JORGE HEITOR, jornalista – O MÁXIMO
A Organização das Nações Unidas Para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) suspendeu hoje por tempo indefinido o controverso prémio com o nome do Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema.
Grupos de defesa dos direitos humanos e prémios Nobel como Desmond Tutu e o recém galardoado Mario Vargas Llosa vinham desde há meses a insistir com a organização para que não atribuísse um prémio patrocinado por um homem que se encontra há mais de 30 anos no poder e é visto como um ditador.
Aqueles grupos disseram que a UNESCO deveria dissociar-se de “um dos mais infames ditadores mundiais”, como o é este homem de 68 anos que em Agosto de 1979 depôs o tio, Francisco Macías, o substituiu na chefia do Estado e o mandou julgar, tendo sido executado logo no mês a seguir.
Obiang, que a revista norte-americana “Forbes” já apresentou como o oitavo governante mais rico do mundo, e que depositou centenas de milhões de dólares no Riggs Bank, dos Estados Unidos, tem sido acusado de manipular as eleições e de ser altamente corrupto.
O Prémio Internacional UNESCO/Obiang Nguema para a Pesquisa em Ciências da Vida, no valor de três milhões de dólares (2,3 milhões de euros), esteve para ser atribuído no fim de Junho, numa altura em que a Guiné Equatorial se preparava para passar a membro efectivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Dado o forte movimento contestatário que se gerou internacionalmente à volta da figura de Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, ele não conseguiu que a antiga colónia espanhola passasse de observador a membro de pleno direito da CPLP. E hoje sofreu mais um desaire, quando a UNESCO decidiu ignorar os apelos do ministro dos Negócios Estrangeiros de Malabo, Micha Onde Bile, para que não continuasse a adiar a concessão do prémio com o nome do Presidente.
A diplomacia da Guiné Equatorial procurou alegar que o galardão estava a ser contestado por se tratar da iniciativa de um político africano; mas esse argumento de pouco serviu. E a directora-geral da UNESCO, a búlgara Irina Bokova, acabou por ter em conta a decisão tomada por consenso de todos os demais estados membros, cancelando, pelo menos pelos tempos mais próximos, a outorga de um prémio com um nome tão controverso.
Ainda no passado dia 21 de Agosto o Presidente Teodoro Obiang Nguema mandou executar três antigos militares e um civil, julgados em conselho de guerra, sob a acusação de que em 2009 o tinham mandado matar.
Segundo a oposição e a Amnistia Internacional, os quatro indivíduos executados tinham sido raptados no Benim, torturados e submetidos a um julgamento sumaríssimo, sem qualquer possibilidade de recurso.
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