LAS – LUSA
Maputo, 08 abr (Lusa) -- Agentes da Força de Intervenção Rápida (FIR), um corpo de intervenção policial de elite de Moçambique, foram detidos após uma violenta carga contra guardas de segurança privada que se manifestavam em Maputo contra as condições laborais.
A informação foi avançada hoje pelo jornal Notícias, que não adianta o número de agentes detidos na sequência da repressão, na quarta-feira, a uma concentração de guardas da G4S, a principal empresa de segurança do país, que exigiam o pagamento de salários em atraso e melhores condições de trabalho.
A violenta intervenção policial, filmada pelo canal de televisão independente STV, causou enorme repulsa, levando o ministro do Interior a condenar a "atuação excessiva" da FIR, um corpo da Polícia da República de Moçambique (PRM).
"O Governo viu aquilo que se reportou na televisão, aquele excesso de membros da PRM que, ao irem acudir uma situação concreta, se excederam. Esse excesso é condenável. É condenável no nosso regulamento e nas nossas leis. Os nossos elementos que atuaram naquela situação excederam o uso de força", disse Alberto Mondlane.
Os guardas da G4S exigiam a reposição de descontos salariais "ilegais", cumprimento de horários de trabalho, o cálculo do salário em 12 horas, entre outras reivindicações, concentrados em frente da sede da empresa, em Maputo, tendo protagonizado algumas ações de vandalismo.
Durante a intervenção, agentes da FIR intimidaram os jornalistas da STV, ameaçando-os de destruição do equipamento se não parassem de filmar.
Hoje, a organização regional de media MISA condenou em comunicado a "ação despropositada da FIR", considerando que "violou claramente" a lei de imprensa de Moçambique.
Citada pelo semanário Savana, uma fonte policial atribuiu o excesso de força policial aos receios perante a capacidade de reação dos guardas de segurança da G4S, a maioria dos quais foram recrutados entre militares desmobilizados.
A G4S, uma multinacional britânica, tem em Moçambique cerca de 10 mil efetivos, que aquele semanário independente classifica como "uma força paralela às forças de defesa e segurança do Estado".
A Lusa não conseguiu obter uma resposta da empresa aos seus pedidos de esclarecimento.
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