RITA CARVALHO – DIÁRIO DE NOTÍCIAS – 17 outubro 2010
Desemprego e redução de apoios sociais fazem com que 300 mil precisem de ajuda.
São cada vez mais as famílias a precisar de apoio alimentar para sobreviver. Só no primeiro semestre deste ano mais 40 mil pessoas passaram a recorrer ao Banco Alimentar que, juntando às 260 mil que já acompanhava no ano passado totaliza 300 mil. A maioria são desempregados e idosos cujas pensões baixas não chegam para fazer face às despesas. Em dificuldades estão também as instituições, que levam cada vez mais alimentos para servir refeições aos seus utentes.
"Temos cada vez mais pedidos de famílias aflitas. A maioria tem um dos membros do casal desempregado e pouca esperança de encontrar um trabalho a curto ou médio prazo, independentemente do facto de terem ou não qualificações", afirmou ao DN Isabel Jonet, presidente da Federação Portuguesa de Bancos Alimentares.
Só em Lisboa, são quase 8 mil os novos beneficiários que recebem cabazes ou refeições através de 314 instituições. No total, os excedentes dos supermercados e as dádivas recolhidos nas campanhas alimentam já 72 mil pessoas.
No Grande Porto, a entrada de mais 4700 beneficiários, só em seis meses, faz já deste banco o de maior dimensão, apoiando 422 instituições e 73 mil pessoas.
Apesar de os apoios alimentares serem distribuídos apenas pelas instituições, a maioria das pessoas continua a recorrer ao banco por telefone ou pessoalmente. Só ao de Lisboa vão bater à porta por mês 50 a 60 pessoas, situação que obrigou até a colocar um segundo técnico para acolher e acompanhar quem pede ajuda.
"As reduções nas prestações sociais foram muito importantes para estas famílias que, já tendo orçamentos muito baixos, ficaram com as contas completamente desequilibradas", explicou Isabel Jonet. O facto de não conseguirem reorganizar-se num curto espaço de tempo faz com que os apoios sejam prolongados e haja pouca rotatividade nos apoiados.
Apesar de terem cada vez mais pedidos, as instituições têm dificuldade em alargar o apoio a mais famílias. Algumas nunca pensaram vir a necessitar de apoio para distribuir as refeições aos seus utentes. "Mas como as famílias deixaram de pagar as mensalidades nestas valências, elas próprias ficaram com contas desequilibradas e pedem ajuda para reduzir as despesas", acrescenta Isabel Jonet.
À Conferência Vicentina de S. Mamede, Cascais, também chegam cada vez mais pedidos de ajuda. Se no primeiro semestre cerca de 60 famílias vinham aqui buscar um reforço alimentar, agora estão a entrar 10 a 15 novos pedidos mensais. "O grosso são famílias da classe média, muito jovens, com filhos e que ficaram desempregadas", explica Carina Rodrigues, assistente social, sublinhando que algumas têm vergonha de vir buscar o cabaz e que, por vezes, este é entregue a uma terceira pessoa.
"Muitos nem percebem que estas pessoas possam ter fome. Porque isso não se vê, as pessoas continuam a usar as mesmas roupas que usavam. Mas há situações dramáticas", acrescenta Celeste Gonçalves, presidente da conferência. "Contudo, lembramos sempre que damos uma ajuda e não somos um supermercado."
Para garantir o apoio a estas famílias em dificuldades, a Câmara de Cascais estabeleceu em 2009 um protocolo com nove instituições do concelho, que ajudam cerca de 2800 agregados com alimentos, medicamentos e com outros apoios pontuais, como rendas ou contas da luz. No primeiro ano, a autarquia transferiu uma verba de 182 mil euros. Mas este ano, com o agravar da crise, o reforço às instituições já vai em 237 mil euros, afirma a vereadora da Acção Social, Mariana Ribeiro Ferreira.
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Desemprego e redução de apoios sociais fazem com que 300 mil precisem de ajuda.
São cada vez mais as famílias a precisar de apoio alimentar para sobreviver. Só no primeiro semestre deste ano mais 40 mil pessoas passaram a recorrer ao Banco Alimentar que, juntando às 260 mil que já acompanhava no ano passado totaliza 300 mil. A maioria são desempregados e idosos cujas pensões baixas não chegam para fazer face às despesas. Em dificuldades estão também as instituições, que levam cada vez mais alimentos para servir refeições aos seus utentes.
"Temos cada vez mais pedidos de famílias aflitas. A maioria tem um dos membros do casal desempregado e pouca esperança de encontrar um trabalho a curto ou médio prazo, independentemente do facto de terem ou não qualificações", afirmou ao DN Isabel Jonet, presidente da Federação Portuguesa de Bancos Alimentares.
Só em Lisboa, são quase 8 mil os novos beneficiários que recebem cabazes ou refeições através de 314 instituições. No total, os excedentes dos supermercados e as dádivas recolhidos nas campanhas alimentam já 72 mil pessoas.
No Grande Porto, a entrada de mais 4700 beneficiários, só em seis meses, faz já deste banco o de maior dimensão, apoiando 422 instituições e 73 mil pessoas.
Apesar de os apoios alimentares serem distribuídos apenas pelas instituições, a maioria das pessoas continua a recorrer ao banco por telefone ou pessoalmente. Só ao de Lisboa vão bater à porta por mês 50 a 60 pessoas, situação que obrigou até a colocar um segundo técnico para acolher e acompanhar quem pede ajuda.
"As reduções nas prestações sociais foram muito importantes para estas famílias que, já tendo orçamentos muito baixos, ficaram com as contas completamente desequilibradas", explicou Isabel Jonet. O facto de não conseguirem reorganizar-se num curto espaço de tempo faz com que os apoios sejam prolongados e haja pouca rotatividade nos apoiados.
Apesar de terem cada vez mais pedidos, as instituições têm dificuldade em alargar o apoio a mais famílias. Algumas nunca pensaram vir a necessitar de apoio para distribuir as refeições aos seus utentes. "Mas como as famílias deixaram de pagar as mensalidades nestas valências, elas próprias ficaram com contas desequilibradas e pedem ajuda para reduzir as despesas", acrescenta Isabel Jonet.
À Conferência Vicentina de S. Mamede, Cascais, também chegam cada vez mais pedidos de ajuda. Se no primeiro semestre cerca de 60 famílias vinham aqui buscar um reforço alimentar, agora estão a entrar 10 a 15 novos pedidos mensais. "O grosso são famílias da classe média, muito jovens, com filhos e que ficaram desempregadas", explica Carina Rodrigues, assistente social, sublinhando que algumas têm vergonha de vir buscar o cabaz e que, por vezes, este é entregue a uma terceira pessoa.
"Muitos nem percebem que estas pessoas possam ter fome. Porque isso não se vê, as pessoas continuam a usar as mesmas roupas que usavam. Mas há situações dramáticas", acrescenta Celeste Gonçalves, presidente da conferência. "Contudo, lembramos sempre que damos uma ajuda e não somos um supermercado."
Para garantir o apoio a estas famílias em dificuldades, a Câmara de Cascais estabeleceu em 2009 um protocolo com nove instituições do concelho, que ajudam cerca de 2800 agregados com alimentos, medicamentos e com outros apoios pontuais, como rendas ou contas da luz. No primeiro ano, a autarquia transferiu uma verba de 182 mil euros. Mas este ano, com o agravar da crise, o reforço às instituições já vai em 237 mil euros, afirma a vereadora da Acção Social, Mariana Ribeiro Ferreira.
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