terça-feira, 12 de abril de 2011

Forte contingente policial impede manifestantes de chegar a Manzini

.
LUÍS ANDRADE DE SÁ - LUSA

Manzini, 12 abr (Lusa) -- Um forte contingente policial em Manzini, segunda maior cidade da Suazilândia, e nos seus arredores frustrou durante a manhã de hoje as intenções de associações sindicais de promoverem uma marcha a favor da democracia no país.

À primeira vista, parece haver mais polícias do que civis na cidade, sobretudo na rua Nkoseluhlaza, a via que atravessa a cidade, patrulhada por grupos de polícias, por soldados e constantemente cruzada por camiões com efetivos da polícia de choque, equipados com viseira, bastão e escudo.

A sede da Associação dos Professores da Suazilândia, um dos organizadores dos três dias de protestos, que hoje deviam começar, está cercada por grandes camiões da força anti-motim da polícia.

Os telefones da associação não funcionam, assim como os de outras estruturas sindicais que promoveram a marcha, como as associações de enfermeiros e de estudantes.

Diversas pessoas estão detidas num camião celular, não longe do local, constatou a Lusa quando, durante cerca de meia hora, o seu jornalista foi interrogado por agentes sobre a sua presença no país.

As vias de acesso a Manzini são fortemente vigiadas e os meios de transporte coletivos sujeitos a revista demorada e muitas pessoas não conseguiram ainda chegar à capital económica da Suazilândia, estando alguns estabelecimentos fechados ou a funcionar a meio gás.

Os protestos foram convocados por estruturas sindicais, no dia em que o país assinala o 38º aniversário da imposição do estado de emergência e a consequente proibição de partidos políticos, que exigem a demissão do governo e reformas democráticas.

"O povo precisa de um espaço para falar e para isso é necessário uma mudança de governo", disse à Lusa Joel Dlamini, pastor da igreja anglicana St George and St. James.

Hoje, o conselho das igrejas da Suazilândia emitiu um comunicado em que apela à reposição dos valores democráticos.

"Os que proíbem a liberdade aos outros não a merecem para eles", defende o conselho, que reitera o direito "do povo a expressar-se livremente e sem violência".

A alegada "mão" da África do Sul, cujos sindicatos promoveram hoje uma ação de solidariedade na fronteira, tem sido indiretamente criticada por fontes governamentais e também por aqueles que não acreditam "em coincidências".

"Como é que pode esta marcha ter sido convocada no Facebook se quase não há computadores na Suazilândia?", interrogou-se um português residente no país, sobre o papel de cibernautas sul-africanos na convocação dos protestos, ao lado dos sindicatos.

Falando diante do delapidado parque da rua Nkoseluhlaza, onde têm ocorrido os protestos populares, a empregada de um moderno café admitiu à Lusa não saber o que é a Internet.

O gabinete do primeiro-ministro da Suazilândia, Barnabas Dlamini, não respondeu a perguntas da Lusa, enviadas, na última semana, por e-mail e, hoje, repetidas por telefone.

Sem comentários: