quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

ANGOLA - GINÁSTICA NAS PONTES E NAS VIAS

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JOSÉ MEIRELES* – O PAÍS (Angola), em Opinião

Consequência pura da falta de espaços para lazer nos bairros periféricos de Luanda, a que se associa a falta de energia, jovens de ambos os sexos, de todas as faixas etárias escolheram as passagens superiores e os espaços que separam as vias, como recintos para a prática de ginástica de recreação.

Todos os dias, a partir das 16, até aproximadamente às 20H, ei-los a exercitar em plenas pontes metálicas, concebidas para a travessia segura dos peões, o que está a gerar muita polémica, em todos os quadrantes de Luanda.

A polémica reside, por um lado, no facto de se tratar de um espaço inapropriado para o efeito, já que, por aquelas infra-estruturas, circulam centenas de pessoas, motorizadas e bicicletas, que se vêm impedidos de se movimentar devido à ocupação dos jovens entusiastas pela ginástica. Por baixo destas pontes, em Viana, está instalada a linha do Caminho de Luanda (CFL) e, muitas vezes, os exercícios são feitos em horas de circulação da locomotiva, o que representa, na verdade, um autêntico perigo para a segurança daqueles jovens. Na Via-Expressa do Golfe, das imediações das bombas do Golfe II até bem próximo da Igreja Kimbanguista, centenas de jovens são vistos a fazer ginástica no período nocturno. O inconveniente, no meio de tudo isto, está no facto de estes exercícios estarem a ser feitos em locais inadequados e sem segurança para os executantes entusiastas, que procuram ocupar os seus tempos livres.

Se em Viana, por cima das pontes, o risco assenta no facto de o comboio circular de hora/ hora, na Avenida Pedro de Castro VanDúnem “Loy”, o perigo está sempre à espreita, na medida em que é uma via muito movimentada, de circulação rápida. A Via-Expressa do Golfe, a Samba, o Largo da Independência e ainda o trajecto ao longo da linha férrea, não são locais para a prática de ginástica, dada a produção enorme de dióxido de carbono, logo prejudicial à saúde, que ocorre naqueles locais. As autoridades devem reflectir sobre o assunto e rever a foma como se constrói em Luanda. As pontes não podem substituir os ginásios ou as quadras.

*Editor há 15 anos noutras publicações e sub-chefe de redacção no País, é finalista do Curso Superior de Comunicação Social na Universidade Agostinho Neto.
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