DULCE FURTADO – PÚBLICO – 02 fevereiro 2011
Recolher obrigatório aligeirado
O Exército egípcio apelou hoje a que os manifestantes regressem às suas casas e "à vida quotidiana normal", ao nono dia consecutivo de contestação, tendo já sido ouvidas as suas aspirações de mudança ao regime do Presidente, Hosni Mubarak, há três décadas no poder.
"As forças armadas pedem-vos... Vocês começaram a sair [às ruas] para expressar as vossas exigências e só vocês são capazes de nos fazer regressar à vida normal", afirmou um porta-voz dos militares, em comunicado lido na televisão estatal. "A mensagem, as exigências, foram ouvidas", sublinhou, aludindo aos milhares de manifestantes que ao longo da última semana e meia mantiveram protestos ininterruptos contra Mubarak.
O Exército egípcio reconhecera no fim-de-semana as "exigências legítimas" dos manifestantes – que ontem fizeram uma muito expressiva "marcha de um milhão" – e garantira desde logo que não dispararia contra as pessoas que participam nos protestos.
Da oposição veio, porém, um sinal de que os protestos estão para continuar: "Apelamos a que as pessoas continuem a manifestar-se na Praça Tahrir e pedimos a todos que participem na 'Sexta-feira da partida', em marchas de todo o lado do Egipto para o Cairo, para a Praça Tahrir, para o edifício do Parlamento e para o da televisão", foi comunicado pela coligação de oposição que inclui a plataforma política Associação Nacional para a Mudança, do reformista Mohamed ElBaradei, a Irmandade muçulmana, e outros grupos.
No mesmo documento era asseverado que a oposição só aceita negociar com o vice-presidente do país, Omar Suleiman, depois de o chefe de Estado se demitir. Mubarak tinha delegado no seu número dois a tarefa de negociar com as forças de oposição no país.
Entretanto pequenas multidões tinham já começado a agregar-se novamente esta manhã na Praça Tahrir (Libertação), no centro do Cairo, mantendo a contestação com uma mensagem clara: “Nós não vamos embora, ele vai-se embora”.
Mesmo após a promessa ontem feita pelo chefe de Estado, de que não se recandidatará a um sexto mandato consecutivo nas eleições de Setembro próximo, milhares de egípcios não cedem nos protestos. Pelo menos 1500 pessoas estavam logo ao amanhecer na praça central, que na véspera rebentava pelas costuras com mais de 200 mil manifestantes, e onde altifalantes faziam ouvir as palavras de ordem exigindo o afastamento imediato de Mubarak.
Muitos passaram a noite em Tahrir, em tendas improvisadas ou simplesmente a dormir sob o abrigo de cobertores, irredutíveis na determinação de que não deixarão a praça antes que o Presidente abandone o poder.
Ao mesmo tempo que o Exército apelava ao “reatamento da vida quotidiana normal” no Cairo, e em muitas outras cidades do Egipto, muitas lojas continuavam fechadas na capital. Residentes testemunham que muitas máquinas automáticas de levantamento de dinheiro estão já operacionais – depois de praticamente toda a vida económica no país ter ficado em suspenso com a vaga de manifestações. A bolsa de valores no Cairo permanecerá fechada até amanhã, pelo quinto dia consecutivo.
Testemunhos locais dão conta de que o acesso à Internet já está operacional no Cairo e em Alexandria, segunda maior cidade do Egipto, depois de o regime ter dado ordem na sexat-feira passada de encerramento das operações dos fornecedores de serviços web no país. Há também relatos de que as mensagens textuais via telefónica, que estavam igualmente interrompidas há cinco dias, começam a circular esta manhã. “As forças armadas estão preocupadas com a nossa segurança e bem-estar e não usarão a força contra este grande povo”, era lido num dos SMS recebidos pelos correspondentes da agência britânica Reuters no terreno.
Entretanto o recolher obrigatório, decretado na semana passada para o Cairo e outras cidades egípcias, foi aligeirado, funcionando a partir de hoje das 17h00 (locais, menos duas em Lisboa) e as 7h00, em vez do regime anterior das 15h00 às 8h00.
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Recolher obrigatório aligeirado
O Exército egípcio apelou hoje a que os manifestantes regressem às suas casas e "à vida quotidiana normal", ao nono dia consecutivo de contestação, tendo já sido ouvidas as suas aspirações de mudança ao regime do Presidente, Hosni Mubarak, há três décadas no poder.
"As forças armadas pedem-vos... Vocês começaram a sair [às ruas] para expressar as vossas exigências e só vocês são capazes de nos fazer regressar à vida normal", afirmou um porta-voz dos militares, em comunicado lido na televisão estatal. "A mensagem, as exigências, foram ouvidas", sublinhou, aludindo aos milhares de manifestantes que ao longo da última semana e meia mantiveram protestos ininterruptos contra Mubarak.
O Exército egípcio reconhecera no fim-de-semana as "exigências legítimas" dos manifestantes – que ontem fizeram uma muito expressiva "marcha de um milhão" – e garantira desde logo que não dispararia contra as pessoas que participam nos protestos.
Da oposição veio, porém, um sinal de que os protestos estão para continuar: "Apelamos a que as pessoas continuem a manifestar-se na Praça Tahrir e pedimos a todos que participem na 'Sexta-feira da partida', em marchas de todo o lado do Egipto para o Cairo, para a Praça Tahrir, para o edifício do Parlamento e para o da televisão", foi comunicado pela coligação de oposição que inclui a plataforma política Associação Nacional para a Mudança, do reformista Mohamed ElBaradei, a Irmandade muçulmana, e outros grupos.
No mesmo documento era asseverado que a oposição só aceita negociar com o vice-presidente do país, Omar Suleiman, depois de o chefe de Estado se demitir. Mubarak tinha delegado no seu número dois a tarefa de negociar com as forças de oposição no país.
Entretanto pequenas multidões tinham já começado a agregar-se novamente esta manhã na Praça Tahrir (Libertação), no centro do Cairo, mantendo a contestação com uma mensagem clara: “Nós não vamos embora, ele vai-se embora”.
Mesmo após a promessa ontem feita pelo chefe de Estado, de que não se recandidatará a um sexto mandato consecutivo nas eleições de Setembro próximo, milhares de egípcios não cedem nos protestos. Pelo menos 1500 pessoas estavam logo ao amanhecer na praça central, que na véspera rebentava pelas costuras com mais de 200 mil manifestantes, e onde altifalantes faziam ouvir as palavras de ordem exigindo o afastamento imediato de Mubarak.
Muitos passaram a noite em Tahrir, em tendas improvisadas ou simplesmente a dormir sob o abrigo de cobertores, irredutíveis na determinação de que não deixarão a praça antes que o Presidente abandone o poder.
Ao mesmo tempo que o Exército apelava ao “reatamento da vida quotidiana normal” no Cairo, e em muitas outras cidades do Egipto, muitas lojas continuavam fechadas na capital. Residentes testemunham que muitas máquinas automáticas de levantamento de dinheiro estão já operacionais – depois de praticamente toda a vida económica no país ter ficado em suspenso com a vaga de manifestações. A bolsa de valores no Cairo permanecerá fechada até amanhã, pelo quinto dia consecutivo.
Testemunhos locais dão conta de que o acesso à Internet já está operacional no Cairo e em Alexandria, segunda maior cidade do Egipto, depois de o regime ter dado ordem na sexat-feira passada de encerramento das operações dos fornecedores de serviços web no país. Há também relatos de que as mensagens textuais via telefónica, que estavam igualmente interrompidas há cinco dias, começam a circular esta manhã. “As forças armadas estão preocupadas com a nossa segurança e bem-estar e não usarão a força contra este grande povo”, era lido num dos SMS recebidos pelos correspondentes da agência britânica Reuters no terreno.
Entretanto o recolher obrigatório, decretado na semana passada para o Cairo e outras cidades egípcias, foi aligeirado, funcionando a partir de hoje das 17h00 (locais, menos duas em Lisboa) e as 7h00, em vez do regime anterior das 15h00 às 8h00.
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