MARTINHO JÚNIOR
Quando assumi em “Salvar a Líbia” o argumento de ser imprescindível a via do diálogo e da paz, conforme proposta do Presidente Hugo Chavez para o caso da Líbia, baseei-me fundamentalmente no facto de que as sucessivas agressões de carácter imperialista nos Balcãs, no Iraque, no Afeganistão, na Somália e onde quer que seja, em nada contribuírem para a causa dos povos do Terceiro Mundo, nem da humanidade, nem do planeta, muito pelo contrário.
A única coisa que as potências conseguiram nas regiões que “domesticaram” em nome da liberdade e da democracia, sacrificando quantas vezes as suas próprias forças armadas, foi instalar governos agenciados que procuram abrir as portas aos interesses das multinacionais mercenários e da conveniência da hegemonia, ainda que à custa de milhares e milhares de mortos, de destruições incontáveis, de rapina, de crimes de toda a ordem e da mentira continuada sobre a democracia, o desenvolvimento e a paz.
Na Líbia logo à partida as armas estavam presentes do lado dos revoltosos, o que não aconteceu nos outros países árabes sacudidos pelas revoltas e isso era por si um indicador que se estava a desencadear um processo distinto dos outros, tanto ou mais distinto quanto, para aqueles que têm acesso ao Jane’s Defence Book, se poder evidenciar que as armas que fazem uso os rebeldes não podem pertencer ao arsenais das forças armadas líbias.
Na amálgama inevitável das entidades e organizações rebeldes em oposição ao regime de Kadafi, destaco o Libya Islamic Fighting Group (Al-Jama’a al-Islamiyyah al-Muqatilah bi-Libya), que segundo Michel Chossudovski (bastante documentado) é reconhecido aliado do Al-Qaeda desde que foi formado no Afeganistão para integrar a oposição à presença soviética naquele país, quer dizer: agora temos a OTAN, sob orientação da CIA e do MI5, a mover-se e envolver-se em teatros operacionais integrando e instrumentalizando organizações terroristas!...
É esse tipo de manipulações que se expandem do cadinho de manipulações estimuladas pelo que considero como tandem James Baker com George Soros e suas “revoluções coloridas”.
A trilha dos artigos que fui produzindo por outro lado, procurava sensibilizar a opinião pública para o facto de ser necessário muito mais que a revolta para se provocarem alterações profundas no Médio Oriente e no Norte de África, pelo que na realidade se começa a confirmar uma mudança de moscas com ligeiras alterações de figurino, sendo as organizações de massas, organizações sindicais e partidos à esquerda, relegados para o lugar e contencioso da oposição aberta ou clandestina.
Esse “destino” não tem em conta, como é evidente, o avolumar das contradições da lógica do capitalismo especulativo neo liberal… mas até que ponto se conseguirão resultados a curto prazo em função dos programas alternativos da esquerda, quando os obstáculos se sucedem uns atrás dos outros?
É contudo desse fermento à esquerda, cujos contornos se irão definindo nos próximos embates, que a partir de agora poderá despontar o que quer que se aproxime da revolução, que venha a assumir alternativas ao figurino de contingência em todas as nações árabes, principalmente na Tunísia, no Egipto e no Iémen.
A América Latina teve de esperar 200 anos, apesar de tantos heróis e mártires, de tantos avanços e recuos, de tantas esperanças defraudadas, para chegar à oportunidade da “2ª independência”, uma oportunidade que não se pode furtar mesmo assim a avanços e recuos do tipo das Honduras e do Haiti.
É inevitável que o pensamento universal à esquerda acompanhe com expectativa as revoltas árabes em cadeia, mas assumam uma posição muito cautelosa, por que lhes é proibido embarcar em aventuras: se na América Latina só após 200 anos se começou a enveredar pelo amadurecimento das respostas face ao império, à hegemonia, às elites nacionais, à lógica capitalista e às ingerências neo liberais, não é com revoltas com longevidade máxima de vinte anos, que se pode confirmar com consistência uma revolução.
As revoltas na Palestina foram-se sucedendo durante décadas, mas a coligação norte americana – europeia com o envolvimento no terreno de Israel, tem conseguido neutralizar a legitimidade das revoltas, chegando ao extremo de implantar um autêntico regime de “apartheid” na região.
Será que a esquerda emergente na Tunísia, no Egipto, no Iémen e em outros países da região, conseguirão estabelecer nexos com as revoltas palestinas? Em que termos?
Esse tipo de inevitabilidades, à medida que o conflito na Líbia se vai arrastando, confirma-se da maneira mais perniciosa.
A Líbia possui as maiores reservas de petróleo do continente africano, reservas extraordinariamente atractivas, pois a sua exploração é das mais baratas do mundo, um dólar por barril, o que gerou a inevitabilidade do engodo do império, conforme as mensagens expostas pelo jornal Público de Espanha, referentes ao Wikileaks, mensagens de 2006 a 2010 que revelam os apetites dos maiores operadores ocidentais.
… Pôr fim ao regime de Kadafi, era uma inevitabilidade para esses apetites, pois Kadafi obstruía os termos mais favoráveis às multinacionais em muitas tentativas de chegar ao crude… era só necessário esperar a oportunidade para melhor avançar…
Vários analistas têm vindo a denunciar os propósitos do império e entre eles realço o argumento de Tariq Ali no “The Guardian” (29 de Março de 2011):
“A intervenção dos Estados Unidos e da OTAN na Líbia com a cobertura do Conselho de Segurança das Nações Unidas, é parte da resposta orquestrada para mostrar apoio a um movimento contra um mau governante particular e, por o fazer, pôr fim às rebeliões árabes confirmando o controlo ocidental da situação, confiscando o seu ímpeto e espontaneidade e buscando restaurar o stato quo anterior”.
É evidente que, ao colocar no interior das revoltas as organizações afins e seus agentes, faltava ao império “fechar o processo” e a Líbia rica em petróleo, em gás e em águas subterrâneas, foi a “pedra filosofal” da arquitectura para domar as tendências para as mudanças e colocar os estados onde se registam os movimentos de rebeldia no lugar que lhes está “inevitavelmente” destinado na geometria da hegemonia.
Era inevitável que a coligação aliada fosse formada essencialmente pelos Estados Unidos, a França e a Grã Bretanha, as potências do império mais interessadas e empenhadas em toda a região e, se os Estados Unidos têm na mão as chaves da consistência da monarquia Saudita e satélites, se a Grã Bretanha teve sempre laços preferenciais no Médio Oriente, era a França o elo mais importante para o Norte de África (como o é para o Golfo da Guiné), tendo em conta, no caso do Norte de África, os relacionamentos com o Egipto, a Tunísia, a Argélia e Marrocos.
Inevitável é pois a manobra para “Salvar os Reis” e o petróleo e, com eles, reforçar a aliança a partir da Liga Árabe em direcção à Líbia, com o fito até de justificar a ingerência com agressão militar.
Toda a geo política e geo estratégia do império em relação à Líbia e por causa de todos os encadeados do Médio Oriente e do Norte de África foi e é inevitável e agora, pouco a pouco, os seus aspectos vão corroborando essa inevitabilidade:
Confirma-se a presença da CIA junto dos rebeldes, pela boca dos maiores responsáveis pela política externa dos Estados Unidos.
Confirma-se que o armamento dos rebeldes e o treino de suas forças tem sido levado a cabo a partir de fornecedores e componentes externos que utilizaram território do Egipto, devassando a fronteira desse país com a Líbia para penetração, ligação e coordenação (Al Jazeera).
Confirma-se finalmente que os rebeldes podem ter “danos colaterais” provocados pela sua arma aérea, a arma aérea que lhes está a ser propiciada pelos países da coligação do império e pela OTAN (ANSA).
A queda de Kadafi, de enfraquecimento em enfraquecimento, surge cada vez mais como inevitável e o que se lhe seguirá confirmará a rapina de África, por muito “coloridas” que sejam as fórmulas empregues para a edificação do estado líbio de feição e conveniência do império.
Martinho Júnior - 4 de Abril de 2011
Nota:
Tendo em conta os fundamentos da análise de Michel Chossudovski (“O nosso homem na Líbia”) constata-se que a Rádio Televisão Portuguesa está, pelas mão do estado português e para além do enfeudamento de Portugal à OTAN, a desempenhar este papel: difunde nos noticiários Internacionais e do canal África, em horários nobres e para todo o mundo lusófono, as acções dos rebeldes líbios que incluem as acções dos grupos ligados ao Al-Qaeda e estão integrados no Libya Islamic Fighting Group (Al-Jama’a al-Islamiyyah al-Muqatilah bi-Libya).
Considero que isso deve ser profusamente divulgado para todo o mundo e peço a quem acompanhe meus artigos no Página Um para divulgar com as seguintes perguntas que quanto a mim inevitáveis são:
1 ) A quem beneficia Portugal com este papel?
2 ) Como os contribuintes portugueses vão digerir uma RTP que até já está a passar nos noticiários nobres, propaganda de grupos que incluem ligações tão estreitas com a Al-Qaeda?
PAZ SIM, NATO NÃO!!!
"Our Man in Tripoli": US-NATO Sponsored Islamic Terrorists Integrate Libya's Pro-Democracy Opposition
by Prof. Michel Chossudovsky
1 comentário:
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