quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Cedeao acusa África do Sul e "outros países" de apoiar Gbagbo

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Gbagbo

ÁFRICA 21, com PANAPRESS

"Há um navio de guerra sul-africano (...) na Costa do Marfim (Côte d'Ivoire). Estou surpreso que a África do Sul tenha enviado uma fragata para a Côte d'Ivoire neste momento", disse Gbeho.

Abuja, Nigéria – O presidente da Comissão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), o embaixador James Victor Gbeho, acusou, terça-feira (8), a África do Sul e outros países africanos de apoiar de modo unilateral o Presidente cessante da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, em detrimento de Alassane Ouattara, reconhecido vencedor da presidencial de 28 de novembro passado na Costa do Marfim pela Cedeao.

Durante uma cerimónia em que a Missão de Observação da UE às eleições presidenciais de 28 de Novembro de 2010 na Costa do Marfim apresentava oficialmente o seu relatório, Gbeho acusou nomeadamente a África do Sul de ter enviado uma fragata para as águas territoriais da Costa do Marfim, dando assim uma cobertura a Gbagbo.

"Há um navio de guerra sul-africano (...) na Costa do Marfim (Côte d'Ivoire). Estou surpreso que a África do Sul tenha enviado uma fragata para a Côte d'Ivoire neste momento", disse Gbeho na sede da Cedeao, em Abuja, na Nigéria.

"O que é lamentável é o fato de, apesar da solidariedade da União Africana (UA) e da comunidade internacional, alguns Estados membros da UA vierm a esta reunião (a última cimeira da UA) e puseram tudo em causa, considerando que a Cedeao errou ao aceitar Ouattara como Presidente. Até agora, nenhum país da Cedeao disse que Ouattara não ganhou. Ninguém contestou a vitória de Ouattara. Todos aqueles que o fizeram não pertecem à região", indignou-se o presidente da Comissão da Cedeao.

Se se continuar nesta via, "vamos destruir a solidariedade do nosso continente que já nos levou tão longe".

"A solidariedade que se instaurou entre nós está a deteriorar-se pois alguns países se afastam de uma decisão já tomada. E esta decisão foi levada a sério", afirmou Gbeho.

Ele indicou que o apoio unilateral a Gbagbo encorajou o presidente cessante a continuar a desafiar a comunidade internacional, recusando-se a ceder o poder a Ouattara, reconhecido quase pela totalidade da comunidade internacional como o vencedor deste escrutínio.

Gbeho explicou igualmente que, ainda que a Cedeao não tenha adoptado uma posição definitiva sobre o uso da força para tirar Gbagbo, "este uso da força será o último recurso. E mesmo neste caso, ela (força) seria legítima".

"Comprometemo-nos a seguir um certo roteiro. É o que fazemos. A Cedeao faz uma outra tentativa de paz, mas caso ele (Ggagbo) persista em não querer retirar-se, a Cedeao vai usar de outras medidas, incluindo a força legítima. A Cedeao não impôs sanções, mas poderá fazê-lo. Se estas sanções fracassarem, a Cedeao poderá também usar da força legítima", indicou o presidente da Comissão da Cedeao.
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