segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

ANGOLANOS PROTESTAM CONTRA REGIME DO DITADOR DOS SANTOS

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CHEGOU A HORA DA MUDANÇA!

Federation Free States of Africa

LUANDA

Grande Manifestação do Povo

7 de Março de 2011

Largo da Independência, Luanda

Tu decides!

Vamos marchar com cartazes exigindo a saída do Ze Du

Não a Ditadura do MPLA

Liberdade e Progresso

Abaixo o Regime do MPLA

FACEBOOK

MUSICA OFICIAL DA MANIFESTAÇÃO

BELGICA

"MANIFESTAÇÃO CONTRA A DITADURA"

7 DE MARÇO 2011 as 14:00 Horas

Luanda - Largo da Independência

Bruxelas - Embaixada Angolana

Rue Franz Merjay 182 a 1180 Uccle/Bruxelas (Tram 91,92)

FACEBOOK

MUSICA OFICIAL DA MANIFESTAÇÃO

LONDRES

Marcha de protesto

32 anos Ditadura de JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS

7 de Março 2011 as 11.30 AM

a ter lugar diante da

Embaixada de Angola em Londres, edifício numero 22 Dorset Street

FACEBOOK

MUSICA OFICIAL DA MANIFESTAÇÃO

São Paulo

"MANIFESTAÇÃO CONTRA A DITADURA"

7 de Março 2011 as 11.30 AM

Frente ao Consulado Geral de Angola

Rua Estados Unidos, 821 - Jardim América

São Paulo – Brazil

CEP 01427-000

--

Mangovo Ngoyo
Secretary General

http://www.africafederation.net/

E-mail: africa.federation@gmail.com

Federation of the Free States of Africa:

Established 8 of June 2007

The African Federation or Commonwealth also known as the African League for Peace and Prosperity; constitutes an Economical and Defence Alliance of Sovereign African States.

Polite notice concerning correspondence:

When contacting the Federation of Free States of Africa Officials you must state your name and include in all correspondence a physical address along with a land line phone number at least, if you are unable to provide such information we are unable to continue corresponding with you or your organization.
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Moçambique: Liga dos Direitos Humanos acusa tribunais de "acobertarem"...

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… abusos das autoridades

PMA – LUSA

Maputo, 28 fev (Lusa) -- A Liga dos Direitos Humanos de Moçambique (LDH) acusou hoje as instituições judiciais moçambicanas de "acobertarem" os abusos dos direitos humanos cometidos pelo Estado e de se comportarem como "advogados do Governo e não do Estado de Direito".

A presidente da LDH, Alice Mabota, insurgiu-se contra "a indiferença" do sistema judiciário moçambicano, quando falava numa reunião de organizações da sociedade civil, para assinalar a abertura do Ano Judicial moçambicano, na terça-feira.

Segundo Alice Mabota, a Procuradoria-Geral da República (PGR) de Moçambique ignora a investigação de casos de violação de direitos humanos, o Tribunal Administrativo nada faz para travar as ilegalidades no foro administrativo e os tribunais judiciais escudam-se no segredo de justiça para negar a realização da justiça.

"Este comportamento acoberta os abusos dos direitos humanos. Com essa conduta, ajudam as instituições do Estado a insistirem na prevaricação contra os direitos e liberdades das pessoas", enfatizou.

A inércia do sistema judicial moçambicano, considerou a presidente da LDH, é de uma magnitude tal que o Tribunal Supremo passou a ser vulgarmente conhecido como "o cemitério dos processos".

"Como nada acontece aos recursos que são interpostos no Tribunal Supremo, esta entidade passou a ser usada como um recurso para fugir à justiça", sublinhou Alice Mabota.

Para a ativista dos direitos humanos, uma atuação de flagrante cumplicidade das instituições judiciais moçambicanas em relação aos atropelos aos direitos humanos viu-se na última década, quando apenas dois dos 46 casos de execuções sumárias tiveram desfecho com os respetivos autores condenados a pesadas penas.

"Essas exceções à regra da não investigação às execuções sumárias pelas autoridades só foi rompida graças à pressão da sociedade civil", ressalvou.

Por seu turno, Baltazar Faela, investigador do Centro de Integridade Pública (CIP), censurou a falta de um plano de integridade para magistrados, imputando a essa lacuna a responsabilidade pela falta de credibilidade dos agentes do sistema judicial moçambicano.

"Um plano de integridade definiria os critérios de transparência na seleção, ingresso e promoção dos magistrados. É fundamental que se conheça o perfil moral e ético dos candidatos a magistrados", frisou Baltazar Faela.

A nomeação para o topo da hierarquia das instituições judiciais de titulares que não fizeram carreira no setor foi também repudiada pelo investigador, que fez notar que essa prática leva ao empobrecimento da qualidade do sistema.
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Maria Barroso conta em livro como conseguiu o primeiro acordo de paz...

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… entre FRELIMO e RENAMO

FP – LUSA

Maputo, 28 fev (Lusa) -- Maria Barroso, mulher do antigo Presidente Mário Soares, visitou Moçambique em 1991 e conseguiu um cessar-fogo para a zona de fronteira de Ressano Garcia, um facto que conta no livro "Viagem a Moçambique", a ser lançado quarta-feira.

Em declarações à Agência Lusa em Maputo, onde está para apresentar "Viagem a Moçambique", Maria Barroso lembrou hoje a visita aos campos de refugiados moçambicanos na África do Sul e os encontros com Joaquim Chissano e Afonso Dhlakama, envolvidos numa guerra de 16 anos e que iria terminar apenas em outubro de 1992.

Tudo começou quando Maria Barroso conheceu o projeto "Masungulo", uma revista de informação para os refugiados moçambicanos que aos milhares tinham fugido da guerra entre FRELIMO e RENAMO e que viviam em condições difíceis na África do Sul, ajudados pelo padre Jean-Pierre Le Scour.

Jean-Pierre Le Scour, que na altura dirigia o Departamento dos Refugiados da Conferência Episcopal Sul-Africana, conta também a sua experiência no apoio aos moçambicanos no livro "Ao lado do rio Komati". Hoje, também à Lusa, disse que junto da fronteira estavam mais de 250 mil refugiados, sem comida e sem medicamentos.

Em junho de 1991, Maria Barroso, com o peso de ser mulher do Presidente da República de Portugal, visita os campos, emociona-se e chora, e promete ajuda (que viria ainda nesse ano).

Antes, em Maputo, reunira-se duas horas com o então Presidente Joaquim Chissano. "Disse-lhe que tinha a possibilidade de me encontrar com alguém da RENAMO e ele disse 'faça tudo quanto puder' (pela paz)".

No entanto, Maria Barroso não se encontrou com Afonso Dhlakama, líder da RENAMO, que viria a encontrar mais tarde no mesmo ano em Lisboa, exatamente na Presidência da República.

"Disse ao meu marido: ouvi dizer que vais receber o Dhlakama e se não te importas eu gostava de lhe dar uma palavrinha". Assim foi, falou com Afonso Dhlakama e marcou novo encontro para o dia seguinte.

"Tive uma discussão permanente com ele e a certa altura ele disse 'pronto, pronto (já estava farto da minha insistência), vou declarar unilateralmente Ressano Garcia uma zona de paz'".

Maria Barroso lembra que telefonou nesse mesmo dia a Joaquim Chissano a contar-lhe, e ele, disse hoje a também presidente da Fundação Pro Dignitate, garantiu que iria também mandar cessar a guerra na zona.

"Nós conseguimos que a primeira mancha de paz fosse Ressano Garcia", afirmou Maria Barroso.

"Quando hoje a comunidade Sant´Egídio, por quem tenho muita consideração, diz que foram só eles, nós fizemos modestamente uma pequena mancha de paz naquele sítio. Tivemos um papel, modesto embora, mas tivemos", disse Maria Barroso.

De resto, esse papel é reconhecido pelo cardeal de Maputo, D. Alexandre dos Santos, pelo antigo Presidente Joaquim Chissano e pelo líder do hoje maior partido da oposição RENAMO, Afonso Dhlakama, todos eles com testemunhos no livro.

A viagem a Moçambique daria também outros frutos. Em outubro, como conta no seu livro o ainda padre na África do Sul Jean-Pierre Le Scour, chegou um contentor cheio de livros e material escolar para os refugiados, e em dezembro dois aviões desembarcavam 8,5 toneladas de medicamentos em Maputo, destinadas a Ressano Garcia (a uma hora por estrada da capital). A paz total seria assinada em outubro do ano seguinte.
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Angola: IMPRENSA DO DITADOR CENSURA NOTÍCIAS DA REVOLTA ÁRABE

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Imprensa governamental angolana peneira noticias das manifestações no médio oriente

CLUBE K

Lisboa - As noticias acerca das manifestações no médio oriente contra lideres ditadores estão a ser alvos de lapidação na media governamental angolana. É notado que as mesmas estão a ser abordadas com delicadeza passando/deixando o sub-entendido de que as manifestações sejam fomentadoras de mortes.

Manipulação diplomática

Levantamento de constatações, a saber:

- Na notícia relacionada ao derrube do ex-Presidente do Egipto, Hosni Mubarak, o Jornal de Angola trouxe como titulo “Mubarak renuncia a presidência”. Omitiu detalhar que Mubarak renunciou o poder em função da saturação do povo contra o seu regime ditatorial.

- Em nenhum momento trataram o Ex - Presidente Mubarak por “ditador”. Não reportam que o povo estava contra ele devido a acumulação da fortuna, por ter privilegiado a sua família ou de que estava no poder a mais de 30 anos.

- A edição deste domingo do Jornal de Angola retomou um texto da agência France Press a acerca das manifestações na Líbia. O texto sofreu alteração e os editores do jornal angolano optaram por chamar atenção que a manifestação esta a causar mortes. O titulo da noticia foi “protestos na Líbia causam mortes”. A matéria do Jornal e seu respectivo titulo procurou apresentar as manifestações como algo que trás mortes.

- A TPA no seu jornal da Tarde de domingo falou de outras manifestações e inclinou-se também nos danos mortais que elas causam realçando a resposta de repressão dos respectivos regimes. No mesmo noticiário a televisão estatal tratou as manifestações como “protestos violentos”, no lugar de “manifestação pela democracia ou contra dos ditadores”. Apresentam as manifestações como factor de distúrbios que causam morte e não como instrumento democrático que trouxe a deposição de presidentes que se constituíam empecilho para os seus povos.

- O Jornal da Tarde de segunda feira da TPA, passou o discurso do filho de Omar Khadaf apelando o povo a não se manifestar, porem cortou a parte em que Khadaf Filho ameaçava lutar até a ultima bala. No noticiário da noite, a televisão já não voltou a falar das manifestações.

- A semelhança dos jornais estrangeiros a media estatal angolana não faz resumo da vida dos ditadores do médio oriente e suas políticas de repressão no sentido de proporcionar uma compressão construtiva aos telespectadores.

A lapidação que a impressa estatal angolana faz nas notícias sobre as manifestações no médio oriente passou a ser observada logo após surgirem rumores de intenções de se fazer o mesmo em Angola. De seguida, dois dirigentes do MPLA, Dino Matross e Rui Falcão falaram a rádios privadas (LAC) para avisar que o governo angolano reagiria com repressão em caso de tentativa de ocorrência de manifestações em Angola contra o presidente José Eduardo dos Santos.

**Título FB
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Sakala denuncia manipulação de entrevista que lhe é atribuída pela RNA

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CLUBE K

Luanda - O Secretario dos Assuntos Internacionais da UNITA, Alcides Sakala tornou publico uma nota de imprensa para reafirmar as posições do seu partido face a conjuntura actual e a problemática das manifestações. O mesmo esclarece o teor de uma entrevista dada a RNA que terá sido manipulada e usada por todos os órgãos de comunicação do governo.

A atitude dos defensores da ditadura é irreversível

Nota de imprensa - Luanda, 24 de Fevereiro de 2011

Face às notícias que me são atribuídas, divulgadas pela Rádio Nacional de Angola ao longo do dia 22 do corrente, condenando “manifestações que conduzam a desordem”, cumpre-me esclarecer o seguinte:

1. O extracto do pronunciamento divulgado foi tendenciosamente retirado do contexto de uma longa e rara entrevista que não solicitei.

2. Apoiamos e encorajamos todas as formas de luta democrática, constitucionalmente consagradas, desde a greve de fome à manifestações pacíficas para reivindicar direitos políticos e sociais consagrados por lei. Apelamos que elas se realizem com discernimento no quadro da ordem democrática.

3. As greves, as marchas e as manifestações são formas legítimas de luta que os angolanos têm utilizado contra as diversas ditaduras que ocuparam a Cidade Alta no século passado, antes e depois da declaração da independência.

4. Trinta e cinco anos depois da independência, os angolanos continuam vítimas de exclusão social e de intolerância política, que se manifestam através da negação selectiva do direito à liberdade, à educação de qualidade, ao acesso igual à cargos públicos, ao salário justo, à habitação e à plena cidadania; manifestam-se ainda através de prisões arbitrárias, sequestros e assassinatos políticos selectivos, praticados ou promovidos pelas autoridades públicas.

5. A UNITA vem denunciando e protestando sistematicamente contra estes atentados à vida, à liberdade e à dignidade humana. Utilizamos todos os meios pacíficos para repudiar e combater a tirania do Partido-Estado. O mais recente, foi a greve de fome encetada pelo Deputado Abílio Kamalata Numa, no Bailundo, no princípio do mes de Fevereiro de 2011 para protestar contra prisões arbitrárias e contra nove assassinatos políticos que a ditadura engendrou contra cidadãos que se manifestaram contra ela.

6. Em Angola, o processo democrático é irreversível e a atitude dos defensores da ditadura também é irreversível, pelo que devemos todos aprender com os ensinamentos da história recente da Africa do Magreb.

Alcides Sakala - Porta-voz e Secretario dos Assuntos Internacionais da UNITA

Leia também:
- Isabel dos Santos é destaque na média portuguesa por usar pulseira avaliada em 150 mil euros
- MPLA chama manifestantes de «defensores da intriga e da instigação política»
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“A RUA ÁRABE É HOJE A VANGUARDA DE TODO O MUNDO”

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Pepe Escobar - Ásia Times Online – Carta Maior

A grande revolta árabe de 2011, com razões específicas em cada país, definitivamente não tem a ver com religião (como afirmaram Mubarak, Kadafi e Hamad), mas essencialmente com a inquietude da classe trabalhadora provocada pela crise global do capitalismo. O choque de civilizações, o fim da história, a islamofobia e outros conceitos estão mortos e enterrados. As pessoas querem seus direitos sociais e navegar pelas águas da democracia política e da democracia social. Neste sentido, a rua árabe é hoje a vanguarda de todo o mundo. Se os al-Khalifa da vida não compreenderem isso, vão cair. O artigo é de Pepe Escobar.

Um fantasma percorre o Golfo Pérsico: a democracia.

Na última terça-feira, pelo menos 20% da população de Bahrein se reuniu na rótula Lulu, em Manama, na maior manifestação contra a monarquia feudal intimamente relacionada com a grande revolta árabe de 2011. Toda uma mostra representativa da sociedade bareiní – professores, advogados, engenheiros, suas esposas e filhos – saiu às ruas em uma ampla e contínua coluna de vermelho e branco, as cores da bandeira nacional.

Na quarta-feira, houve motivos para crer que a revolta chegava finalmente ao Santo Gral, ou seja, a Casa de Saud, quando 100 jovens apareceram nas ruas de Hafar al-Batin, no noroeste da Arábia Saudita, pedindo o fim da monarquia feudal empapada em petróleo. O extraordinário é que tenha ocorrido enquanto o “guardião das mesquitas sagradas”, o rei saudita Abdullah, de 85 anos, voltava para casa três meses depois de sua operação nos EUA e de sua convalescência no Marrocos – em meio à massiva propaganda do regime, completada com toques orientalistas enquanto homens com túnicas brancas realizavam tradicionais danças beduínas da espada sobre tapetes especiais.

Para a Casa de Saud, a revolta é o pesadelo máximo: como todo o mundo já sabe, o ínfimo Bahrein de maioria xiita faz fronteira com as regiões produtoras de petróleo da Arábia Saudita, de grande maioria xiita. Portanto, não surpreende que o rei Abdullah, mal colocou os pés sobre os tapetes e já realizou uma ação preventiva para sufocar toda possível atividade ansiosa de democracia mediante um programa de 35 bilhões de dólares que inclui um ano de seguro desemprego para jovens desempregados, e um fundo de desenvolvimento nacional para ajudar as pessoas a comprarem casas, estabelecerem negócios e casarem-se.

Em tese, a Arábia Saudita prometeu pelo menos 400 bilhões de dólares até o fim de 2014 para melhorar a educação, a saúde e a infraestrutura. O economista chefe do Banco Sadi Fransi, John Sfakianakis, descreveu a iniciativa com um eufemismo: “o rei trata de criar um melhor efeito de filtração da riqueza na forma de prestações sociais”.

Invariavelmente os eufemismos terminam quando se trata da política. Não há nenhum sinal de que o rei vá investir nas aspirações políticas de seus súditos – como liberdade para partidos políticos e sindicatos – e os protestos ainda são totalmente proibidos. Não há evidência, tampouco, de que se mostre inclinado a encarar os imensos problemas sociais – desde a repressão governamental á intolerância religiosa – que o obrigaram a anunciar estra multimilionária estratégia do “filtrado”.

E quem esteve presente para saudar o rei Abdullah e discutir o código da “crise” para a Grande Revolta Árabe de 2011? Correto – seu vizinho, o monarca feudal sunita, rei Hamad al-Khalifa, de Bahrein.

Matando-os suavemente com nossa canção

A narrativa urdida na Disneylândia ocidental de que o rei Hamad “favorece a reforma”, que se interessa pelo “progresso da democracia” e pela “preservação da estabilidade”, foi totalmente desbaratada quando seu exército mercenário disparou munição de guerra por meio de canhões antiaéreos instalados em transportes blindados contra manifestantes que levavam flores, ou utilizou helicópteros Bell estadunidenses que perseguiam a população e disparavam contra ela.

Uma mensagem no twitter da jornalista bareiní Amira al-Hussein resumiu tudo: “Amo Bahrein. Sou bareiní. Meu sangue é bareiní e hoje vi como meu país morria nos olhos de seus filhos”.

A rebelião xiita contra a dinastia al-Khalifa de mais de 200 anos, invasores procedentes do continente, por certo vem se desenvolvendo durante décadas e inclui centenas de prisioneiros políticos torturados em quatro prisões dentro e ao redor de Manama por “conselheiros” jordanianos e um regime cujo exército é composto em sua maioria por soldados punjabis e balúchis paquistaneses.

Demorou bastante, mas por fim um telefonema estratégico desde Washington garantiu que os al-Khalifa ao menos fizessem com que a matança fosse realizada com um pouco mais de sentido comum.

A história de como a política externa dos EUA se adaptou agilmente à grande revolta árabe de 2011 deixa algumas lições. O presidente deposto do Egito, Hosni Mubarak, e o rei Hamad, do Bahrein, são “moderados” e certamente não “malévolos”; além de qualquer coisa foram e são, respectivamente, pilares da “estabilidade” no Oriente Médio e Norte da África (MENA).

Por outro lado, Muamar Kadafi, da Líbia, e Bashar al-Assad, da Síria, são verdadeiramente maus, porque não se submetem aos ditames de Washington. A escala moral que condiciona a reação dos EUA está diretamente determinada pelo grau no qual o ditador/monarca feudal em questão é um sátrapa estadunidense.

Isso explica a imediata reação estadunidense (do Departamento de Estado, e ainda na quarta-feira do próprio presidente Barack Obama) ante o bombardeio ordenado por Kadafi contra seu próprio povo, enquanto os meios de comunicação corporativos e números analistas dos think tanks se apressaram para ver quem encontraria os adjetivos mais estudados para crucificar este último. Não há nada melhor do que denunciar um ditador que não se ajusta ao modelo de lacaio de Washington.

Enquanto isso, do outro lado de MENA, houve apenas um olhar quando o aparato repressivo de Hamad – importado em parte da Arábia Saudita – matou seus próprios cidadãos na rótula Perla. Bom, o terrorista reabilitado Kadafi sempre foi um lunático, enquanto a Bahrein outro mantra se aplica: Bahrein é um “estreito aliado” dos EUA, “uma nação pequena, mas valiosa do ponto de vista estratégico”, base da Quinta Frota, essencial para assegurar o fluxo de petróleo pelo Estreito de Ormuz, um bastião contra o Irã, etc.

Em todo caso, mesmo depois do massacre, Jeque Ali Salman, líder do maior partido opositor xiita, al Wefaq, assim como Ebrahim Sharif, líder do partido secular Wa’ad, e Mohammed Mahfood, da Sociedade de Ação Islâmica, concordaram em se reunir com o príncipe herdeiro Salman bin Hamad al-Khalifa para um diálogo proposto pela monarquia.

Husain Abdullah, diretor do grupo Estadunidenses pela Democracia e os Direitos Humanos no Bahrein, não está convencido: “Não estou seguro de que a própria família governante seja séria com respeito a algum diálogo sério porque, quando se olha a televisão de Bahrein, não se vê outra coisa que ataques sectários contra os que permanecem na praça Lulu”. Segundo Abdullah, o que ocorre na verdade é que “cada vez mais gente pede abertamente a derrubada do regime, mediante meios pacíficos, e que o Bahrein seja governado pelo povo. Além disso, há um chamado sério à desobediência civil total (não parcial, como é atualmente) no país para obrigar a família governante a abandonar o país tal como ocorreu na Tunísia e no Egito”. Não é surpreendente, portanto, que a Casa Saudita esteja assustada.

O levante dos 70% xiitas no Bahrein, além de muitos sunitas – o mantra do protesto é “nem xiitas, nem sunitas, só bareinís” – começou como um movimento por direitos civis. É melhor que o príncipe herdeiro cumpra as reivindicações rapidamente, ou esse movimento se converterá em uma revolução concreta. No momento, há muita retórica sobre “estabilidade”, “segurança”, “coesão nacional” e nada sobre uma reforma eleitoral e constitucional séria.

Há motivos para acreditar que Salman – seguindo os conselhos sauditas – possa estar agindo como Mubarak, fazendo promessas vagas para um futuro distante. Todos sabemos como terminou na Praça Tahrir.

Os manifestantes começaram a pedir um primeiro ministro eleito, uma monarquia constitucional e um fim à discriminação contra os xiitas. Agora, Matar Ibrahim, um dos 18 membros xiitas no Parlamento, disse que a brecha entre os manifestantes na praça Perla e a oposição política oficial que fala com o príncipe herdeiro se converteu em um abismo. O grito máximo unificador na rua é: “Abaixo, abaixo Khalifa!”.

Milhares de trabalhadores na imensa fábrica de alumínio Alba já garantiram um movimento industrial e sindical muito poderoso em apoio aos manifestantes de maioria xiita. O líder do sindicato da Alba, Ali Bin Ali – sunita – já advertiu que os trabalhadores podem entrar em greve há qualquer momento.

"Queremos nossos direitos sociais'

Caso ocorra uma mudança pacífica e democrática de regime no Bahrein, os mega-perdedores serão a Arábia Saudita e os Estados Unidos. O Bahrein é um caso clássico do império de bases dos EUA, em aliança com uma repugnante monarquia/ditadura feudal. Naturalmente, o Estado Maior conjunto dos EUA preferem a “ordem e estabilidade” estabelecidos por uma ditadura, assim como a antiga potência colonial Grã Bretanha: os massacres de civis no Bahrein e na Líbia foram perpetrados pela academia militar Sandhurst e sistemas da British Aerospace.

O rei Hamad graduou-se na Escola de Comando e Pessoal Geral do Exército dos EUA, em Fort Leavenworth, Kansas, e “tem um papel dirigente na direção da política de segurança do Bahrein”, segundo um telegrama vazado por Wikileaks. Ele foi ministro da Defesa de 1971 a 1988 e é um grande entusiasta do armamento pesado estadunidense.

Por sua parte, o príncipe herdeiro, “muito ocidental em sua atitude”, é graduado em uma escola do Departamento de Defesa do Bahrein e na Universidade de Washington (EUA). Tradução: dois vassalos com mentalidade do Pentágono estão encarregados de fazer as reformas democráticas no Bahrein.

O centro bancário internacional de Bahrein – com um Produto Interno Bruto per capita um pouco inferior a 20 mil dólares – também está muito acima, juntamente com a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, na escala de oligarquias enriquecidas na base do trabalho escravo, o proverbial grande “pool” de trabalhadores migrantes que fornece mão de obra barata. Foi gasta uma fortuna promovendo-se o “Bahrein, amigo dos negócios”. Na semana passada, soou mais como “Bahrein, amigo das balas”.

A grande revolta árabe de 2011, com razões específicas em cada país, definitivamente não tem a ver com religião (como afirmaram Mubarak, Kadafi e Hamad), mas essencialmente com a inquietude da classe trabalhadora provocada pela crise global do capitalismo. O choque de civilizações, o fim da história, a islamofobia e outros conceitos estão mortos e enterrados. As pessoas querem seus direitos sociais e navegar pelas águas da democracia política e da democracia social. Neste sentido, a rua árabe é hoje a vanguarda de todo o mundo. Se os al-Khalifa da vida não compreenderem isso, vão cair.

Pepe Escobar é autor de “Globalistan: How the Globalized World is Dissolving into Liquid War” (Nimble Books, 2007) e “Red Zone Blues: a snapshot of Baghdad during the surge”. Seu último libro é “Obama does Globalistan” (Nimble Books, 2009). pepeasia@yahoo.com.

Tradução: Katarina Peixoto
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O MUNDO VAI MUDAR

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RUI MARTINS, Berna – DIRETO DA REDAÇÃO

Vivemos um momento histórico. O vento da revolução sopra nos países árabes, cujas ditaduras ou regimes de partido único, dirigidos pelos que, no Ocidente se chamavam senhores feudais, vão ser substituídos por regimes pluripartidários e democráticos.

Os EUA e a Europa se posicionam e condenam tardiamente os ditadores, como se, de repente, descobrissem a necessidade de se respeitar os direitos humanos. Mas, nem todos somos de memória curta. Ainda há pouco, todos se banqueteavam com os ditadores, vendiam-lhes armas e os recebiam com tapete vermelho, submetendo-se aos seus caprichos.

A desculpa era a ameaça dos fanáticos islamitas. Não queriam que a institucionalização da democracia tivesse o mesmo resultado das eleições na Argélia, há cerca de vinte anos, quando os islamitas mostraram sua força e poderiam instalar um regime teocrático ao lado da Europa.

Verdade ou desculpa esfarrapada, o fato é que se assim se convenceram os políticos e a opinião pública. Sem Ben Alli e sem Mubarak as hordas de Bin Laden chegariam ao poder e ameaçariam o mundo ocidental. E, já que o menos mal era aceitar tais ditaduras, o jeito era ir negociando com elas, vendendo armas e comprando petróleo.

Dizem que foi a perspectiva de bons negócios que levou o governo de Tony Blair a aceitar a entrega do líbio condenado à prisão perpétua como responsável pelo atentado contra um Boeing da Pan-Am, cujos destroços caíram sobre a cidade de Lockerbie, matando 270 pessoas da equipagem e passageiros, mais onze habitantes da localidade. A ordem teria partido de Khadafi, o herói líbio, em vingança contra um ataque à sua residência por mísseis americanos.

Muita tinta se gastou na busca de quem realmente teria mandado explodir o Boeing. Uma versão aceita por muitos era de ter sido a própria CIA quem praticara o atentado para incriminar o coronel Khadafi. Mas nesta quarta-feira, o próprio ministro líbio da Justiça, demissionário, numa entrevista a um jornal sueco, afirmou ter partido do próprio Khadafi a ordem para derrubar o avião.

Khadafi é o único dos ditadores que se nega a partir. Existe alguma semelhança entre o Khadafi dos atuais massacres em Tripoli e o Kadafi de 1969 ? Naquela época, há 42 anos, com o apoio do egípcio Gamal Abdel Nasser, em plena época do panarabismo, laico, sem qualquer ligação com a religião muçulmana, o coronel Khadafi derrubava o rei líbio, marionete inglesa e se tornava um líder mundial da independência contra o imperialismo.

Contam que Khadafi apesar da estatura imponente e de seu orgulho, além do charme ao qual sucumbiam as jornalistas que iam entrevistá-lo, era pobre e não possuia os bilhões de dólares dos quais fala hoje a imprensa. A imagem de Khadafi era a de defensor e financiador dos movimentos de libertação nacional e dos palestinos, com o dinheiro do petróleo.

Em todo caso, faz algum tempo que essa imagem se apagou. Os 42 anos de poder acabaram por transformá-lo num ditador prepotente e megalômano. Que só recentemente tinha sido aceito para frequentar a corte dos governos europeus, de Berlusconi a Sarkozi.

A revolução nos países árabes que se beneficia do efeito dominó é feita por jovens e representa o início de uma grande transformação no mundo árabe. O que Nasser não conseguiu com o panarabismo, parece ocorrer, numa deflagração quase espontânea determinada pelo desemprego, miséria e o desejo incontrolável dos jovens de viverem num país livre, sem censura e sem repressão.

Os efeitos dessa revolução poderão ser idênticos aos da Revolução Francesa, que marcou o fim do poder dos aristocratas e a ascenção da burguesia e se propagou por todo o mundo, instituindo igualmente o fim do poder divino católico e o advento do laicismo.

Não acredito na substituição do terror e do autoritarismo dos ditadores pelo terror teocrático de imãs e chefes islamitas, desejosos de fazer guerra aos infiéis. A revolução árabe é contra os regimes controlados e fechados, os jovens e o povo árabe não aceitarão entrar de novo em regimes de terror religioso com a implantação da chariá islamita e com a submissão das mulheres.

Prefiro ser otimista e imaginar que essa revolução provoque também uma modernização dentro da religião muçulmana, o equivalente da Reforma, que colocou fim à hegemonia da igreja e fez uma leitura liberal da Bíblia, acabando de vez com os julgamentos de Deus e a Inquisição.

Dizem que a Reforma e a Renascença foram o resultado de uma simples invenção que democratizou o acesso à leitura e à cultura, a imprensa de Guttenberg. E, pelo jeito, os mais novos descendentes da imprensa, a Internet, os celulares, as mensagens imediatas e simultâneas e as redes sociais provocaram esse mundo novo que vamos ver com a transformação dos países árabes em países democráticos, livres economicamente e desvencilhados dos reis e ditadores comprometidos com seus antigos colonizadores. Inshalá.

*Jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura, é líder emigrante, ex-membro eleito no primeiro conselho de emigrantes junto ao Itamaraty. Criou os movimentos Brasileirinhos Apátridas e Estado dos Emigrantes, vive em Berna, na Suíça. Escreve para o Expresso, de Lisboa, Correio do Brasil e agência BrPress.
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Generais sentados e à babuja de políticos com a mania das grandezas

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ANTÓNIO VERÍSSIMO – PÁGINA LUSÓFONA

Que lhes irá na cabeça?

A Wikileaks divulgou e o Expresso trouxe até nós parte ínfima do que se relaciona com Portugal. Mesmo que continue com algumas divulgações serão sempre só algumas porque de novidade nada se vislumbra neste diz que disse ontem publicado e que até mereceu da parte do ministro Santos Silva, dito da pasta da Defesa e dito do PS, reprovação pela intenção de divulgar “coisas secretas”. Mas onde está o secretismo daquilo que o Expresso divulgou nesta última semana?

Repetindo: Mas onde está o secretismo daquilo que o Expresso divulgou nesta última semana?

Não é novidade que as nossas forças armadas estão repletas de generais sentados e mais ainda. Também à babuja dos políticos citados ou não citados, de todos os quadrantes políticos, desde que sejam poder, para se manterem no dolce fare niente. Não precisamos de ir muito longe. Basta visitar o Estado-Maior do Exército, em Lisboa, e percebemos perfeitamente a boa vida que generais "quase miúdos" levam. E são imensos. Generais mais generais ou menos generais, dependendo das estrelas. Para não falar dos que estão imediatamente antes na escala hierárquica. Fazendo as contas saberemos que são uma esgotante e inútil fonte de gastos de recursos provindos dos contribuintes. Assiste-se, inclusive, a motoristas civis às ordens dos referidos estrelados. E não devem de ganhar pouco. Mas adiante, que nos militares não se mexe nem se provocam… Não vá o diabo tecê-las ao contrário do espírito dos abnegados militares da geração de Abril. É que estes agora o que querem é poleiro e uma guerrazita distante até faz jeito. Os de Abril queriam paz e progresso para o país, queriam justiça, quiseram e ofereceram-nos a liberdade ao encarnar a luta que as gerações de antifascistas vinham enveredando havia décadas. Em vez disso, agora, temos nas forças armadas Barbies e Ken’s estrelados… Entre muitos deles e dos políticos da atualidade podemos dizer que são farinha do mesmo saco. Uns sacam daqui, outros dali, outros dacolá. Importa é encherem o bandulho, orientarem-se à custa da miséria que cresce no país.

O telegrama do embaixador norte-americano, em que diz verdades sobre Portugal e alguns portugueses de topo, merece ser considerado correto. Isto apesar de o dito embaixador ser má rês e já o ter provado inúmeras vezes. Claro que ele comporta-se como um observador ativo que presencia o descalabro que vai neste país do terceiro mundo e que enganadoramente se quer mostrar dos tais em vias de desenvolvimento… O tanas!

Por outras palavras diz o mais que absoluto conservador embaixador gringo que os políticos em Portugal, as elites na generalidade, têm a mania das grandezas. Ah pois têm! Por isso mesmo é que nós estamos na miséria!

Isso não é só notório no gasto de milhões em submarinos ou em blindados. Blindados que servem para nos dar no focinho se não estivermos quietinhos. Vimos o mesmo nos empresários. Mal têm uns cobres aqui del-rei que se sentem os maiores, e compram, e trocam, e adquirem casas luxuosas, mais que uma, que dificilmente conseguem manter se acaso não enveredarem pela exploração desenfreada dos que para eles trabalham, pela vigarice dos que com eles negoceiam, pela fuga aos impostos devidos, etc, etc. Maior será o seu sucesso se tiverem relações com o ou os partidos políticos dos governos ou quem de suas relações apertadas.

Concluímos daqui, ou dali, do telegrama caçado pelo Wikileaks e divulgado pelo Expresso, que Portugal está a abarrotar de sacanagem militar, política, empresarial… Recordemos e rediga-se: Quando o mar bate na rocha quem se lixa é o mexilhão. O mar é a super inflacionada cambada de chulos, de parasitas, de vigaristas, de ladrões que este país, que o povo trabalhador deste país, está a sustentar. Imagine-se que até Cavaco Silva, antes considerado impoluto, nos presenteou com um cambalacho sobre sisas e falta de siso numa casa que adquiriu na Coelha, em Albufeira, por troca com a sua anterior e famosíssima Vivenda Mariani… No melhor pano cai a nódoa. Assim, podemos confiar nestes oportunistas, nestes abusadores, nesta corja de desonestos que nem nos permitem vislumbrar os que são na realidade honestos? Se ainda os houver…

Perante todo este descalabro os portugueses parecem optar por continuar a apascentarem-se com pasto de fel. Que lhes irá na cabeça?

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BISPO DO DUNDO PREOCUPADO COM POBREZA NO LESTE DE ANGOLA

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O PAÍS (Angola)

O Bispo da diocese do Dundo e delegado apostólico de Saurimo, Dom José Manuel Imbamba, mostrou-se preocupado com o crescente nível de pobreza que assola as populações da região Leste do país, Lundas Norte, Sul e Moxico, que têm como base de sustento a extracção artesanal de diamantes e a prática de agricultura de subsistência. O facto foi revelado durante uma audiência que concedeu ao líder da UNITA, Isaías Samakuva, que esteve em visita de trabalho nessa região.

Dom Manuel Imbamba disse que a situação agudizou-se ainda mais com o fim da exploração ilegal dos diamantes, decretado pelo Executivo, que era considerada como a única fonte de receita da maior parte da população. O prelado sublinhou que a indigência é visível no seio desta gente que precisa de emprego, água, luz e habitação condigna, embora exista um esforço das autoridades competentes para reverter o actual quadro, que caracterizou de “sombrio”.

Segundo o bispo, há informações de actos de violência nas zonas de extracção de diamantes, perpetrados por efectivos das empresas de segurança contra cidadãos indefesos que insistem em procurar diamantes nas minas proibidas, para sobreviver, havendo mesmo situações que terminam em mortes. Esses casos, segundo D. Manuel Imbamba, ocorrem com maior frequência no município do Cuango, onde está localizada a maior bacia hidrográfica no rio com o mesmo nome.

O Bispo explicou que o facto de o diamante ser o único recurso das pessoas para obterem dinheiro, no Leste, sobretudo nas Lundas, mesmo com as denúncias de mortes de pessoas assassinadas e outras afogadas ao rio quando são surpreendidas supostamente por efectivos das empresas de segurança, que protegem as minas, elas não param de o fazer, e alegam ser a única forma de contrapor à fome, à miséria.

Reconheceu que a situação está a tomar contornos imprevisíveis e a solução passa necessariamente por políticas eficazes e abrangentes para as populações que clamam por soluções urgentes. Uma destas políticas, segundo o dirigente católico, é o incentivo dos cidadãos, maioritariamente camponeses, a optarem pela prática da agricultura de subsistência para a autosuficiência alimentar, tendo em conta a existência de solo arável nas Lundas e com realce no Moxico. “Este pode ser um dos passos para se diminuir a pobreza no seio das populações”, afirmou o bispo.

Prudente nas suas declarações, durante o encontro com Isaías Samakuva, Dom Imbamba reforçou que se esta política for levada em consideração por quem de direito, em toda a região do Leste a miséria e a pobreza poderão reduzir-se significativamente nos próximos tempos. “ Caso se efective esta ideia, as pessoas deixarão de depender exclusivamente da extracção e venda de diamantes para a sua sobrevivência” , uma prática que remonta há anos, ou seja, desde a exploração destas “pedras brilhantes”, ainda na era colonial”.

Universidade vai mudar o quadro

O bispo do Dundo acredita que com a implantação de pólos universitários nas províncias da Lunda Sul, Lunda Norte e Moxico, a actual situação poderá mudar num futuro próximo, com o lançamento de novos quadros que sairão destas universidades, que, na sua óptica, poderão ajudar a desenvolver as suas respectivas regiões, que clamam pela falta de tudo para resolver as prementes necessidades que afligem as suas populações. “ A implantação das Universidades nas províncias poderá ajudar a mudar muita coisa, e esperemos que isso aconteça o mais breve possível”, afirmou Dom Imbamba.

Segundo o prelado, “ uma sociedade só muda se tiver homens formados em várias áreas do saber, dando respostas às várias necessidades ou preocupações que se lhes apresentarem pela frente, e por isso mesmo, os formados que sairão destas universidades ajudarão a desenvolver a região que por esta altura precisa de muita coisa para o bem das suas populações, e também do país em geral”, referiu.

Durante o encontro com a comitiva da UNITA, chefiada pelo seu líder, o sacerdote sublinhou ainda que a situação sócio-económica do Leste agrava-se ainda mais devido ao fluxo migratório de estrangeiros, alguns dos quais vivendo em situação ilegal, apesar do esforço incansável das autoridades para contornar essa situação que tem sido uma preocupação constante.

Alguns destes estrangeiros, afirmou o prelado, fazem-se passar por pastores de seitas religiosas espalhadas nestas províncias, e têm estado a pregar uma doutrina alheia à matriz cristã. Os locais de culto, segundo o bispo, servem de esconderijos para muitos destes pastores e seus crentes, cuja maioria vive em condição supostamente ilegal. Referiu também que com base na existência de tais seitas, o número de igrejas aumentou significativamente, atingindo as centenas.

As aludidas seitas, dirigidas maioritariamente por congoleses-democráticos, estão espalhadas em áreas de garimpo. Para além dos congoleses, estão também emigrantes oeste-africanos, detentores de vários negócios na região, e que ergueram várias mesquitas (templos muçulmanos), um pouco por toda a Lunda, onde, para além de adorar Aláh (Deus), ensinam também o Alcorão, o livro sagrado do Islão.

Feitiçaria preocupa clero

As acusações de práticas de feitiçarias contra as pessoas subiram de tom nos últimos tempos, segundo o bispo Manuel Imbamba, que explicou que o problema está a generalizar-se em toda a extensão territorial das Lundas e do Moxico. Sem revelar a faixa etária mais vulnerável destas acusações que considera de gravíssimas, o bispo da diocese do Dundo disse que o assunto inspira sérios cuidados e é necessário a conjugação de esforços para se acabar com esta situação que se pode constituir num fenómeno endémico.

Para melhor ilustrar a gravidade do problema, o prelado relatou um episódio “triste e chocante” ocorrido no município do Lucapa (Lunda-Norte) no ano passado, em que foram enterradas duas pessoas vivas, acusadas de “terem enfeitiçado uma criança de tenra idade”. Os dois homens foram sepultados na mesma campa que a suposta vítima de feitiço, acontecimento que provocou um profundo sentimento de mal-estar na localidade. “ Este caso chocou toda a sociedade, não só da Lunda, mas de toda Angola, quando o assunto se tornou do conhecimento geral”, recordou o bispo.

Na óptica de D. Imbamba, para se acabar com esta situação, é preciso que se tomem medidas profilácticas que passam pelo esclarecimento das populações para que não acredite na fantasia do feitiço e evite as acusações gratuitas de práticas de feitiçaria e outras.“ É preciso explicar às pessoas que devem abster-se desta prática no seio das nossas comunidades”, sublinhou.

Quanto à questão da evangelização dos povos, o bispo disse que a sua diocese precisa de mais sacerdotes para levar a mensagem de Deus até às áreas mais recônditas, porque os poucos disponíveis são insuficientes para a cobertura total que se pretende.

“ A diocese é nova e precisa de mais missionários para darmos respostas às preocupações das nossas comunidades”, defendeu. Refira-se que Dom José Manuel Imbamba é o primeiro Bispo da Diocese do Dundo, criada em 2008.

Irineu Mujoco - 25 de Fevereiro de 2011
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Angola: POPULARES DA CHICALA RECEIAM VIVER EM TENDAS

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O PAÍS (Angola) – 27 fevereiro 2011

Ingombota, em Luanda, revelou a O PAÍS, Terça-feira, 22, que o Governo tem intenções de desalojar os moradores do seu bairro.

“Neste momento, o Governo está a envidar esforços para o realojamento dos populares da área”, informou, sublinhando que tem vindo a chamar atenção às entidades da administração local, para o processo ser bastante cuidadoso, devido ao memorial do destino do povo da Ilha de Luanda, que até hoje continua a viver em tendas, no Zango.

Por causa disso, ele e seus filiados não estão dispostos a ser transferidos para condições iguais às dos ilhéus por tempo indeterminado.

“Só podemos ser retirados daqui, para um lugar mais seguro, caso contrário preferimos ser realojados aqui dentro do sector da Chicala, até que se pronunciem sobre um destino condigno”. Na qualidade de coordenador, Bartolomeu pensa que deve ser esta a postura da coordenação, até que se encontrem soluções que favoreçam as duas partes.

“Quando o Governo disser que está em condições de retirar a população afectada daqui e levá-la para um sítio melhor, aí sim, vamos sair da zona.” Os moradores receiam que uma alegada transferência de forma provisória para as tendas lhes pode custar a vida inteira.

O medo dos residentes dessa parcela da capital do país deve-se, por um lado, aos moradores da Ilha colocados no Zango, que continuam em tendas, há mais de dois anos e, por outro, devido, a alegada situação dos ex-moradores do bairro favela que, segundo esses, residem mais de duas famílias na mesma residência.

O estado crítico em que o avanço das águas do mar vai deixando as suas residências e haveres não foi posto de lado pelos moradores do Quilombo, que todos os dias sonham com um destino melhor. Carinhosamente tratada por avó Xica, a senhora que vaticina a sua idade entre os 60 e 70 anos, revela-se como uma das mais antigas moradoras da zona. Ela está consciente que, a qualquer altura, poderão deixar a área por causa das águas, mas deixa um recado ao governo.

“Nós queremos sair daqui directamente para as casas já feitas, porque não queremos ir para as tendas”, apelou, alegando que a vida nesse tipo de cobertura é muito perigosa, por causa do calor e dos incêndios.

Para a avó Xica, a saída do povo do Quilombo é um assunto antigo, mas a sua efectivação não acontece, porque nunca houve nenhuma intenção oficial por parte do Governo da Província de Luanda (GPL).

Em relação a isso, a anciã fez referência a um registo feito recentemente pelas autoridades de direito, ao ponto de apontar, com o dedo em riste, para as marcas de tinta na porta de uma residência próxima, das quais restavam apenas a sigla GPL e o número 151.

“Quando escreveram nas casas não nos disseram se é para nos tirarem daqui, se é para controlar as cubatas de chapa que o bairro tem”, informou, tendo assegurado essa como a razão da sua desconfiança de um futuro despejo.

A actividade pesqueira e a venda do pescado constitui outra grande preocupação da idosa, ao ponto de dizer que a maior parte das mulheres do bairro se dedica à venda do peixe, sendo que os homens são maioritariamente pescadores.

Recuando no tempo, avó Xica recordou que, há cinco anos, viu as casas, que ficavam à frente da sua, a serem consumidas pelas águas do mar, fruto de algumas calemas que se abateram no local. Ela sublinhou que tais residências tinham sido erguidas a menos de 20 metros da água.

“Por isso, desapareceram todas e hoje temos uma praia com mais espaço para as águas, mas mesmo assim ainda sofremos”, lamentou.

Por sua vez, Augusto Sambanda, morador do Quilombo há seis anos, começou por associar as obras da nova marginal às condições climatéricas, no que às causas das marés altas diz respeito. “Sempre que há lua-cheia, o mar tem tendência de ficar mais alto, mas, desta vez, houve muita influência das obras da marginal, porque já faz tempo que as águas não chegam às nossas residências”, disse, tendo referido que a última vez que a água do mar preencheu a praia toda foi em 2007.

Sobre a evacuação dos populares, o morador diz ter ouvido falar novamente disso, aquando da intervenção da administração, mas não se aventa nada sobre o destino das pessoas.

“Era bom que o governo preparasse já uma área residencial para os moradores daqui, porque nós não queremos repetir a história dos ilhéus do Benfica ou dos vizinhos da ex-favela.

Outra preocupação expressa nas palavras que o morador concedeu a este jornal tem a ver com a disposição de estabelecimentos escolares, sanitários e administrativos.

“Não é bom que as pessoas sejam transferidas para um lugar onde os filhos vão ficar sem estudar, por falta de escolas, isso para não falar de centros médicos, referiu.

Já o Jovem Júlio Fernando António, que conta com dois anos no Quilombo, mostrou-se duvidoso no que toca a uma transferência condigna por parte do GPL, uma vez que o seu bairro não é único afectado pelas águas.

“Eu não acredito que o Governo da província consiga mandar-nos para um sítio melhor, porque existem zonas da Camuxiba, Areia branca e Morro dos veados, no município da Samba, que também foram afectadas, relatou, tendo questionando onde o governo vai arranjar tanta casa para o número de sinistrados.

A saída dos moradores do Quilombo estava para ser antes do derrube do da Favela, soube O PAÍS de Fernando António, que garante ter ouvido tal informação de alguns homens do governo que visitaram a zona.

Onze tendas para 471 famílias

O avanço do mar começou na tarde de Sexta-feira, 18, quando os moradores cujas casas se encontram à vista do mar foram surpreendidos pelas águas salgadas, apurou O PAÍS do coordenador Bartolomeu Vieira Dias, que assegurou ser este um fenómeno previsível, a julgar pelas obras que a marginal e outras zonas costeiras enfrentam, nos últimos tempos. “Já prevíamos esse tipo de situação, porque à frente do prédio das três A, os construtores entulharam grande parte do local que servia de respiradouro do mar.

Até ao dia da nossa reportagem, a situação do despejo das águas marinhas continuava e o registo das casas afectadas já andava em 471.

Nessas residências, explicou o coordenador, as águas chegaram a atingir um metro de altura, tendo estragado todos haveres dos sinistrados, inclusivamente as próprias residências.

Bartolomeu Vieira dias assegurou que houve pronta intervenção do governo, que moveu para o bairro o corpo de bombeiros, a fim de socorrer as famílias mais afectadas. Estes efectivos do Ministério do Interior destacados na praia do Quilombo recusaram falar à nossa reportagem, sob pretexto de não serem autorizados pelos seus superiores, mas deixaram escapar que”controlamos 11 tendas colocadas aqui na praia”.

Importa referir que as referidas tendas foram montadas na areia da praia, por sinal o caminho das águas, no caso de haver maré alta, para além de cada uma delas estar a suportar nove a 10 pessoas, conforme assegurou o coordenador do bairro.

Questionado sobre o número reduzido dos abrigos em relação às 471 famílias anunciadas como vítimas da calamidade, Bartolomeu Vieira Dias reconheceu a insuficiência do apoio e justificou as modalidades de socorro do seguinte modo. “Em cada cabana, priorizamos as mulheres grávidas e as crianças, sendo que os outros passam à noite aí mesmo na areia, ao lado das tendas.

Ao que tudo indica, mais de 300 pessoas dormirão ao ar livre, até que o mar se acalme ou haja alternativas melhores, isso sem contar os moradores não afectados que seguem o exemplo, para se desfazer do calor das casas de chapa.

“Eles alegam estarem solidários aos sinistrados”, informou o coordenador, que tentou mandar de volta os vizinhos para suas casas.

Abordados que foram por este jornal os ocupantes das tendas, a maior parte deles afirma que só se serve das mesmas para passar a noite e guardar algumas pertenças, porque está muito apertado, o que aumenta ainda mais o calor.

Alberto Bambi
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domingo, 27 de fevereiro de 2011

VIVA O PETRÓLEO DE SANGUE!

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ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA

Em entrevista à TSF e ao DN, Luís Amado, o ministro dos Negócios Estrangeiros do reino socialista a norte, embora cada vez mais a sul, de Marrocos, indicou que se houvesse avaliação com base nas “condições democráticas” de cada país, Portugal “não tería relações com muitos países”.

Tem toda a razão, como aliás é natural em todos aqueles (socialistas, obviamente) que são, entre outras coisas, donos da verdade. Por alguma razão é mais fácil negociar com ditaduras, como é o caso de Angola, do que com regimes democráticos.

Na verdade, com as ditaduras é mais barato corromper sempre os mesmos. Daí a vantagem de a Europa, por exemplo, querer implantar em todo o lado apenas simulacros de democracia.

Luís Amado entende que não se pode desenvolver relações diplomáticas com base nas “condições democráticas de cada país” e lembra que Portugal tomou a mesma posição que outros países no que toca à Líbia.

Ou seja, os ditadores são bestiais enquanto estiverem no poder. Quando forrem derrubados passam a bestas. Há quem chame a isto imoralidade, falta de ética e hipocrisia. Mas esses são uma espécie em vias de extinção.

Relativamente ao desenvolvimento da relação bilateral com o regime de Muammar Kadhafi, Portugal adoptou a mesma posição que “muitos países europeus que hoje têm muitos interesses na Líbia”.

Ou seja, mais do que a democracia, os direitos humanos, o importante é o petróleo, nem que em vez de ouro negro seja mais ouro vermelho... de sangue. Não está mal, não senhor!

“A Líbia é um país rico em petróleo. A Galp compra muito petróleo à Líbia, precisamente porque o petróleo líbio tem uma qualidade que o favorece muito no aproveitamento das nossas siderurgias”, acrescentou o ministro, convicto de que nas relações comerciais vale tudo, até mesmo tirar olhos aos que são explorados para as ditaduras continuarem no poder.

Quando o governo português reconheceu formalmente a independência do Kosovo, Luís Amado, disse que "é do interesse do Estado português proceder ao reconhecimento do Kosovo".

O ministro apontou quatro razões que levaram à tomada de decisão sobre o Kosovo: a primeira das quais é "a situação de facto", uma vez que, depois da independência ter sido reconhecida por um total de 47 países, 21 deles membros da União Europeia e 21 membros da NATO, "é convicção do governo português que a independência do Kosovo se tornou um facto irreversível e não se vislumbra qualquer outro tipo de solução realista".

Deve ter sido o mesmo princípio que, em 1975, levou o Governo de Lisboa a reconhecer o MPLA como legítimo e único governo de Angola, embora tenha assinado acordos com a FNLA e a UNITA. O resultado ficou à vista nos milhares e milhares de mortos da guerra civil.

Como segunda razão, Luís Amado referiu que "o problema é político e não jurídico", afirmando que "o direito não pode por si só resolver uma questão com a densidade histórica e política desta". Amado sublinhou, no entanto, que "não sendo um problema jurídico tem uma dimensão jurídica de enorme complexidade", pelo que "o governo português sempre apoiou a intenção sérvia de apresentar a questão ao Tribunal Internacional de Justiça das Nações Unidas".

Vejamos um exemplo da Lusofonia. Cabinda (se é que os governantes portugueses sabem alguma coisa sobre o assunto) também é um problema político e não jurídico, “embora tenha uma dimensão jurídica de enorme complexidade”.

"O reforço da responsabilidade da União Europeia", foi a terceira razão apontada pelo chefe da diplomacia portuguesa. Luís Amado considerou que a situação nos Balcãs "é um problema europeu e a UE tem de assumir um papel muito destacado", referindo igualmente que a assinatura de acordos de associação com a Bósnia, o Montenegro e a Sérvia "acentuou muito nos últimos meses a perspectiva europeia de toda a região".

No caso de Cabinda, a União Europeia nada tem a ver. Tem, no entanto, a CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa) onde – desculpem se me engano – Portugal desempenha um papel importante.

O ministro português frisou ainda que Portugal, ao contrário dos restantes países da UE que não reconheceram o Kosovo, não tem problemas internos que justificassem as reticências. Pois. Os que tinha (Cabinda é, pelo menos de jure, um problema português) varreu-os para debaixo do tapete.

Como última razão, indicou a "mudança de contexto geopolítico que entretanto se verificou" com o conflito entre a Rússia e a Geórgia e a declaração de independência das regiões georgianas separistas da Abkházia e da Ossétia do Sul que Moscovo reconheceu entretanto.

Isto quer dizer que, segundo Lisboa, no actual contexto geopolítico, Cabinda é Angola. Amanhã, mudando o contexto geopolítico, Portugal pensará de forma diferente. Ou seja, a coerência é feita ao sabor do acaso, dos interesses unilatreiais.

Luís Amado, tal como o Governo e restante companhia parlamentar, entende que são os políticos (seres onde a existência de coluna vertebral é opcional) os donos da verdade.

E quando assim é, a diferença entre ditadura e democracia é muito, mas muito, ténue.

*Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.
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Angola - MANIFESTAÇÃO CONTRA A DITADURA JOSEDUARDIZADA

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Federation of the Free States of Africa

A MANIFESTAÇÃO DO POVO

7 de Março de 2011 - Largo da Independência, Luanda

Vamos marchar com cartazes exigindo a saída do Ze Du, não mais ditadura do MPLA.

Liberdade e Progresso

Abaixo o regime do MPLA


Mangovo Ngoyo - Secretary General

www.africafederation.net

E-mail: africa.federation@gmail.com

Federation of the Free States of Africa: Established 8 of June 2007.

The African Federation or Commonwealth also known as the African League for Peace and Prosperity; constitutes an Economical and Defence Alliance of Sovereign African States.

Polite notice concerning correspondence:

When contacting the Federation of Free States of Africa Officials you must state your name and include in all correspondence a physical address along with a land line phone number at least, if you are unable to provide such information we are unable to continue corresponding with you or your organization.
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ZIMBABUÉ ENVIOU MERCENÁRIOS EM APOIO A KADAFI

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JORNAL DE NOTÍCIAS – 27 fevereiro 2011

O Presidente do Zimbaué, Robert Mugabe, enviou tropas mercenárias para a Líbia, em apoio ao velho aliado, noticia domingo o jornal britânico "The Sunday Times".

Terça-feira, segundo o "The Sunday Times", várias centenas de soldados do Zimbabué, bem como pilotos da Força Aérea voaram de Harare para a Líbia num voo "charter" para se juntarem às forças de Muamar Kadafi.

Segundo fontes dos serviços secretos do Zimbabué, algumas das tropas eram da Quinta Brigada, treinada na Coreia do Norte e famosa por ter aplacado a rebelião em Matabeleland na década de 1980, e que custou a vida a 20 mil civis.

Aos militares zimbabueanos juntaram-se outros mercenários da Costa do Marfim, Chade e das Maurícias.

O envio das tropas de Harare foi feito ao abrigo de um acordo secreto firmado entre Kadhafi e o chefe das Forças Armadas zimbabuenas, general Constantine Chiwemga.
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NEGRI E HARDT ESCREVEM SOBRE A REVOLTA ÁRABE

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Outras Palavras - Antônio Negri e Michael Hardt, no Guardian (24.02.2011) - Tradução: Bruno Cava

Um desafio para quem observa as revoltas disseminadas pelo norte da África e no Oriente Médio está em interpretá-las não como mais uma repetição do passado, mas como experiências originais, que abrem novas e relevantes possibilidades políticas, inclusive para além da região, de liberdade e democracia. De fato, nossa expectativa é que, através desse ciclo de lutas, o mundo árabe se torne na próxima década o que a América Latina foi na década passada — isto é, um laboratório de experimentação política entre potentes movimentos sociais e governos progressistas: da Argentina à Venezuela, e do Brasil à Bolívia.

Essas revoltas imediatamente realizaram um tipo de faxina ideológica, varrendo as concepções racistas de choque de civilizações que comprometiam a política árabe no passado. As multidões em Túnis, Cairo e Benghazi destroçaram os estereótipos políticos que amarravam os árabes na opção entre ditaduras seculares e teocracias fanáticas, ou que atribuíam aos muçulmanos uma certa incompatibilidade para a liberdade e a democracia. Mesmo chamar essas lutas “revoluções” parece confundir os comentadores, que consideram que a progressão de eventos obedece à lógica de 1789 ou 1917, ou de alguma outra rebelião européia no passado contra reis e czares.

As revoltas árabes inflamaram a partir da questão do desemprego, e o centro delas tem sido a juventude altamente educada, mas cujas ambições são frustradas — uma população que tem muito em comum com os estudantes nos protestos em Londres e Roma. Apesar de a principal demanda no mundo árabe se concentre no fim da tirania e de governos autoritários, atrás disso existe uma série de demandas sociais relativas ao trabalho e à vida, não somente para acabar com a dependência e a pobreza, mas também empoderar e dar autonomia à população inteligente e altamente capaz. Daí a deposição de Zine Ben Ali, Hosni Mubarak ou Muammar Gaddafi tenha sido apenas o primeiro passo.

A organização da revolta lembra o que tínhamos visto por mais de uma década em outras partes do mundo, de Seattle a Buenos Aires e Gênova e Cochabamba: uma rede horizontal sem líder central ou único. Órgãos tradicionais de oposição podem participar dessa rede, mas não a guiar. Observadores de fora tentaram identificar um líder nas revoltas egípcias desde sua origem: talvez seja Mohamed ElBaradei, talvez o diretor de publicidade do Google, Wael Ghonim. Eles temem que a Fraternidade Muçulmana ou outro grupo possam assumir o controle dos acontecimentos. O que eles não entendem é que a multidão consegue organizar-se sem um centro — que a imposição de um líder ou a cooptação por algum organismo tradicional solapariam sua força. O predomínio das ferramentas das redes sociais nas revoltas, como o facebook, o youtube e o twitter, são sintomas, não causas, dessa estrutura organizacional. Elas são formas de expressão de uma população inteligente, hábil para usar as ferramentas à mão e organizar-se autonomamente.

Embora os movimentos organizados em rede recusem liderança central, eles ainda assim precisam consolidar suas demandas num novo processo constituinte que conecta os segmentos mais ativos da rebelião às necessidades da população como um todo. As insurreições da juventude árabe certamente não almejam pela constituição liberal tradicional, que meramente garante a separação dos poderes e a dinâmica eleitoral regular. Porém, na verdade, visam a uma forma de democracia adequada aos novos modos de expressão e às necessidades da multidão. Isto deve incluir, primeiramente, o reconhecimento constitucional da liberdade de expressão — não na forma típica da mídia dominante, que é constantemente sujeita à corrupção de governos e elites econômicas, mas sim uma representada pelas experiências comuns de relações interconectadas.

Dado que os levantes foram iniciados não apenas pelo desemprego e pobreza disseminados, mas também como sentimento generalizado de não poder produzir e expressar-se, especialmente da parte dos jovens, uma resposta radical constitutiva precisa inventar um plano comum para administrar a produção social e os recursos naturais. Esta é a fronteira que o neoliberalismo não pode ultrapassar, onde o próprio capitalismo é posto em questão. E um regime islâmico é completamente inadequado para atender a essas necessidades. Aqui, a insurreição atinge não só a estabilidade do norte da África e do Oriente Médio, mas também o sistema global de governança econômica.

Portanto, nossa expectativa de o ciclo de lutas pelo mundo árabe tornar-se semelhante à América Latina, inspirar movimentos políticos e incitar aspirações por liberdade e democracia além da região. Cada revolta, é claro, pode falhar: tiranos podem desencadear uma repressão sangrenta; juntas militares podem tentar manter-se no poder; grupos tradicionais de oposição podem tentar aparelhar os movimentos; e hierarquias religiosas podem ardilosamente assumir o controle. Mas o que não vai morrer são as demandas políticas e os desejos que foram deflagrados, as expressões de uma geração jovem e inteligente por uma vida em que eles possam aplicar as suas habilidades.

Enquanto essas demandas e desejos pulsarem de vida, o ciclo de lutas continuará. A questão é: o que os novos experimentos de liberdade e democracia podem ensinar ao mundo, através da próxima década.

*Antônio Negri, militante e filósofo italiano, escreveu junto de Michael Hardt, professor de literatura norte-americano, Império (2001), considerado o primeiro manifesto político do novo milênio, bem como suas seqüências Multidão (2005) e Commonwealth (2009).
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DITADORES AMIGOS SÃO MESMO PARA ISSO

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ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA

Dizem os vassalos do regime de Angola que é falso que militares angolanos estejam ao lado de Muammar Kadhafi. Ao que parece, afinal não há na Líbia nenhum tipo de mercenários, sejam africanos ou não. Consta até que nem sequer há líbios...

O mesmo se diz sempre que o regime de José Eduardo dos Santos (na imagem com o seu ex-futuro-actual homólogo da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo), inocente como é hábito, manda os seus homens ajudar ditadores amigos.

Segundo o jornal “The Sunday Times”, um avião de carga Antonov An-22, com matrícula de Angola, transportou toneladas de armas de Harare para Laurent Gbagbo, o presidente derrotado pelo voto popular na Costa do Marfim.

Pelos vistos, a única coisa verdadeira nesta notícia era que a matrícula era falsa e que, claro está, foi colocada no Antonov só para chatear o dono de Angola.

De acordo com o jornal, o transporte do armamento para as forças fiéis ao amigo do presidente angolano terá sido feito durante o Natal e a passagem de ano.

Fontes em Harare disseram ao “The Sunday Times” que o presidente do Zimbabué, e também amigo do regime angolano, Robert Mugabe, autorizou a remessa de armas após um apelo de Gbagbo que oferece petróleo em troca de ajuda militar.

As fontes citam como líder da operação um empresário chinês, identificado apenas como Sam Pa, que terá garantido a Mugabe que não deixaria pontas soltas que pudessem implicar o presidente do Zimbabué.

Algo de semelhante se passa na Líbia. Se o regime se aguentar, Kadhafi vai agradecer a ajuda oficial de Angola e dar, certamente, o nome de Eduardo dos Santos a uma avenida de Tripoli. Se não se aguentar, tudo fará para que não fiquem pontas soltas que possam mostrar ao mundo que por lá andaram africanos, de armas na mão, que falam português.

Mas como não é possível esconder todas as pontas, não tardará muito a saber-se a verdade.

Recorde-se, como muito bem disse o Jornalista Carlos Narciso no seu blogue (http://www.blogda-se.blogspot.com/), em Março de 2007, “foi Angola quem pôs Joseph e Laurent Kabila no poder, no Congo Democrático (que raio de designação para um país daqueles…) e que sustentou esse regime “dinástico” durante a guerra civil”.

“Angola fez o mesmo no outro Congo plus petite, idem para o Zimbabwe. Angola não se inibe de provocar quedas de regimes que não lhe convenham. Foi o que fez com todos os que apoiavam Savimbi, só falhando o golpe de estado que preparou na Zâmbia”, escreveu Carlos Narciso, acrescentando que “nos países onde a pressão da comunidade internacional consegue a realização de um simulacro de democracia, com eleições gerais mais ou menos livres e justas, os “cavalos” angolanos vencem sempre”.

*Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.
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sábado, 26 de fevereiro de 2011

EUA dizem que Portugal compra “brinquedos caros e inúteis” por “orgulho"

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PÚBLICO – 26 fevereiro 2011

Um telegrama divulgado pela WikiLeaks e enviado para Washington pelo então embaixador dos Estados Unidos em Lisboa, Thomas Stephenson, arrasa os negócios do Ministério da Defesa português.

“No que diz respeito a contratos de compras militares, as vontades e acções do Ministério da Defesa parecem ser guiadas pela pressão dos seus pares e pelo desejo de ter brinquedos caros. O ministério compra armamento por uma questão de orgulho, não importa se é útil ou não. Os exemplos mais óbvios são os seus dois submarinos (actualmente atrasados) e 39 caças de combate (apenas 12 em condições de voar)”, lê-se num pequeno parágrafo a meio do telegrama de seis páginas citado pelo Expresso.

O semanário anunciou esta semana que se juntou aos jornais mundiais que divulgam os documentos da WikiLeaks e vai, assim, analisar os 722 telegramas da Embaixada dos Estados Unidos em Lisboa que integram o seu espólio.

O telegrama intitulado “O que há de errado no Ministério da Defesa português” foi enviado em 5 de Março de 2009 e a diplomacia norte-americana é a arrasadora para a pasta da Defesa, apesar de incorrer em alguns erros factuais. Thomas Stephenson, que foi embaixador em Lisboa entre Novembro de 2007 e Junho de 2009, escreve também que o país não tem sistemas de mísseis, o que significa que os submarinos não têm capacidade de ataque em caso de missão.

“Complexo de inferioridade”

Depois, o diplomata diz que Portugal sofre de um complexo de inferioridade e que tem a percepção de que é mais fraco do que os aliados, acabando por gastar em submarinos dinheiro que faz falta noutras áreas. E dá o exemplo de que Portugal tem poucos navios patrulha para a defesa do litoral e para lutar contra o narcotráfico e a imigração e pescas ilegais. “Com 800 quilómetros de costa e dois arquipélagos distantes para defender, os submarinos alemães comprados em 2005 não são o investimento mais sensato”, explica Stephenson que, contudo, mostra algum desconhecimento, já que os submarinos estão equipados com torpedos, minas e um sistema de mísseis Harpoon – curiosamente fabricado nos Estados Unidos.

O diplomata explica também que Portugal é pressionado a fazer compras aos parceiros europeus, em vez de optar por material dos Estados Unidos, dando o exemplo das fragatas holandesas adquiridas em 2006, em detrimento das norte-americanas, por decisão do então ministro da Defesa, Luís Amado. “O Ministério da Defesa optou por gastar mais de 300 milhões de euros em fragatas holandesas usadas. As americanas teriam exigido apenas cerca de 100 milhões de euros na sua modernização e apoio logístico”, especifica.

Nas mensagens enviadas a Washington, o embaixador passa a imagem de um país de “generais sentados”, dizendo que o Ministério da Defesa não é capaz de tomar decisões e que “os militares têm uma cultura de status quo, em que as posições-chave são ocupadas por carreiristas que evitam entrar em controvérsias”. O embaixador sublinha ainda que o dinheiro na Defesa é gasto de forma imprudente e que Portugal tem mais almirantes e generais por soldado do que quase todas as outras forças armadas.

Thomas Stephenson tece comentários específicos sobre antigo ministro da Defesa Nuno Severiano Teixeira, num outro telegrama enviado a 6 de Março de 2009: “Embora seja reconhecido como um académico brilhante, Teixeira é considerado um ministro da Defesa fraco, não muito respeitado pelas chefias militares, ridicularizado pela imprensa e com pouca influência dentro do Governo português.” O embaixador diz que quando Severiano Teixeira sucedeu a Luís Amado no cargo “não tinha experiência em liderança nem experiência militar”. Por seu lado, o secretário de Estado da Defesa, João Mira Gomes, actual embaixador português na NATO, é descrito como “quase o oposto de Teixeira”. Nenhum dos dois quis fazer comentários ao Expresso.

Já o actual ministro português da Defesa, Augusto Santos Silva, recusa comentar este comunicado, e condena a divulgação do telegrama. “Não comento conteúdos de documentos confidenciais, que foram, aliás, seleccionados”, o que impede de saber o que diz o conjunto dos documentos, afirmou à SIC Notícias. “Não comento documentos confidenciais que são do meu ponto de vista necessários para que os países assegurem a liberdade e a segurança das suas populações”, acrescentou.

Ver mais:
WikiLeaks - Telegrama dos EUA acusa Rui Machete de má gestão na FLAD
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ANGOLANOS ESTÃO A SER CONVOCADOS PARA CONTESTAR DITADOR SANTOS

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Manifestação contra o Governo angolano, dia 7 de Março, está a ser marcada por SMS e "e-mail"

VOZ DA LUSOFONIA

O MPLA, partido do poder desde 1975, tenta desvalorizar a manifestação agendada para dia 7 de Marlo, mas já terá deixado ameaças para quem quiser participar.

Os “ventos de mudança” podem estar a chegar também a Angola. Já há uma manifestação marcada para 7 de Março.

Nos últimos dias têm circulado "e-mails" e SMS que convocam a população para se reunir no largo da Independência em protesto contra o regime de José Eduardo dos Santos.

Não é conhecida a origem do "e-mail" e do SMS. Apesar do aparente anonimato da missiva, o MPLA, partido que sustenta o Governo, já tomou uma posição, segundo refere à Renascença Filomeno Vieira Lopes, secretário-geral do Bloco Democrático de Angola.

“[A informação que corre] já foi causa de reacções da parte do próprio partido no poder, que convocou os seus militantes, por um lado, a não aderirem a qualquer tipo de manifestação. Por outro lado, [o MPLA] ameaçou que quem se manifestar vai ter de enfrentar medidas muito sérias", conta Filomeno Vieira Lopes.

Este responsável refere "que o Governo está com receios" e dá um exemplo. “Há duas semanas, em Cabinda, houve uma tentativa real de manifestação por parte da juventude de com base em duas situações: saudar o referendo no Sudão e saudar as revoluções que estamos a assistir em África. A cidade acordou completamente militarizada", afirma Filomeno Vieira Lopes.

O secretário-geral do Bloco Democrático de Angola considera que há motivos para preocupação, porque a população anda descontente. Os protestos devem ser acompanhados de tampas e vuvuzelas, para que haja muito barulho.
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CHAVEZ APOIA REGIME DE KADHAFI, ACNUR TEME CRISE HUMANITÁRIA

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Hugo Chávez manifesta apoio
a Muammar Kadhafi e acusa imprensa de manipulação

FPG – LUSA

Caracas, 26 fev (Lusa) - O Presidente da Venezuela, Hugo Chávez, manifestou hoje apoio ao seu homólogo líbio, Muammar Kadhafi, ao mesmo tempo que condenou a violência naquele pais, alegadas "pretensões intervencionistas" e acusou a imprensa de manipulação.

"Sim, apoiamos o Governo da Líbia, a independência da Líbia, queremos paz para a Líbia e temos que nos opor decididamente às pretensões intervencionistas", disse.

Numa breve intervenção televisiva, o chefe de Estado venezuelano sublinhou que desde o início das manifestações naquele país não conseguiu contactar com Muammar Kadhafi e optou por manter um "prudente silêncio" devido "à desinformação sobre o que acontecia".

"Eu não posso dizer que apoio, que estou a favor ou aplaudo qualquer decisão que tome qualquer amigo meu em qualquer parte do mundo, não, (porque) estou à distância (...) Queremos paz no mundo e temos que opor-nos a pretensões intervencionistas", disse.

Por outro lado, Chávez disse lamentar "a manipulação mediática de alguns meios de comunicação no mundo" e acusou a imprensa de "condenar de imediato a Líbia".

"Ficam calados com o bombardeio e os massacres no Iraque e no Afeganistão, não têm moral então para condenar ninguém", sublinhou.

Hugo Chávez insistiu na necessidade de a Líbia encontrar a paz e vencer as tentativas de desestabilização.

"Desde aqui, com este coração por (Muammar) Kadhafi, pela Líbia, uma oração pela paz e oxalá consigam, como nós, que tivemos golpes, guerras civis e intervencionismos, conseguimos", disse.

"Ainda não se verifica uma crise humanitária
mas a situção é imprevísivel" na Líbia - ACNUR

Pedro Rosa Mendes e Tiago Petinga, da Agência Lusa

Saloun, Líbia, 26 fev (Lusa) - Responsáveis do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados na fronteira entre a Líbia e o Egito disseram hoje à Lusa que "ainda não se verifica uma crise humanitária", mas a situação é "imprevisível".

"Temos de estar preparados para tudo porque não sabemos o que está do outro lado e o líder da Líbia é imprevisível", disse um responsável regional do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), que acrescentou que neste momento "a situação é de crise, mas ainda não há uma crise humanitária".

O mesmo responsável compara a situação na fronteira entre a Líbia e o Egito com a mesma circunstância que se verificou em abril de 2003, na altura da intervenção militar norte-americana no Iraque.

Na altura, foi preciso assegurar, na Jordânia, os meios de acolhimento a refugiados, apesar de, nas primeiras semanas do conflito, não se ter verificado a esperada vaga de refugiados.

"Pode acontecer uma situação semelhante à do Iraque em 2003 em que foi preciso preparar o acolhimento que, no entanto, não se verificou no primeiro momento", disse o mesmo responsável das Nações Unidas, que acrescentou ter sido hoje contactado por António Guterres, o alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, e que pediu informações sobre a situação humanitária.

Uma outra coordenadora do ACNUR explicou à Lusa que esta fronteira está a ser utilizada, sobretudo por trabalhadores emigrantes que procuram abandonar a Líbia através do Egito.

"Nos últimos dias abandonaram a Líbia, nesta fronteira, 1.600 egípcios, 1.200 iraquianos e 1.300 imigrantes de outras nacionalidades, sendo muitos do Bangladesh e da Tailândia".

O número de civis líbios que abandonam o país é, na mesma fronteira, inferior ao número de estrangeiros que já saíram do país, naquela zona.

Sybded Baharul Islan, um cidadão do Bangladesh que cruzava hoje a fronteira, disse à Lusa que nas últimas 24 horas os 500 trabalhadores estrangeiros de uma fábrica de automóveis em Musahad, a cerca de 120 quilómetros de Saloun, "fugiram" e estão a ser acolhidos pelas Forças Armadas do Egito, que fornecem alimentos, cobertores e ajuda médica.

As pessoas que saem da Líbia são recebidas no interior do edifício da alfândega, no lado egípcio, e no exterior está a ser montado um hospital de campanha, assim como tendas para acolhimento aos refugiados.

No lado líbio não são visíveis forças policiais, mas a fronteira é controlada por soldados que aparentam ser regulares, mas sobretudo por milícias populares armadas.

No entanto, a situação é ordeira, e os agentes humanitários indicaram que não há combates nas imediações de Saloun, que fica a 120 quilómetros da cidade de Musahad, junto ao Mediterrâneo, na estrada que conduz a Tobruk.

Avião C-130 italiano impedido de aterrar em Amal

VM – LUSA

Roma, 26 fev (Lusa) - Um avião C-130 da Força Aérea italiana que pretendia retirar cerca de 20 italianos do sul da Líbia não conseguiu hoje autorização para aterrar em Amal, de acordo com fontes do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Segundo as mesmas fontes, citadas pela EFE, o avião tinha partido esta manhã do aeroporto de Pisa, centro de Itália, e pretendia repatriar um grupo de cerca de 20 italianos, trabalhadores da empresa Bonatti, que dá apoio ao setor da produção energética.

Segundo explicou na sexta-feira o ministro da Defesa italiano, Ignazio La Russa, estes italianos já estão sem comida.

Entretanto, o navio San Giorgio, da Marinha italiana, que transporta também oito cidadãos portugueses, saiu na sexta-feira do porto de Misurata e deve chegar no domingo ao porto de Catania, na Sicília.

No navio viajam 245 pessoas, das quais 121 são italianos e as restantes de várias nacionalidades.
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