domingo, 17 de abril de 2011

Dissidentes cubanos afirmam que reformas económicas são apenas...



... um "paliativo"

JORNAL DE NOTÍCIAS – 17 abril 2011

As medidas anunciadas pelo presidente de Cuba, Raúl Castro, para superar a crise económica que afecta o país são apenas "paliativos", disse este domingo o porta-voz dos dissidentes cubanos em Espanha, citado pela agência de notícias France Press.

Estas medidas são "paliativos que aliviam a dor, mas não curam a doença endémica do povo cubano, que é essencialmente a falta de liberdade e de direitos", disse à AFP Ernesto Gutierrez, secretário-geral da Federação das organizações de cubanas em Espanha.

No VI Congresso do Partido Comunista Cubano, que começou sábado no Palácio de Convenções em Havana, o presidente cubano apresentou mais de 300 medidas para reformar a economia do país.

O corte de empregos no sector público, a abertura da economia à iniciativa privada, a autonomia das empresas públicas, a reforma do agro-alimentar e a abertura ao capital estrangeiro são as principais reformas propostas."Estas reformas são feitas apenas para poupar tempo e melhorar a credibilidade internacional [de Cuba], especialmente em termos financeiros e económicos", disse o dissidente cubano, há 20 anos em Espanha.

Com o anúncio, Raúl Castro "está a tentar apaziguar a crise económica que tomou conta" de Cuba, mas as medidas "não procuram de alguma forma resolver os verdadeiros problemas do país", acrescentou.

Ainda no congresso, o presidente cubano propôs limitar a dois períodos, de cinco anos cada, os mandatos dos principais cargos políticos e estatais, afirmando que a medida será aplicada a si mesmo.

Para o dissidente cubano, este anúncio tem pouca credibilidade já que os atuais dirigentes cubanos "sabem que não lhes resta muito mais de dez anos para viver, eles sabem que esta etapa está a terminar", disse Ernesto Gutierrez.

O VI Congresso do Partido Comunista Cubano decorrerá até 19 de Abril. Além das mudanças nas políticas económicas, o congresso debaterá ainda a sucessão de Fidel Castro, de 84 anos, que anunciou a intenção de renunciar ao cargo de primeiro secretário, que desempenha desde 1965, prevendo-se que o seu irmão, Raúl Castro, actual Presidente de Cuba, assuma o seu lugar.

O congresso, o primeiro dos últimos 14 anos, coincide com 50.º aniversário da tentativa fracassada norte-americana de invadir a Baía dos Porcos (1961), numa operação militar que procurava controlar a praia, formar um governo provisório, conseguir apoio da Organização de Estados Americanos e o reconhecimento internacional.

Em menos de 72 horas, a maioria dos invasores foi capturada pelo exército e milícias cubanos.

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