quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Mubarak fala para negar-se a renunciar, a revolução continua adiante

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DIÁRIO LIBERDADE

Diário Liberdade - [Atualizado 01.02.11 às 21:50] Hosni Mubarak acabou de falar na televisão estatal.Vai tentar continuar no poder. Esperava acalmar os protestos com as suas palavras, mas parece ter conseguido o efeito contrário.

Tal como se esperava, um Mubarak acurralado, mas que se nega a deixar a sua cadeira apesar da forte oposição popular tentou pateticamente calmar os protestos sem renunciar à sua posição. Foi no seu discurso de há apenas 20 minutos na televisão estatal, cheio de alusões à patria e ao patriotismo, ao seu alegado amor ao Egipto e à "segurança". Foi firme assegurando que está "compromentido a não escapar" da presidência.

O presidente limitou-se a assegurar que deu "instruções para o vice-presidente começar o diálogo com a oposição" para logo criticar esta por se negar a dialogar com o ditador, que tenciona perpetuar-se no poder. Disse que não se não se apresentará às eleições fictícias de setembro, mas não vai deixar a presidência, e de fato teve o descaro de dizer que defenderá "uma transição política do poder dentro da constituição", isto é: dentro da ditadura vigente.

No seu discurso, emitido ao vivo também por Al Jazeera, disse que "morrerei em chão egípcio e serei julgado pela história", no que parece uma referência a que não escapará do país apesar das exigências populares. Também disse que a sua principal missão era "devolver a calma" às ruas e que "desde agora até o fim do seu mandato" seguiria trabalhando. O ditador ainda acrescentou que o povo Egípcio deve decidir entre "o caos ou ele e a estabilidade".

A postura do homem que seqüestra o Egipto desde 1981 provocou a imediata reação dos milhares de pessoas concentradas no Cairo. A massa popular até então calma na Praça Tahrir, acompanhou o discurso nos ecrãs instalados no local. Assim que Mubarak deixou de falar, começaram fortes berros exigindo a demissão imediata do ditador.

Também em Alexandria, a segunda maior cidade do país, o discurso decepcionou a população entre a qual se escoitam nestes momentos vozes dizindo que "vamos morrer nesta praça" se for necessário. Agora escuitam-se berros de "Fora, fora!".

O movimento nas ruas do Cairo e de Alexandria começou aos poucos segundos de o discurso acabar, e as pessoas estão a se organizar para, segundo parece, permanecer na praça por mais tempo. Os ánimos estão muito quentes neste momento.

A arrogância do ditador, que se nega a admitir o inevitável, é ilimitada e não lhe permite aceitar que a sua derrota é já um fato.

**Foto: Mubarak durante o seu discurso, em imagens da Al Jazeera
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