sábado, 5 de março de 2011

Angola: REVOLUÇÃO COM DATA MARCADA

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José Eduardo dos Santos "Wanted dead or alive". Imagem da página de Facebook Revoluçao do Povo Angolano.

GLOBAL VOICES

Dentro do espírito de protestos que tem varrido o Norte de África e Médio Oriente, ao que parece o povo de Angola encontrou alguma inspiração. Depois da revolta do povo Tunisino, que decidiu juntar-se em massa para derrubar o agora ex-presidente ditador Ben Ali, à qual se seguiu o fim da ditadura de Mubarak no Egipto, e, mais recentemente, os actuais conflitos na Líbia, os Angolanos decidiram convocar a sua própria revolução.

Conforme o Global Voices reportou, os protestos estão a ser organizados por “Agostinho Jonas Roberto dos Santos” - pseudónimo que junta os nomes de personagens da história contemporânea de Angola: Agostinho Neto, Jonas Savimbi, Holden Roberto e o próprio Presidente José Eduardo dos Santos.

De acordo com o e-mail que anda a circular pela internet e que pode ser lido no site oficial da “Nova Revolução do Povo Angolano”, a data está marcada para o dia sete do corrente mês, na conhecida Praça da Independência em Luanda.


Na petição lançada, entre outros, é criticada “a pobreza extrema que se vive em Angola, a cultura de medo e intimidação, a miséria, a autocracia”. O objectivo é que a força popular ponha fim à governação de 32 anos de Eduardo dos Santos.

No blogue Página Um pode-se ler um apelo directo à manifestação:

“Vamos marchar com cartazes exigindo a saída do Ze Du [nota da autora: diminutivo de José Eduardo dos Santos], não mais ditadura do MPLA. Liberdade e Progresso. Abaixo o regime do MPLA.”

O MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), é o partido que governa o país desde a independência, há mais de trinta anos. O actual Presidente, sucessor de Agostinho Neto, um dos símbolos da luta pela independência, está no poder desde 1979.

Numa entrevista à Terra Magazine o líder anónimo apresenta os motivos para o apelo aos protestos:

“Estamos cansados desta ditadura de quase 32 anos e queremos ser liderados por vários líderes em cada 5 ou 10 anos, o que acreditamos será uma verdadeira democracia, visto que o país será dirigido por diferentes pessoas com visões diferentes para o bem do povo angolano.”

Novas formas de mobilização

A mobilização para a revolução muito se faz de “boca a boca”, e de debates nos bairros, cidades em todo o país, afirmouo organizador “Agostinho Jonas Roberto dos Santos”, ainda na entrevista a Terra Magazine.

No entanto, as novas tecnologias de informação e comunicação também têm tido o seu papel. O autor do blogue Morro da Maianga comenta sobre as dificuldades de utilização dos serviços de SMS nos últimos dias e pergunta se a iniciativa terá surgido de alguém que pretendia somente “testar como é que em Angola o sistema virtual da mobilização funciona”:

Se de facto foi esta a sua intenção, a “operação 7 de Março” foi coroada de total êxito, pois a informação disseminou-se mesmo, ao ponto de se ter transformado num extraordinário facto político nacional, a provocar até reacções enérgicas de condenação da parte dos altos comandos das FAA [Forças Armadas de Angola].De facto já há muito tempo que não via o MPLA “tãm nervioso”…

Orlando Castro, no seu blogue Alto Hama, espera muita adesão dos Angolanos na diáspora e prevê ainda:

“Apesar da garantia de que as manifestações serão pacíficas, democráticas e legítimas, inspiradas no Movimento de «Não-Violência» e a favor de paz e estabilidade em Angola, é bem possível (já há, aliás, indícios nesse sentido) que o regime do MPLA procure impedir a sua realização.”

Reacções em suspenso

De facto, espera-se que o governo reprima a manifestação, caso venha a acontecer através do uso da violência.

Os alertas já foram dados pela voz do presidente do Grupo Parlamentar do MPLA, Virgílio de Fontes Pereira, que afirmou que

“num Estado Democrático não devem ser tolerados comportamentos individuais ou colectivos, praticados por quem quer que seja, que atentam contra a ordem constitucional e ponham em risco a estabilidade do mandato e do funcionamento dos órgãos legitimados para exercer os poderes Legislativo, Judicial e Executivo.”

Dino Matross, dirigente do MPLA foi ainda mais longe e sem papas na língua afirmou à emissora Luanda Antena Comercial que quem tiver a coragem de se manifestar, “vai apanhar”.

As palavras deste dirigente não são no entanto suficientes para desmotivar o desejo de mudança dos Angolanos. O Diário da Liberdade, traz a declaração de um jovem Angolano que afirma não recear a máquina trituradora do Estado.

“Um jovem angolano disse, e com razão, que o povo de Angola já não é aquele povo de 20 anos atrás. Atualmente conhecemos a besta que vamos derrubar e não somos intimidados pelas ameaças mesquinhas do corrupto Dino Matross (secretário-geral do MPLA).”

Em resposta ao anúncio da revolta, o Comité de Especialidade do MPLA para a Mudança convocou uma contra-manifestação para hoje, dia 5 de Março, em Luanda, com o objectivo de impedir manifestações contrárias ao Governo.

Carlos Alberto Jr. republica o email em circulação com tal convocatória no blog Diário de África, e conclui:

“Com uma população miserável e uma juventude cada vez mais insatisfeita, as autoridades precisarão de muita habilidade para manter o país nos trilhos.”

Escrito por Clara Onofre - Postado em 5 Março, 2011

Outros títulos Global Voices:
Angola: Despejos em Massa Deslocam Milhares
Lusofonia: Buala “dá fala” sobre culturas africanas contemporâneas
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3 comentários:

Anónimo disse...

Quando a CIA intervém até os cartazes são fieis às origens

Anónimo disse...

ta certo q as coisas nao estao boas,mas se tirarem o ze du,quem pretendem por?porque as vzs e melhor deixar como esta do que piorar as coisas.eu apelo e espero q essa manifestacao seje pacifica,que nao seje como as que estao a acontecer em paises como egipto,libia e tunisia,ate porque com uma guerra estariao a piorar a situacao.estamos em desenvolvimento em algumas partes nao vamos deixar q os jovens e as criancas sofram mais,pelo amor de deus,nao queremos destruicao,guerra,sofrimento,fome,mortes e choros porque se um dia o povo ergueu as maos,combateu,pediu e conseguiu a paz,porque e que agora o povo vai pedir guerra??as criancas comecaram a estudar esse ano estao assustadas,com medo,nos nao queremos GUERRA E NEM MORTES.

Anónimo disse...

ta certo q as coisas nao estao boas,mas se tirarem o ze du,quem pretendem por?porque as vzs e melhor deixar como esta do que piorar as coisas.eu apelo e espero q essa manifestacao seje pacifica,que nao seje como as que estao a acontecer em paises como egipto,libia e tunisia,ate porque com uma guerra estariao a piorar a situacao.estamos em desenvolvimento em algumas partes nao vamos deixar q os jovens e as criancas sofram mais,pelo amor de deus,nao queremos destruicao,guerra,sofrimento,fome,mortes e choros porque se um dia o povo ergueu as maos,combateu,pediu e conseguiu a paz,porque e que agora o povo vai pedir guerra??as criancas comecaram a estudar esse ano estao assustadas,com medo,nos nao queremos GUERRA E NEM MORTES.