quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Grécia: Protesto contra liberalização generalizada e novos cortes salariais

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Os manifestantes envolveram-se em confrontos com a polícia
(Yiorgos Karahalis/ Reuters)

Greve geral na Grécia põe Atenas a meio gás

Paulo Miguel Madeira - Público - 23 fevereiro 2011

Lojas de taipais corridos, serviços públicos fechados e transportes a meio gás eram a imagem de Atenas esta manhã, em dia de greve geral na Grécia, com manifestações em Atenas contra o pacote de austeridade negociado pelo Governo para obter ajuda financeira externa.

A greve foi convocada pelas centrais sindicais dos sectores público e privado, num momento em que o primeiro-ministro grego apela aos parceiros europeus para aliviarem o garrote financeiro sobre o país, e a convocatória da manifestação das 12h em Atenas (hora local) dirigia-se a trabalhadores e pensionistas.

O Governo destacou um importante dispositivo de cinco mil polícias para acompanhar as manifestações em Atenas, na que é a primeira greve geral deste ano, depois de sete ao longo do ano passado, e os sindicatos prevêem já mais contestação.

A central sindical do sector privado (GSEE, cerca de um milhão de membros) denúncia a liberalização em curso em todos os sectores como “anti-social” e “anti-trabalhadores”, enquanto no sector público se contesta uma nova redução salarial, depois de no ano passado o Governo já ter diminuído os salários dos funcionários, reduzido as pensões de reforma e aumentado os impostos, para começar a reequilibrar as finanças públicas.

Hoje de manhã o país não tinha ligações marítimas com as ilhas (o que se deveria manter durante 24 horas) nem comboios, e estava privado de parte dos transportes urbanos. O tráfego aéreo deverá sofrer perturbações entre as 12h00 e as 16h00 locais (10h00 e 14h00 em Lisboa), devido a paralisações dos controladores. As companhias aéreas Olympic Airways e a Aegean anularam 35 e 13 voos respectivamente.

“Esta greve lança uma vaga de protestos este ano com a participação de trabalhadores, pensionistas e desempregados. Estamos contra estas políticas, que estão a levar à pobreza e a pôr a economia numa recessão profunda”, disse à Reuters Ilias Iliopoulos, da central Adedy, do sector público.

Os hospitais funcionavam com serviços mínimos e havia escolas estavam fechadas, segundo a agência Reuters. Os jornalistas também aderiram à greve, o que se reflectiu na televisão estatal, que emitia documentários, e em estações de rádio que se limitavam a passar música.

A AFP lembra que vários economistas de renome colocaram a hipótese de a Grécia sair do Euro (através de um incumprimento do reembolso da sua dívida soberana).

O primeiro-ministro grego, Georges Papandreou, começou ontem na Alemanha uma viagem pela Europa para tentar convencer os restantes países a facilitarem a situação na Grécia, no âmbito das discussões em curso para a instituição de um mecanismo permanente para resolução de crises das contas públicas na zona euro.

Em resposta a este apelo, Angela Merkel fez já saber que um eventual adiamento dos prazos de reembolso do empréstimo já concedido à Grécia no âmbito da ajuda externa estava “em discussão” na zona euro.
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