quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Dezenas de milhares de manifestantes na Índia contra inflação

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EJ – LUSA

Nova Deli, 23 fev (Lusa) - Dezenas de milhares de manifestantes estão a percorrer hoje as ruas da capital federal indiana para protestar contra a inflação galopante que agrava cada vez a situação de milhões de pobres.

Um grande número de manifestantes, na maioria oriundos da classe operária, ostentava bandeiras comunistas e gritava palavras de ordem contra a inflação e a corrupção. As ruas do centro de Nova Deli foram cortadas ao trânsito.

A marcha, organizada pelo Comité dos Sindicatos Indianos (CITU, próxima do Partido Comunista) e à qual se associaram outros sindicatos, visa pressionar o governo antes da votação do orçamento anual do parlamento na próxima segunda-feira.

«Operários de 19 estados, incluindo milhares de mulheres, estão a tentar chegar a Deli e vão marchar até ao parlamento para exigir a sua quota legítima do alegado 'crescimento robusto'», declarou a CITU em comunicado.

Esta organização sindical espera entre 800.000 a um milhão de manifestantes. Até ao momento, a polícia não tinha dados sobre o número de participantes.

O primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, advertiu recentemente que a elevada taxa de inflação, originada por uma subida dos preços dos alimentos, era uma «ameaça séria» ao crescimento da terceira potência económica da Ásia. Este ano, o governo antecipa um crescimento de cerca de 8,5 por cento.

Os últimos dados publicados mostram uma inflação dos preços dos alimentos de 11,05 por cento, depois de ter rondado os 20 por cento. A inflação geral calculada sobre os preços era de 8,23 por cento em janeiro.

O porta-voz da polícia, Rajan Bhagat, indicou à agência noticiosa francesa AFP que cerca de dois mil polícias foram destacados para Nova Deli.

Outra palavra de ordem, muito ouvida, denunciava a corrupção, na sequência de uma série de escândalos no setor das telecomunicações e após a organização caótica dos Jogos da Commonwealth em outubro passado em Nova Deli.

Na terça-feira, Singh procurou acalmar os ânimos ao aceitar a criação de uma comissão de inquérito parlamentar com todos os partidos sobre a alegada venda fraudulenta de licenças de comunicações móveis em 2008, que terá subtraído ao Tesouro até 30 mil milhões de euros.

A oposição tinha bloqueado a anterior sessão parlamentar, no outono passado, para exigir a abertura de um inquérito parlamentar.
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