... ao regime de um ditador
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ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA
O vice-presidente do MPLA, Roberto Victor de Almeida, denunciou hoje, em Luanda, a existência de forças que procuram emperrar o desenvolvimento do país e o bem-estar os cidadãos. Só podia. Quando será que essas forças entenderão, de uma vez por todas, que José Eduardo dos Santos é – na Terra – o mesmo que Deus?
Roberto de Almeida fez este pronunciamento quando discursava no acto político realizado no final da Marcha Patriótica pela Paz, no Marco Histórico "4 de Fevereiro", no município do Cazenga e que se calcula tenha contado com a presença de milhões e milhões de angolanos. Bento Bento fala de três milhões mas, cá para mim, terão sido no mínimo uns seis milhões...
Para o político, “muitas pessoas ainda não querem que os angolanos se afirmem como um povo vitorioso, capaz de realizar muitas coisas, de melhorar a vida dos cidadãos, a saúde, a habitação, dar água e energia ao povo e que pode reconstruir o país”.
Com é hábito no regime, continua a misturar-se os angolanos com os donos do país, esquecendo-se que os angolanos, o Povo, estão acima de tudo e que é por eles que se luta, e não pelos que se julgam de uma casta superior e, por isso, donos do país e da saua população.
“Muita gente quer interromper a nossa caminhada. Querem que paremos o nosso trabalho, o que é inaceitável”, declarou, entre aplausos de "milhares" de pessoas, concentradas no Marco Histórico do 4 de Fevereiro.
É, desde logo, estranho que a Angop (a agência de notícias do regime) fale apenas de milhares de pessoas, sobretudo quando as ordens superiores eram para que se falasse de, pelo menos, dois milhões.
Roberto de Almeida afirmou ainda que "onde havia uma ponte partida, há uma moderna, onde havia estrada com buracos temos uma estrada asfaltada, permitindo aos angolanos moverem-se livremente dentro do país".
É verdade. Como também é verdade que onde havia angolanos a morrer à fome, há agora mais angolanos a morrer à fome. Onde havia angolanos a morrer sem assistência médica, há agora mais angolanos a morrer pelas mesmas razões.
O vice-presidente do MPLA fez ainda alusão às eleições de 2008, ganhas pela MPLA e observadas por organizações nacionais e internacionais, que as considerou - disse ele - como sendo transparentes, livres e justas.
E por falar nesse simulacro de eleições de 2008, recorde-se que foi pela voz do então presidente da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), Caetano de Sousa, que o mundo ficou a saber que as verdades têm prazo de validade. Ou seja, as observações feitas pela União Europeia em relação a essas supostas eleições foram extemporâneas por não terem sido divulgadas logo após o pleito de 5 de Setembro.
Em declarações à Voz da América, Caetano de Sousa considerou que as posições expressas no relatório final da Missão de Observação da União Europeia não deviam sequer ser feitas nessa altura.
Eu digo mais. Nem nessa altura nem nunca. Aliás, a União Europeia nem sequer deveria ter mandado uma missão de observadores ao mais democrático e transparente Estado de Direito do mundo, Angola.
É que para fazerem figuras de urso ou de palhaço, os observadores europeus bem poderiam continuar a actuar em exclusivo no circo europeu.
O relatório então apresentado, em Luanda, pela chefe da Missão de Observação da União Europeia, Luísa Morgantini, denunciou falhas, irregularidades, fraudes e quejandos no desempenho da CNE no que toca à imparcialidade na tomada de decisões, assim como na garantia de transparência durante o acto eleitoral.
O relatório apresentado à imprensa referia-se a um leque de anomalias registadas durante a votação, desde a notória falta de acesso dos representantes dos partidos políticos ao centro de apuramento central, à não acreditação de um número significativo de observadores domésticos do maior grupo de observadores na capital.
Interessante foi ver que, mesmo obrigados a comer e a calar, os observadores europeus não deixarem de verificar que, por exemplo, uma província «apresentou uma participação eleitoral de 108%» e que «não foram utilizados os cadernos eleitorais para a verificação dos eleitores no dia das eleições e como tal, não houve mais salvaguarda contra os votos múltiplos além da tinta indelével, e nenhum meio para confirmar as inesperadamente elevadas taxas de participação eleitoral».
A Missão de Observação da União Europeia disse ainda que «houve falta de transparência no apuramento dos resultados eleitorais», «que não foi autorizada a presença de representantes dos partidos políticos nem de observadores para testemunhar a introdução dos resultados no sistema informático nacional e não foi realizado um apuramento manual em separado”, para além de “não terem sido publicados os resultados desagregados por mesa de voto e como tal não foi possível a verificação dos resultados».
Interessanta também é recordar aos donos da verdade em Angola, que no Kwanza Norte, durante o censo eleitoral foram registados 156.666 eleitores e que, por incrível que pareça, todos os eleitores inscritos (156.666) votaram. Nem mais 1, nem menos 1. Os inscritos ao longo de aproximadamente 2 anos, estavam todos vivos, permaneceram na mesma província ou para lá se deslocaram para votar...
*Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.
Ler também: E se é o dono da Mota-Engil que o diz...
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O vice-presidente do MPLA, Roberto Victor de Almeida, denunciou hoje, em Luanda, a existência de forças que procuram emperrar o desenvolvimento do país e o bem-estar os cidadãos. Só podia. Quando será que essas forças entenderão, de uma vez por todas, que José Eduardo dos Santos é – na Terra – o mesmo que Deus?
Roberto de Almeida fez este pronunciamento quando discursava no acto político realizado no final da Marcha Patriótica pela Paz, no Marco Histórico "4 de Fevereiro", no município do Cazenga e que se calcula tenha contado com a presença de milhões e milhões de angolanos. Bento Bento fala de três milhões mas, cá para mim, terão sido no mínimo uns seis milhões...
Para o político, “muitas pessoas ainda não querem que os angolanos se afirmem como um povo vitorioso, capaz de realizar muitas coisas, de melhorar a vida dos cidadãos, a saúde, a habitação, dar água e energia ao povo e que pode reconstruir o país”.
Com é hábito no regime, continua a misturar-se os angolanos com os donos do país, esquecendo-se que os angolanos, o Povo, estão acima de tudo e que é por eles que se luta, e não pelos que se julgam de uma casta superior e, por isso, donos do país e da saua população.
“Muita gente quer interromper a nossa caminhada. Querem que paremos o nosso trabalho, o que é inaceitável”, declarou, entre aplausos de "milhares" de pessoas, concentradas no Marco Histórico do 4 de Fevereiro.
É, desde logo, estranho que a Angop (a agência de notícias do regime) fale apenas de milhares de pessoas, sobretudo quando as ordens superiores eram para que se falasse de, pelo menos, dois milhões.
Roberto de Almeida afirmou ainda que "onde havia uma ponte partida, há uma moderna, onde havia estrada com buracos temos uma estrada asfaltada, permitindo aos angolanos moverem-se livremente dentro do país".
É verdade. Como também é verdade que onde havia angolanos a morrer à fome, há agora mais angolanos a morrer à fome. Onde havia angolanos a morrer sem assistência médica, há agora mais angolanos a morrer pelas mesmas razões.
O vice-presidente do MPLA fez ainda alusão às eleições de 2008, ganhas pela MPLA e observadas por organizações nacionais e internacionais, que as considerou - disse ele - como sendo transparentes, livres e justas.
E por falar nesse simulacro de eleições de 2008, recorde-se que foi pela voz do então presidente da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), Caetano de Sousa, que o mundo ficou a saber que as verdades têm prazo de validade. Ou seja, as observações feitas pela União Europeia em relação a essas supostas eleições foram extemporâneas por não terem sido divulgadas logo após o pleito de 5 de Setembro.
Em declarações à Voz da América, Caetano de Sousa considerou que as posições expressas no relatório final da Missão de Observação da União Europeia não deviam sequer ser feitas nessa altura.
Eu digo mais. Nem nessa altura nem nunca. Aliás, a União Europeia nem sequer deveria ter mandado uma missão de observadores ao mais democrático e transparente Estado de Direito do mundo, Angola.
É que para fazerem figuras de urso ou de palhaço, os observadores europeus bem poderiam continuar a actuar em exclusivo no circo europeu.
O relatório então apresentado, em Luanda, pela chefe da Missão de Observação da União Europeia, Luísa Morgantini, denunciou falhas, irregularidades, fraudes e quejandos no desempenho da CNE no que toca à imparcialidade na tomada de decisões, assim como na garantia de transparência durante o acto eleitoral.
O relatório apresentado à imprensa referia-se a um leque de anomalias registadas durante a votação, desde a notória falta de acesso dos representantes dos partidos políticos ao centro de apuramento central, à não acreditação de um número significativo de observadores domésticos do maior grupo de observadores na capital.
Interessante foi ver que, mesmo obrigados a comer e a calar, os observadores europeus não deixarem de verificar que, por exemplo, uma província «apresentou uma participação eleitoral de 108%» e que «não foram utilizados os cadernos eleitorais para a verificação dos eleitores no dia das eleições e como tal, não houve mais salvaguarda contra os votos múltiplos além da tinta indelével, e nenhum meio para confirmar as inesperadamente elevadas taxas de participação eleitoral».
A Missão de Observação da União Europeia disse ainda que «houve falta de transparência no apuramento dos resultados eleitorais», «que não foi autorizada a presença de representantes dos partidos políticos nem de observadores para testemunhar a introdução dos resultados no sistema informático nacional e não foi realizado um apuramento manual em separado”, para além de “não terem sido publicados os resultados desagregados por mesa de voto e como tal não foi possível a verificação dos resultados».
Interessanta também é recordar aos donos da verdade em Angola, que no Kwanza Norte, durante o censo eleitoral foram registados 156.666 eleitores e que, por incrível que pareça, todos os eleitores inscritos (156.666) votaram. Nem mais 1, nem menos 1. Os inscritos ao longo de aproximadamente 2 anos, estavam todos vivos, permaneceram na mesma província ou para lá se deslocaram para votar...
*Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.
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