FILIPE D’AVILEZ - RÁDIO RENANCENÇA – 02 março 2011
Um português expatriado, um luso-angolano e um angolano. A Renascença falou com três pessoas que vivem actualmente em Luanda sobre a manifestação que estará a ser agendada para o dia 7 de Março na capital de Angola, mas nenhum parece muito convencido pela iniciativa.
A convocação para a manifestação circula por e-mail e SMS há semanas. O autor é anónimo, e desafia a uma “Nova Revolução Angolana”. Pede-se uma concentração no Largo da Independência, em Luanda, e também por todo o resto do país, a 7 de Março.
A notícia desta manifestação, claramente inspirada nas revoltas dos países árabes, tem circulado tão rapidamente como os boatos de que o Governo, principal visado da manifestação, se prepara para reprimir qualquer acção de protesto.
O luso-angolano Helder Marques, ex-jornalista da RTP e actualmente a dar formação na área de jornalismo em Luanda, confessa que ainda não viu qualquer movimentação por parte das forças de segurança: “Contrariamente ao que já li em como já foram reforçadas medidas de segurança em Luanda, embora discretamente… Se foram não dei por elas, ou então são muitíssimo discretas, porque até agora não dei por nada em qualquer ponta da cidade, isto a falar de uma observação praticamente diária, tenho oportunidade de circular em Luanda e não vi nada disso”.
Manifestação convocada para Luanda não assusta residentes
Já o designer gráfico português Tiago Tomé, a viver em Angola há cerca de um ano, afirma que tem notado um aumento do policiamento, mas mostra-se muito céptico quanto à realização de facto de uma manifestação: “Tento consultado tanto nacionais como expatriados, achamos que isso não terá aderência de todo, ou que de alguma forma será «abafado» pelo Governo. No geral noto descontracção tanto dentro como fora do ambiente de trabalho. A comunidade portuguesa está de alerta, mas ainda assim não conheço ninguém que esteja de malas feitas”, afirma.
Traumas de guerra
Para Helder Marques, o principal erro vem de pensar que Angola tem paralelo com os países árabes. Os casos, afirma, não são comparáveis: “O facto do partido de o regime político em Angola estar no poder há uma trintena de anos não é exactamente a mesma coisa que os outros regimes políticos. Note-se, Angola esteve em guerra durante 37 anos, de 75 a 2002, está em paz há 9 anos, está num processo de recuperação e reconstrução aceleradíssimo e muito importante, portanto o histórico não é comparável.”
Todavia, reconhece que até haveria razões para protestos: “Se há motivos de insatisfação? Há sim senhor. Já tem havido manifestações públicas de insatisfação, temos assistido a isso aqui na cidade e no país. Mas não me parece que seja um assunto comparável, e é um bocado arriscado até fazer-se essa comparação, no sentido em que podemos cair num tremendo erro.”
Na mente de muitos angolanos permanecem as memórias dos anos de guerra civil e haverá, consideram os mais cépticos, pouca vontade para arriscar novos casos de violência. Elias Oliveira, angolano e analista de assuntos angolanos, ligado à cena política de Luanda, considera por essa razão que é muito pouco provável que acabe por haver alguma espécie de manifestação.
“Creio que é pouco provável acontecer uma manifestação em Luanda ou qualquer ponto de Angola. Primeiro porque a polícia não permite, segundo porque os acontecimentos de Luanda que nas primeiras eleições, levaram a morte de muitos angolanos deixaram em luandenses um trauma. Na semana passada o Secretário-geral do MPLA fez questão de relembrar essa fase negra da história de Angola e pedir calma as pessoas”, explica Elias Oliveira.
Quanto ao Governo, “o e-mail que tem sido enviado para muitos angolanos não está a preocupar as autoridades nem os órgãos de segurança interna. Está tudo calmo.”
A cinco dias da suposta manifestação, e com os e-mails e as mensagens ainda a circular, resta esperar para ver se a “primavera árabe” apresenta ou não uma ameaça ao regime angolano.
Um português expatriado, um luso-angolano e um angolano. A Renascença falou com três pessoas que vivem actualmente em Luanda sobre a manifestação que estará a ser agendada para o dia 7 de Março na capital de Angola, mas nenhum parece muito convencido pela iniciativa.
A convocação para a manifestação circula por e-mail e SMS há semanas. O autor é anónimo, e desafia a uma “Nova Revolução Angolana”. Pede-se uma concentração no Largo da Independência, em Luanda, e também por todo o resto do país, a 7 de Março.
A notícia desta manifestação, claramente inspirada nas revoltas dos países árabes, tem circulado tão rapidamente como os boatos de que o Governo, principal visado da manifestação, se prepara para reprimir qualquer acção de protesto.
O luso-angolano Helder Marques, ex-jornalista da RTP e actualmente a dar formação na área de jornalismo em Luanda, confessa que ainda não viu qualquer movimentação por parte das forças de segurança: “Contrariamente ao que já li em como já foram reforçadas medidas de segurança em Luanda, embora discretamente… Se foram não dei por elas, ou então são muitíssimo discretas, porque até agora não dei por nada em qualquer ponta da cidade, isto a falar de uma observação praticamente diária, tenho oportunidade de circular em Luanda e não vi nada disso”.
Manifestação convocada para Luanda não assusta residentes
Já o designer gráfico português Tiago Tomé, a viver em Angola há cerca de um ano, afirma que tem notado um aumento do policiamento, mas mostra-se muito céptico quanto à realização de facto de uma manifestação: “Tento consultado tanto nacionais como expatriados, achamos que isso não terá aderência de todo, ou que de alguma forma será «abafado» pelo Governo. No geral noto descontracção tanto dentro como fora do ambiente de trabalho. A comunidade portuguesa está de alerta, mas ainda assim não conheço ninguém que esteja de malas feitas”, afirma.
Traumas de guerra
Para Helder Marques, o principal erro vem de pensar que Angola tem paralelo com os países árabes. Os casos, afirma, não são comparáveis: “O facto do partido de o regime político em Angola estar no poder há uma trintena de anos não é exactamente a mesma coisa que os outros regimes políticos. Note-se, Angola esteve em guerra durante 37 anos, de 75 a 2002, está em paz há 9 anos, está num processo de recuperação e reconstrução aceleradíssimo e muito importante, portanto o histórico não é comparável.”
Todavia, reconhece que até haveria razões para protestos: “Se há motivos de insatisfação? Há sim senhor. Já tem havido manifestações públicas de insatisfação, temos assistido a isso aqui na cidade e no país. Mas não me parece que seja um assunto comparável, e é um bocado arriscado até fazer-se essa comparação, no sentido em que podemos cair num tremendo erro.”
Na mente de muitos angolanos permanecem as memórias dos anos de guerra civil e haverá, consideram os mais cépticos, pouca vontade para arriscar novos casos de violência. Elias Oliveira, angolano e analista de assuntos angolanos, ligado à cena política de Luanda, considera por essa razão que é muito pouco provável que acabe por haver alguma espécie de manifestação.
“Creio que é pouco provável acontecer uma manifestação em Luanda ou qualquer ponto de Angola. Primeiro porque a polícia não permite, segundo porque os acontecimentos de Luanda que nas primeiras eleições, levaram a morte de muitos angolanos deixaram em luandenses um trauma. Na semana passada o Secretário-geral do MPLA fez questão de relembrar essa fase negra da história de Angola e pedir calma as pessoas”, explica Elias Oliveira.
Quanto ao Governo, “o e-mail que tem sido enviado para muitos angolanos não está a preocupar as autoridades nem os órgãos de segurança interna. Está tudo calmo.”
A cinco dias da suposta manifestação, e com os e-mails e as mensagens ainda a circular, resta esperar para ver se a “primavera árabe” apresenta ou não uma ameaça ao regime angolano.
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4 comentários:
os senhores jornalistas gostam muito de dar noticias como os abutres vao a carniça. nao medem as consequencias de uma mnifestação em angola . e necessario reenvindicar mas falem com conhecimento de causa. o jornalista que escreveu isto é cego e papagaio não conhece a realidade angolana como tal e prefere empurrar os angolanos para a carnificina, deixwm de ser criminosos.
A CIA não passará!
Quem fomenta este tipo de revolução quer brincar e queimar os outros. Não discuto razões nem opiniões, mas o que sei é que Angola não está preparada para este tipo de acções. Nem todos os políticos sabem como lidar com isto, nem muitas das pessoas sabem como agir com ordem e civismo. Caso haja alguma coisa, muita mãe vai chorar, muitos amigos se vão perder. Aos jornalistas, pede-se conhecimento da realidade no terreno e respeito pelas vidas alheias, não brinquem com a vida de ninguém.
Pessoalmente e analisando o histórico da situação politica, social e economica de Angola, não estou de acordo em fazer-se a Manifestação clonando-se á situação histórica dos países árabes.
Manifestações devemo-la fazer sim senhor, mas dentro de um quadro coerente e concreto de situações reivindicativas vividas no nosso país.
Valter de Melo
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