quinta-feira, 3 de março de 2011

Angola - MANIFESTAÇÃO DE 7 DE MARÇO "NÃO TEM CREDIBILIDADE"

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DESTAK – LUSA – 03 março 2011

A manifestação anti-governamental que está a ser convocada para o próximo dia 07 em Luanda "não tem credibilidade" e constitui "mais um artifício para proteger o regime" de José Eduardo dos Santos, disse hoje em Lisboa o líder da oposição angolana.

Isaías Samakuva, que falava em Lisboa numa conferência de imprensa em que leu uma declaração sobre a situação política em Angola, considerou que a iniciativa, que está a ser anunciada nas redes sociais, SMS e em vários sítios da Internet, "não tem bases em que se apoie, porque os seus organizadores não se identificam, o que leva a crer que é apenas um artifício arranjado pelo Governo (angolano)".

O Presidente da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) acusou ainda o regime de José Eduardo dos Santos, nomeado sempre durante a conferência de imprensa como o "Presidente da transição", de estar a preparar para os próximos dias um "cenário de confusão" que conduza ao "assassinato seletivo" de adversários políticos.

Esta manifestação está a ser convocada anonimamente para protestar contra "32 anos de tirania e má governação".

Para Isaías Samakuva a manifestação de 07 de março “aparentemente, no princípio, parecia ser uma manifestação real”, resultante do que classificou como o “sofrimento” dos angolanos, pelo que houve “algumas forças que aderiram ou começaram a expressar a sua adesão”.

O objetivo, todavia, é provocar a realização de uma contra-manifestação, já marcada para o dia 05 e convocada pelas estruturas do MPLA, partido no poder em Angola, de apoio a José Eduardo dos Santos.

A este respeito, acusou o regime de, a pretexto da manifestação de 07 de março, ter colocado as forças armadas e a polícia de prevenção, ao mesmo tempo que “disseminou na sociedade angolana o sentimento de que a manifestação significa o retorno à guerra”.

O líder da UNITA reconhece que existem semelhanças entre as contestações que têm ocorrido no norte de África, e que resultaram na queda dos regimes tunisino e egípcio, e a situação política e social em Angola, mas ressalvou que as condições em Angola “são piores”.

“O sistema político, o regime político em Angola tem sido mais violento para reprimir atos do género e os angolanos estão completamente traumatizados com os acontecimentos do passado. Também impera muito medo”, vincou.

Embora reconheça que Angola reúne as condições necessárias para uma contestação popular ao regime de José Eduardo dos Santos, Samakuva garante que a UNITA “não está a preparar nenhuma manifestação neste momento”, embora, garantiu, “haja razões para isso”.

Mas a proximidade de eleições, marcadas para 2012, aconselha à prudência, defendeu.

“A verdade é que as eleições em Angola não têm sido credíveis. As últimas (2008) foram uma fraude que ninguém conseguiu desmentir”, destacou, defendendo que a mudança de regime deverá resultar de eleições, “se forem organizadas de forma credível”.

“É nesta organização de eleições que nós veremos o que o regime vai fazer, porque não permitiremos desta vez aquilo que se passou”, quando, recordou, a UNITA preferiu apostar na paz e na estabilidade “mesmo sabendo que era uma autêntica fraude. Este gesto não pode ser tido como fraqueza para permitir a repetição de outra fraude”.

Instado a comentar o facto de internacionalmente as eleições de 2008 terem sido declaradas justas e credíveis, Samakuva considerou que para “admiração e surpresa” da UNITA, a comunidade internacional em relação a Angola “está à vontade”.

“Os mesmos países que nos falavam da democracia, que nos falam de estado de Direito, de liberdades e direitos humanos, quando toca a Luanda estão silenciosos”, disse.

Isaías Samakuva, que não esclareceu as razões por que viajou para Portugal, regressa sexta-feira à noite a Luanda.

“Sábado de manhã estarei em Luanda”, concluiu.
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