sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Angola: VENDA DESCARADA DE INERTES

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JOSÉ MEIRELES - O PAÍS (angola), em opinião

Em Angola, ninguém tem dúvidas quanto ao grande contributo prestado por milhares de cidadãos chineses que aportaram ao nosso país no âmbito do gigantesco programa de reconstrução nacional, um dos maiores desafios do Executivo angolano.

Nos últimos dias, a coberto das tarefas que lhes são cometidas, muitos destes operários chineses têm estado a desvirtuar os verdadeiros propósitos da sua vinda a Angola.

Aos olhos de todos, alguns operários chineses, principalmente os utentes de camiões, praticam actos indecorosos, que redundam em abuso de confiança, açambarcando os bens colocados pelo Estado angolano à sua disposição para o cumprimento das tarefas que lhe foram atribuídas.

Num ápice, os operários chineses ao serviço do Gabinete de Reconstrução Nacional (GRN), converteram-se nos maiores negociantes de inertes, cimento, areia, água, ferros e até combustível para as obras em que estão engajados. Em Viana, Benfica, Calemba II, Bom Jesus, Cacuaco e Camama, só para citar estas localidades, o negócio ilegal é feito à luz do dia, nos principais pontos de concentração popular. Camiões abarrotados com materiais de construção, instalados nestas zonas, são o objecto das negociatas.

O autor destas linhas já presenciou várias vezes o desenrolar deste tipo de negócio, protagonizado por alguns operários chineses e patrocinado, como é óbvio, por cidadãos angolanos, ávidos de obterem a custo reduzido os materiais de construção vendidos por aqueles estrangeiros, sem escrúpulos.

À entrada de Bom Jesus, onde está a ser erguido o Aeroporto Internacional de Luanda, alguns motoristas chineses esvaziam os depósitos de combustível das suas viaturas e vendem-no a revendedores angolanos, instalados à berma da estrada Luanda/Catete.

Sem qualquer sentimento xenófobo, já era altura de as autoridades angolanas deitarem mão aos operários chineses que praticam estas acções, até porque não foi esse o propósito (prejudicar o Estado) da sua contratação para trabalhar no nosso país. Antes pelo contrário, a sua missão é nobre e não pode ser confundida com actos deste tipo.
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