sua adesão na Organização Mundial do Comércio (OMC). O Brasil não poderá mais aplicar medidas antidumping, baseadas no preço de terceiro país.
O problema é que hoje sequer sobretaxas antidumping freiam os produtos chineses, diante de sua competitividade impulsionada pela moeda desvalorizada. Os chineses continuam a tomar mercado do Brasil nos mercados tradicionais da América Latina.
Bancos internacionais já esperam novas medidas de restrição ao capital externo no Brasil para frear a apreciação do real, devido ao afrouxamento da política monetária dos Estados Unidos. O aumento do IOF sobre o portfólio de ações é visto como alvo prioritário. Entretanto, isso vai causar danos no mercado local de capitais, freando a emissão de IPO ao reduzir a demanda de investidores estrangeiros.
Há possibilidade de outras medidas complementares como: intervenção do Banco Central do Brasil no mercado de derivativos com mais leilões de swap reverso; não remuneração de contas de estrangeiros, como forma de reduzir a capacidade desses investidores de vender dólares na BM&F; regulação prudencial sobre posição de derivativos de bancos para limitar a arbitragem entre mercados futuro e spot.
O IOF, que já foi elevado de 2% para 4%, e depois 6%, poderia ser aumentado também para o capital que entra para o mercado de ações. Há ainda a possibilidade de reintrodução do Imposto de Renda de 15% sobre os investimentos estrangeiros em títulos de divida do governo.
Se é claro que o aumento da liquidez global vai levar à escalada de medidas para frear o fluxo de capital, também parece certo que a apreciação da moeda nacional só será verdadeiramente moderada com políticas que incluam ajustamento fiscal. Intervenções do Fundo Soberano, com ativos apenas de US$ 10 bilhões, dificilmente atenuarão a apreciação do real, a menos que tenha mais capitalização.
Com as intervenções do Banco Central, com compra líquida de moedas estrangeiras no mercado spot, as reservas internacionais aumentaram para US$ 282 bilhões, representando 18% do Produto Interno Bruto ou 12 meses de importações. No entanto, a disposição da autoridade monetária em intervir no mercado declinou por duas razões: o benefício marginal por mais acumulação de reservas diminuiu e o custo da esterilização aumentou à medida que o diferencial de taxa de juros cresceu.
Dilma Rousseff e Lula vão ao encontro de cúpula do G20, provavelmente, com a proposta de coordenação mundial de políticas econômicas a fim de evitar danos como os provocados por EUA e China. A proposta brasileira será: 1) os governos americano e europeus que gastarem mais através de estímulo fiscal e fazerem controle monetário; 2) a China, a Alemanha, o Japão e os países do Sudeste Asiático reduzirem os superavit comerciais (exportações menos importações), incentivando a demanda doméstica no mercado de consumo de cada um deles. É proposta racional, teoricamente, mas pouco palatável, politicamente. A geopolítica internacional tem razões que a própria razão desconhece...
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