quarta-feira, 9 de março de 2011

A abortada manifestação de 07 de março V/S próximas eleições de 2012

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CARLOS GOMES N’GONDI SUCAMI – ANGOLA 24 HORAS – 09 março 2011

Uma coisa é certa. Por mais anónimos fossem os organizadores da tão propalada manifestação de 07 de Março do ano em curso, esses alcançaram pelo menos um dos principais objectivos, ou seja medir a pulsação da esmagadora maioria do povo angolano e em seguida tirar as devidas ilações.

Tenho de reconhecer que em nenhum momento da nossa história recente, um facto tão mediático mesmo em tempo do conflito armado em pouco tempo, mobilizou e agitou toda a nação de Cabinda ao Cunene e do mar ao leste.

A abortada manifestação de 07 de Março deve constituir um motivo de reflexão a José Eduardo dos Santos e o MPLA, face aos próximos desafios que se aproximam, ou seja as eleições gerais de 2012. Mais uma vez os protagonistas da suposta manifestação aplicaram um cartão amarelo a JES e o MPLA. São três décadas de poder ininterrupto. Com a pretensão de um círculo de angolanos sem rosto promover uma suposta manifestação no dia 07 de Março do ano em curso, JES deverá reflectir se de facto vale ou não a pena apresentar-se como candidato do MPLA as eleições de 2012.

Num passado recente JES tivera dito a sua geração já deu tudo que tinha de dar ao País…. No próximo pleito, o candidato do MPLA não se chamará José Eduardo dos Santos…. Com o anúncio da realização de uma suposta manifestação no dia 07 de Março, a esmagadora maioria do povo angolano (sobretudo os mais entendidos) demonstraram que três décadas no poder só provocam a saturação, o desinteresse, a monotonia, o desenlace, o divórcio, etc.

Cabe a JES reflectir se quer sair com alguma glória, ou algum prestígio por tudo quanto dera e fizera ao e para o País. Caso persistir, tudo levará a crer que se desta vez os organizadores da suposta manifestação abortada de 07 de Março preferiram agir no anonimato, os próximos organizadores irão assumir-se, identificando-se e com consequências ainda imprevistas.

Numa partida de futebol, um jogador a quem o árbitro sanciona com um cartão amarelo, deve no mínimo a equipa técnica substitui-lo sob pena de prejudicar a equipa quando lhe for admoestado um cartão vermelho. Com o cartão amarelo aplicado, JES corre o risco, se continuar na competição, ser sancionado com um cartão vermelho e prejudicar a sua equipa.

Ainda sobre a suposta manifestação abortada de 07 de Março: Em Angola, já tivemos que tomar tanta dose de veneno servida nas canecas do partido da situação, ou seja o partido no poder que ficamos sem sombra de dúvidas imunizados para o pior. Hoje em dia, haja o que houver, o veneno que já temos a correr nas veias impede-nos de manifestar como tem acontecido noutras bandas algures em África e não só.

Se alguém que devia, normalmente, fazer alguma coisa, nada faz; se há mil e um pretextos para afogar tudo sobre os alegados e supostos e quiçá imaginários adjectivos para reduzir a importância do que tem gravidade e importância na vida quotidiana do cidadão comum. Se estando o País como está, o mero receio de que tudo pode acabar num banho de sangue caso haver manifestação de protesto contra a governação, nos faz tolerar tudo. Se por não haver alternativa, temos que continuar a beber a caneca de veneno servida pelo partido da situação, então cada vez mais ficamos a mesma amálgama amoral e atípica de “isto aqui tem dono”, ou “Xé miúdo não fala política! …”

A partir da semana que findou, deixou de haver dúvidas: o partido da situação, continua usar e mobilizar todos os mecanismos da máquina de poder do Estado para esmagar todas as tentativas de protesto contra a governação, mesmo as que são legalmente consagradas na Constituição, tal como as manifestações pacíficas.

Parafraseando o Presidente da Bancada Parlamentar do MPLA a Assembleia Nacional, o Dr. Virgílio de Fontes Pereira; “Esses tipos não mudam…”

Bem-haja a democracia!

“Menga ma Kimfumu”

Carlos Gomes N'gondi Sucami

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