Organismo da ONU deverá enviar equipa de especialistas
Japão pede apoio à Agência de Energia Atómica após explosão em central nuclear
Isabel Gorjão Santos – Público, com agências
O Japão pediu à Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) o envio de uma equipa de especialistas após duas explosões na central nuclear de Fukushima. Uma das explosões ocorreu esta manhã, mas as autoridades afastaram a hipótese de fugas radioactivas em larga escala.
O director-geral da AIEA, Yukiya Amano, confirmou o pedido de ajuda do Japão, que apelou ao envio de uma equipa de especialistas. “Estamos a definir os detalhes”, adiantou o responsável da agência da ONU à AFP. A ajuda já tinha sido oferecida pouco após o sismo de sexta-feira que esteve na origem de duas explosões na central de Fukushima, a cerca de 250 quilómetros de Tóquio.
Amano adiantou que não é provável que este desastre venha a ter as dimensões do maior desastre nuclear de sempre, que ocorreu em Tchernobil, na Ucrânia, em 1986. Também a agência de segurança nuclear japonesa excluiu a hipótese de um acidente semelhante ao de Tchernobil na central de Fukushima, mas a Autoridade para a Segurança Nuclear Francesa (ASN) classificou o acidente na central japonesa no nível “5 ou 6” numa escala internacional cujo máximo é 7, a partir de informações fornecidas pelas autoridades japonesas. O presidente da agência francesa, André-Claude Lacoste, adiantou à Reuters que o nível 4 “é um nível grave” e sublinhou: “Creio que estaremos perante o nível 5, ou mesmo o nível 6”.
A explosão desta manhã ocorreu no reactor 3 da central de Fukushima, dois dias após outra explosão no reactor 1. Um terceiro reactor apresenta problemas de refrigeração, ainda que as autoridades japonesas tenham considerado “improvável” uma explosão nesse reactor 2, o terceiro em perigo na central.
A agência de segurança nuclear japonesa indicou que o rebentamento se ficou a dever a uma concentração de hidrogénio e as autoridades indicaram que o núcleo do reactor continua intacto e que os níveis de radiação permanecem abaixo dos limites legais.
A empresa responsável pela central, a Tokyo Electric Power (TEPCO), adiantou ser possível a fusão do núcleo de um dos reactores da central por ter descido o nível da água que cobre o combustível nuclear e permite controlar a temperatura. Se isso acontecer, haverá uma nova explosão e será libertado material radioactivo para a atmosfera. Para evitar o sobreaquecimento do núcleo, tem sido injectada água marinha no reactor 2, adiantaram as autoridades japonesas aos responsáveis da AIEA. Para além de apoio à agência da ONU, o Japão pediu aos EUA equipamento para fornecimento de água e outros recursos que ajudem a arrefecer o reactor.
O porta-voz do Governo japonês, Yukio Edano, indicou que as possibilidades de fuga radioactiva após a explosão desta sexta-feira são “baixas”. Apesar disso, dezenas de milhares de pessoas já foram retiradas, nos últimos dias, da zona em volta da central nuclear. Pelo menos 22 pessoas estão a ser tratadas após exposição a radiações.
Após a explosão estavam desaparecidas sete pessoas, que entretanto já foram encontradas, relata a agência Jiji. Seis delas sofreram ferimentos.
Europa reage ao acidente nuclear
O acidente nuclear no Japão tem causado diversas reacções em todo o mundo. A chanceler alemã Angela Merkel anunciou que irá suspender por três meses os planos para alargar a vida das centrais nucleares na Alemanha. O Parlamento tinha decidido prolongar por mais 12 anos o funcionamento das 17 centrais no país, mas agora a decisão será reavaliada nas próximas semanas.
A Suíça, por outro lado, anunciou a suspensão dos projectos de renovação das suas centrais de acordo com “normas de segurança mais restritas”, adiantou a AFP. E, na Áustria, o ministro do Ambiente Nikolaus Berlakovitch, apelou à realização de “testes de resistência nas centrais nucleares de toda a Europa”, onde existem 143 reactores.
A Comissão Europeia já convocou para esta terça-feira uma reunião dos ministros de Energia da União Europeia e das autoridades nacionais para a segurança nuclear, em Bruxelas, para debater a situação no Japão.
Entretanto a Rússia anunciou que irá redireccionar cerca de seis mil megawatts de electricidade para o Japão que enfrenta problemas energéticos, declarou hoje o vice-primeiro-ministro russo Igor Setchine.O Exército Americano, que tem estado a ajudar nas operações de socorro, fez saber, porém, que mudou os seus barcos e aviões da zona, depois de um dos seus porta-aviões ter detectado níveis de radiação a cerca de 160 quilómetros da costa.
O desastre natural de sexta-feira matou centenas de pessoas e deixou milhares desaparecidos. Está em curso uma enorme operação de resgate.
Até ao momento as autoridades confirmaram 1597 mortos, mas o número final de vítimas deverá ser muito superior. O tsunami entrou até dois quilómetros pela terra dentro e, de acordo com a repórter da BBC Rachel Harvey, enviada para os locais mais afectados pela catástrofe, não parece muito provável que se venham a encontrar muitos sobreviventes.
A agência noticiosa Kyodo indicou que 2000 corpos foram hoje encontrados nas costas da região de Miyagi, mas as autoridades ainda não confirmaram este balanço.
Ligações de interesse no PÚBLICO (recomendado):
Três dias depois o Japão ainda não acalmou
Terceiro reactor de Fukushima com problemas
Dois mil corpos encontrados em zona costeira
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Um sismo destes no Leste europeu seria "catástrofe nuclear mundial”
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Lobby nuclear alemão defende segurança das suas centrais
Fotogaleria: Devastação e dor no Japão
- VER O QUE JÁ PUBLICÁMOS SOBRE A CATÁSTROFE NO JAPÃO
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Isabel Gorjão Santos – Público, com agências
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O director-geral da AIEA, Yukiya Amano, confirmou o pedido de ajuda do Japão, que apelou ao envio de uma equipa de especialistas. “Estamos a definir os detalhes”, adiantou o responsável da agência da ONU à AFP. A ajuda já tinha sido oferecida pouco após o sismo de sexta-feira que esteve na origem de duas explosões na central de Fukushima, a cerca de 250 quilómetros de Tóquio.
Amano adiantou que não é provável que este desastre venha a ter as dimensões do maior desastre nuclear de sempre, que ocorreu em Tchernobil, na Ucrânia, em 1986. Também a agência de segurança nuclear japonesa excluiu a hipótese de um acidente semelhante ao de Tchernobil na central de Fukushima, mas a Autoridade para a Segurança Nuclear Francesa (ASN) classificou o acidente na central japonesa no nível “5 ou 6” numa escala internacional cujo máximo é 7, a partir de informações fornecidas pelas autoridades japonesas. O presidente da agência francesa, André-Claude Lacoste, adiantou à Reuters que o nível 4 “é um nível grave” e sublinhou: “Creio que estaremos perante o nível 5, ou mesmo o nível 6”.
A explosão desta manhã ocorreu no reactor 3 da central de Fukushima, dois dias após outra explosão no reactor 1. Um terceiro reactor apresenta problemas de refrigeração, ainda que as autoridades japonesas tenham considerado “improvável” uma explosão nesse reactor 2, o terceiro em perigo na central.
A agência de segurança nuclear japonesa indicou que o rebentamento se ficou a dever a uma concentração de hidrogénio e as autoridades indicaram que o núcleo do reactor continua intacto e que os níveis de radiação permanecem abaixo dos limites legais.
A empresa responsável pela central, a Tokyo Electric Power (TEPCO), adiantou ser possível a fusão do núcleo de um dos reactores da central por ter descido o nível da água que cobre o combustível nuclear e permite controlar a temperatura. Se isso acontecer, haverá uma nova explosão e será libertado material radioactivo para a atmosfera. Para evitar o sobreaquecimento do núcleo, tem sido injectada água marinha no reactor 2, adiantaram as autoridades japonesas aos responsáveis da AIEA. Para além de apoio à agência da ONU, o Japão pediu aos EUA equipamento para fornecimento de água e outros recursos que ajudem a arrefecer o reactor.
O porta-voz do Governo japonês, Yukio Edano, indicou que as possibilidades de fuga radioactiva após a explosão desta sexta-feira são “baixas”. Apesar disso, dezenas de milhares de pessoas já foram retiradas, nos últimos dias, da zona em volta da central nuclear. Pelo menos 22 pessoas estão a ser tratadas após exposição a radiações.
Após a explosão estavam desaparecidas sete pessoas, que entretanto já foram encontradas, relata a agência Jiji. Seis delas sofreram ferimentos.
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O acidente nuclear no Japão tem causado diversas reacções em todo o mundo. A chanceler alemã Angela Merkel anunciou que irá suspender por três meses os planos para alargar a vida das centrais nucleares na Alemanha. O Parlamento tinha decidido prolongar por mais 12 anos o funcionamento das 17 centrais no país, mas agora a decisão será reavaliada nas próximas semanas.
A Suíça, por outro lado, anunciou a suspensão dos projectos de renovação das suas centrais de acordo com “normas de segurança mais restritas”, adiantou a AFP. E, na Áustria, o ministro do Ambiente Nikolaus Berlakovitch, apelou à realização de “testes de resistência nas centrais nucleares de toda a Europa”, onde existem 143 reactores.
A Comissão Europeia já convocou para esta terça-feira uma reunião dos ministros de Energia da União Europeia e das autoridades nacionais para a segurança nuclear, em Bruxelas, para debater a situação no Japão.
Entretanto a Rússia anunciou que irá redireccionar cerca de seis mil megawatts de electricidade para o Japão que enfrenta problemas energéticos, declarou hoje o vice-primeiro-ministro russo Igor Setchine.O Exército Americano, que tem estado a ajudar nas operações de socorro, fez saber, porém, que mudou os seus barcos e aviões da zona, depois de um dos seus porta-aviões ter detectado níveis de radiação a cerca de 160 quilómetros da costa.
O desastre natural de sexta-feira matou centenas de pessoas e deixou milhares desaparecidos. Está em curso uma enorme operação de resgate.
Até ao momento as autoridades confirmaram 1597 mortos, mas o número final de vítimas deverá ser muito superior. O tsunami entrou até dois quilómetros pela terra dentro e, de acordo com a repórter da BBC Rachel Harvey, enviada para os locais mais afectados pela catástrofe, não parece muito provável que se venham a encontrar muitos sobreviventes.
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