sexta-feira, 15 de abril de 2011

Brics trocam o dólar por moedas nacionais para empréstimos entre si




Deutsche Welle - Correio do Brasil

O terceiro encontro de cúpula dos Brics, realizado na cidade chinesa de Sanya, foi uma reunião de concordâncias. Os líderes das principais nações emergentes do mundo – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, esta recém-chegada ao grupo – querem continuar promovendo “um crescimento robusto, sustentável e equilibrado” da economia mundial, declarou o presidente chinês, Hu Jintao, nesta quinta-feira.

Os Brics querem também fortalecer as trocas comerciais entre os países do bloco. Depois de destacar a importância do bloco na recuperação global da economia – no cenário pós-crise de 2008 –, os líderes se manifestaram a favor de uma reforma do sistema monetário internacional, elevando a representação e influência das nações emergentes e em desenvolvimento nas instituições do sistema financeiro internacional.

Hu Jintao, anfitrião do encontro, afirmou que o desenvolvimento desigual é um dos problemas mais graves da economia mundial. Ele se manifestou a favor de um sistema de livre comércio internacional justo e contra todas as formas de protecionismo.

Na mesma moeda

A questão da moeda usada no comércio entre os cinco países avançou desde o encontro anterior, em Brasília. A presidente Dilma Rousseff, o presidente russo, Dimitri Medvedev, o primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, e o presidente sul-africano, Jacob Zuma, devem aprovar um acordo entre bancos que permitirá aos cinco países oferecer créditos ou ajuda financeira em suas próprias moedas – e não mais em dólar.

O Banco de Desenvolvimento da China declarou-se pronto para injetar 10 bilhões de yuans em empréstimos no Brasil, na Rússia, na Índia e na África do Sul. Segundo o presidente do banco, Chen Yuan, a decisão faz parte dos esforços do grupo em diminuir o uso do dólar no comércio e nos investimentos bilaterais e tem como foco grandes projetos nas áreas petrolífera, de gás natural e de infraestrutura.

Mundo árabe

Além das discussões econômicas, os Brics também pediram o fim dos conflitos na Líbia. “Nós partilhamos o princípio de que o uso da força deveria ser evitado. Temos a visão de que as partes deveriam resolver suas diferenças por meios pacíficos e pelo diálogo”, diz o comunicado conjunto.

China, Rússia, Brasil e Índia se abstiveram na votação do Conselho de Segurança das Nações Unidas, em 17 de março, na qual foram autorizados os ataques aéreos no país governado pelo ditador Muammar Gaddafi. A África do Sul, no entanto, votou a favor da intervenção militar, mas o presidente Zuma, durante visita a Trípoli no último domingo, pediu à Otan que interrompa a ofensiva militar.

Conselho de Segurança

Um assunto já há muito debatido voltou a ser tema no encontro dos Brics. Brasil, Índia e África do Sul querem uma reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas e pleiteiam mais espaço para influenciar a tomada de decisões. “A reforma do Conselho de Segurança da ONU é essencial. Não é possível que nós nos atenhamos a acordos institucionais que foram constituídos no período pós-Guerra”, afirmou Dilma.

China e Rússia, que são membros permanentes do Conselho, deram apoio às aspirações dos outros Brics. “China e Rússia reiteram a importância que dão ao status de Índia, Brasil e África do Sul nos assuntos internacionais e entendem e apoiam sua aspiração de desempenhar um papel maior na ONU”, diz a declaração final dos Brics.

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