domingo, 17 de outubro de 2010

Brasil - DILMA E SERRA ENDURECEM O TOM DA CAMPANHA ELEITORAL

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VANESSA RODRIGUES, em São Paulo - DIÁRIO DE NOTÍCIAS – 17 outubro 2010

Ataques pessoais têm dominado segunda volta. Voto de Marina Silva muito disputado.

Desde a semana passada, quando os candidatos presidenciais Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores, PT, e José Serra, do Partido da Social Democracia Brasileira, PSDB, se confrontaram em clima de ringue de boxe, naquele que foi o primeiro debate eleitoral entre os dois, o tom de campanha elevou-se com gravidade. Impôs-se, assim, o ruído de fundo desta campanha eleitoral à segunda volta, no Brasil. Dilma atacou, dizendo-se vítima de "calúnias e difamações" do PSDB, como as de querer amordaçar a imprensa, e questionou Serra sobre um ex-assessor, Paulo Vieira Souza, que terá fugido com quatro milhões de reais de campanha, aproximadamente 1,7 milhões de euros, quando o tucano foi governador de São Paulo. Serra não respondeu: intervalo. Esta semana pronunciou-se: Paulo é "inocente". O ex-assessor deu uma entrevista à Folha de São Paulo, pedindo provas ao PT, mas tornou-se já o "homem-bomba" da campanha petista contra Serra.

O instalado azedume entre os presidenciáveis tornou-se retumbante, turvando a percepção sobre o que realmente deveria importar para agarrar votos: propostas concretas. Pelo contrário, os dois candidatos envolveram-se numa disputa ferrenha pelos quase 20 milhões de votos que a ex-presidenciável dos Verdes, Marina Silva, teve na primeira volta. O apoio é oficialmente divulgado hoje pelo Partido Verde, PV. A fatia é decisiva para a vitória. Com a balança a pender para Serra por "afinidade". O tucano enviou uma car- ta ao presidente do PV, José Penna, falando em "grande convergên- cia entre o programa de governo do partido" e as propostas apresentadas por Marina Silva. O PT também já discutiu com os Verdes, em reunião, o programa de Governo.

Serra e Dilma sobrecarregaram a campanha eleitoral com temas controversos: aborto, fé, união civil entre homossexuais - ambos a favor com ressalvas para o casamento religioso -, e a birra das privatizações, que deixa estilhaços para o social-democrata. É Dilma quem dispara. Na rádio, a propaganda eleitoral do PT propala que Serra "falta com a verdade até para falar sobre o que fez", enquanto passou pelo Governo como ministro da Saúde e enquanto governador de São Paulo. "Se a propaganda dele mente, nós vamos ter de desmentir", escuta-se. A social-democracia, mais cauta nas críticas, diz-se "melhor preparada para governar" e vê as provocações como "desespero" dos petistas. A luz amarela do PT: as últimas sondagens põem Dilma, com 49%, a oito pontos de diferença do tucano, com 41%. O social-democrata mostra agora mais vontade de herdar o Palácio do Planalto.

Na recente campanha televisiva, após reiterarem em episódios anteriores que são pró-vida, desmarcando-se da liberalização do aborto, os presidenciáveis optaram por se comparar, colocando frente a frente os modelos de governo dos dois partidos e as respectivas biografias. Luzes e psicologia de massas voltados para os valores ali veiculados: "Dilma-mãe e avó"; Serra com "Deus no coração". Como se estivessem empenhados em demonstrar que há uma máscara por trás da estratégia de cada um, reivindicando puritanismo, com o volume no máximo. Hoje à noite há o segundo round do debate, na Rede TV.
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