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Rio de Janeiro, 07 abr (Lusa) - O ministro brasileiro da Defesa, Nelson Jobim, criticou hoje a "carta branca" da NATO, que permite qualquer tipo de intervenção no mundo, até mesmo sem obter aprovação prévia do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
"Vejo com preocupação o novo conceito estratégico da NATO que terá condições de intervir em qualquer lugar do mundo onde os interesses dos países integrantes do Tratado tenham sido lesados. Isso é carta branca", criticou.
Nelson Jobim falava num seminário internacional para especialistas e académicos de relações internacionais sobre como o país pode e deve utilizar o seu novo estatuto de "global player", diante da projeção internacional adquirida nos últimos anos.
O ministro da Defesa foi o orador de honra do evento promovido pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) em pareceria com o instituto britânico Chatham House, e falou do papel do Brasil como importante ator de desenvolvimento e segurança global.
Para Nelson Jobim, o Brasil deve deixar clara a sua participação internacional em países como no Haiti e agora no Líbano, com o objetivo de manter a paz e não de "fazer a paz".
"Temos que ter muita cautela nesse tipo de participação para a não utilização de tropas brasileiras no atendimento de interesses que não sejam internacionais", ressaltou Jobim.
Ao longo de sua história, a NATO mudou a sua conceção ao ter sido criada para a proteção dos Estados europeus no período da Guerra Fria em relação à União Soviética.
"Correspondia de um lado o Tratado do Atlântico Norte e, por outro lado, o Tratado de Varsóvia. Depois que acabou a União Soviética falava-se até na extinção da NATO porque se destinava à defesa dos países europeus", referiu.
Segundo o ministro brasileiro, simbolicamente os países do Atlântico Norte passariam a ter direito de intervir em qualquer lugar do mundo.
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